O coronel PM José Augusto Píccoli de Almeida e o major PM Lúcio Bolzan disputam, na quarta-feira (08/12), as eleições para presidente da Associação dos Oficiais Militares Estaduais do Espírito Santo (Assomes/Clube dos Oficiais) em clima bastante acirrado. Apesar de todo o avanço tecnológico do mundo moderno, a votação será, obrigatoriamente, presencial, o que poderá dificultar a vinda de oficiais-associados que atuam no interior do Estado.
A eleição vai escolher a Diretoria Executiva e o Conselho Deliberativo e Fiscal para o triênio 2022/2024. A votação será das 9h às 17 horas, na sede do Clube dos Oficiais, na avenida Dante Michelini, em Camburi, Vitória.
O coronel Augusto encabeça a Chapa 1, que é composta também por membros da atual diretoria. O atual presidente, coronel Marco Aurélio Capita da Silva, é candidato a 1° vice-presidente na chapa de Augusto. E o ex-comandante-geral da PM, coronel Márcio Eugênio Sartório, disputa também pela mesma Chapa 1 o cargo de 2º vice-presidente.
Sartório e Augusto Pícolli foram dois dos 15 coronéis que assinaram documento sigiloso enviado, por meio de e-mail institucional da PM, ao secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, coronel Alexandre Ramalho, com críticas ao atual comandante-geral, coronel Douglas Caus, e ao Governo do Estado, num ato considerado de insubordinação.
No documento, que acabou vazado para toda a sociedade, os coronéis ameaçam novo motim na corporação, como o ocorrido em fevereiro de 2017, e pedem reajuste salarial, já concedido desde março de 2020, de forma escalonada até dezembro de 2022, pelo governador Renato Casagrande.
A Chapa 2-Aliança Oficial é encabeçada pelo major Lúcio Bolzan. Tem como candidato a 1º vice-presidente o tenente-coronel Roger de Oliveira Almeida; e, como 2º vice-presidente, o coronel RR Carlos Henrique França. A Chapa 2 tem protestado quanto à forma de votação e critica o que chama de “bloqueio online”. Cita ainda que a atual diretoria teria “bloqueado” a filiação à Assomes de mais de 100 novos oficiais, o que os impede de votar no pleito de quarta-feira.
O major Bolzan, em sua plataforma de propostas, afirma também que, se eleito, vai lutar pela valorização salarial dos oficiais da PM e do Corpo de Bombeiros; brigará pela correção das incoerências no Sistema de Proteção Social dos Militares; e discutirá com o Governo a melhoria das carreiras de todos os quadros de oficiais.
A Chapa 1, da situação, enaltece em seu fôlder de campanha as conquistas que a diretoria obteve junto ao governador Renato Casagrande, como a “correção dos salários dos oficiais pactuada com o Governo do Estado”; a “garantia da revisão geral pactuada com o Governo do Estado” – este item do acordo o governo está deixando de cumprir por força da Lei Complementar Federal nº 173/2020, sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro, que estabelece o Programa Federativo de Enfrentamento ao Covid/19 e proíbe reajuste salarial e outros benefícios para servidores públicos da União, Estados e Municípios –, “mudança na Lei de Promoção dos Oficiais” e a “retomada das vagas dos oficiais da Saúde”.
Os temas de parte da campanha da Chapa 1, entretanto, contradizem o documento sigiloso que os coronéis Augusto Pícolli e Sartório – e outros 13 oficiais do Alto Comando – publicaram como forma de protesto – e insubordinação – contra o atual comandante-geral, coronel Caus, e o Governo Estadual.
O major Bolzan e o tenente-coronel Roger, que encabeçam a Chapa 2, de oposição, ainda integram os quadros da atual diretoria do Clube dos Oficiais: Roger é o 1º vice-presidente e, Bolzan, diretor Administrativo. Nessas funções, foram eles que lideraram, junto ao Governo Casagrande, duas importantes conquistas para os oficiais capixabas, que agora fazem parte também do rol das propostas da dobradinha Augusto/Sartório: mudança na Lei de Promoção dos Oficiais e a retomada das vagas dos oficiais da Saúde.
Renato Casagrande, ao assumir o Governo em janeiro de 2019, começou a análise dos estudos para reformar a Lei de Promoção dos Oficiais, que havia sido alterada pelo então governador Paulo Hartung, como forma de punir os oficiais por conta do aquartelamento de fevereiro de 2017. Hartung, com base no que sugeriu o então comandante-geral da PM, coronel Nylton Rodrigues, transformou a promoção de oficiais numa jogada política, sem levar em consideração a meritocracia. Casagrande mudou novamente a lei, que acabou, dentre outras anomalias, com a chamada “cangalha”.
Também foi graças à inúmeras reuniões do tenente-coronel Roger e do major Bolzan com o Comando Geral da PM e com outros órgãos do Governo que Renato Casagrande ratificou a necessidade de abrir concurso para os quadros de oficiais-médicos da Diretoria de Saúde, depois de mais de 25 anos. Concurso foi aberto e os oficiais-médicos já estão trabalhando. E um novo concurso será aberto em 2022.
O major Bolzan também atuou, em Brasília, junto ao Governo Federal e ao Congresso Nacional na gestão do Sistema de Proteção dos Militares Estaduais, que é a Previdência Social desses profissionais. A atuação de Bolzan fez com que ele fosse convidado – e aceitou – o cargo de uma das diretorias da Federação Nacional de Entidades dos Oficiais Militares Estaduais.