Soldados, cabos, sargentos, subtenentes e demais oficiais dos Quadros de Oficiais Administrativos e Combatentes reagiram, com veemência, na noite desta sexta-feira (03/12), as ameaças que um grupo de coronéis da turma de 1994 da Polícia Militar do Espírito Santo faz de uma nova paralisação de oficiais e praças, como a ocorrida em fevereiro de 2017, caso suas reivindicações – desses coronéis – não sejam atendidas pelo governador Renato Casagrande (PSB).
A ameaça sobre o novo motim foi feito pelos seguintes coronéis: ALESSANDRO JUFFO RODRIGUES (DIRETOR DE ADMINISTRAÇÃO DE FROTA), ALESSANDRO MARIN (DIRETOR DE EDUCAÇÃO, CARLOS ALBERTO BARIANI RIBEIRO (COMANDANTE DO 5° CPOR), CARLOS NEY DE SOUZA PIMENTA (COMANDANTE DE POLCIAMENTO OSTENSIVO ESPECIALIZADO), EDMILSON BATISTA SANTOS (DIRETOR DE SAÚDE, (EVANDRO TEODORO DE OLIVEIRA DIRETOR CIODES METROPOLITANO, JOSÉ AUGUSTO PICCOLI DE ALMEIDA (CONTROLADOR DA PMES), LAURISMAR TOMAZELLI (COMANDANTE DO 6° CPOR), MOACIR LEONARDO VIEIRA BARRETO MENDONÇA (CORREGEDOR DA PMES), MARCELO PINTO ABREU (COMANDANTE DO 1° CPOR), MÁRCIO EUGÊNIO SARTÓRIO (DIRETOR DE FINANÇAS), ODILON JOSÉ PIMENTEL (COMANDANTE DE POLICIAMETO OSTENSIVO NOROESTE), OSCAR PATERLINE MENDES (COMANDANTE DE POLICIAMENTO OSTENSIVO NORTE), PAULO CESAR GARCIA DUARTE (DIRETOR DE LOGÍSITCA), ROBSON ANTONIO PRATTI (DIRETOR DE DIREITOS HUMANOS E POLÍCA COMUNITÁRIA).
Dos 15 coronéis que hoje se revoltam contra o Comando Geral e falam em novo motim, dois foram comandantes-gerais da PM neste atual governo de Renato Casagrande e foram exonerados justamente porque não tiveram a competência de liderar a Corporação em momentos difíceis: Márcio Sartório e Moacir Barreto. O Alto Comando da PM conta em seus quadros com 20 coronéis.
Esses 15 coronéis quebraram a hierarquia, passando por cima do comandante-geral da PM, coronel Douglas Caus, e encaminharam um documento oficial interno sigiloso ao secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, coronel PM Alexandre Ramalho, fazendo reivindicações corporativas somente para eles. Em tese, esses coronéis praticaram infrações administrativas e podem ser punidos, inclusive, submetidos a Conselhos de Justificação. O documento oficial restrito, com timbre da Polícia Militar, foi enviado através de e-mail funcional do coronel José Augusto Pícoli ao secretário Ramalho.
Nas redes sociais, no entanto, a revolta com a manifestação dos 15 coronéis é geral.
“Dizem que Casagrande ofereceu 20% de reajuste e os oficiais superiores saíram no tapa. Dizem nos bastidores que quase rolou tapa numa reunião a respeito de aumento. Os coronéis não aceitaram por conta do abate teto. Disseram que seria injusto e que major ia ganhar a mesma coisa que coronel. Teve dedo na cara e o caramba”.
“Crime de motim nítido. Se eu fosse o governador exonerava todos. Pra garantir que isso não aconteça mais. Fora que quebraram a hierarquia.”
“Mais uma coisa: oficiais que ainda não foram processados na questão da greve, podem passar a ser”.
“Tô fora de motim kkkkkkk”.
“Quem vai puxar a fila? Ou seja, quem vai tomar na cabeça?”
“Os coronéis estão achando que tem algum poder político na tropa”
“Megalomaníacos”
“Não tem voto nem para presidente de bairro”
“São um bando de aproveitadores”
“Todos com quem estou conversando, inclusive advogados da esfera da Justiça Militar, concordam que não existe dúvida sobre a tipicidade do fato. Deixam claro que haverá um grave abalo na hierarquia. Pensa por exemplo se Bolsonaro der um golpe. Vai levar os coronéis com ele. A tropa vai ficar em dúvida se segue os oficiais ou o governador. Essa dúvida não poderia existir. Casagrande deveria impor que ele é autoridade. Se ele não fizer isso, o negócio pode ficar doido. Se os coronéis não respeitam a hierarquia e nada acontece, isso passa uma mensagem. Ou de que a hierarquia não vale porra nenhuma ou de que oficiais podem descumprir a lei se quiserem. Insurgindo-se contra autoridade civil eleita pelo povo”.
No ofício datado de 30 de novembro, que os coronéis começaram a compartilhar em seus grupos de Whatsapp na tarde desta sexta-feira (03/12), na qual o Blog do Elimar Côrtes teve acesso, inclusive a comentários feitos entres eles, os oficiais reclamam que não estariam sendo ouvidos pelo Comando Geral da PM nas questões administrativas. Dizem que “torna-se sabedor que os coronéis da ativa são os responsáveis diretos pelo assessoramento ao Comandante Geral em assuntos estratégicos e de alta relevância para a Instituição. Essa premissa fortalece o compromisso com as políticas de Estado e os programas desencadeados pelo Governo que impactam diretamente nos indicadores e resultados da pasta de segurança pública. Muito embora essa competência funcional que a carreira nos impõe ao processo decisório da Corporação, atualmente, essa atribuição tem sido menosprezada e, enquanto colegiado, estamos afastados desse processo”.
Eles reclamam da “defasagem salarial”. Os operadores da segurança pública capixaba – incluindo os coronéis – foram os únicos profissionais do Executivo Estadual que tiveram reajuste salarial escalonado desde março de 2020, até final de 2022.
Os coronéis citados acima ainda dizem: “De forma inversa, importantes assuntos têm chegado ao conhecimento dos coronéis, por via externa corporis (redes sociais) e por subordinados dos níveis tático e operacional como exemplo a construção de legislação sobre permanência dos ocupantes dos cargos de Comandante, Subcmt e Chefe do EMG, após o término do tempo de serviço, do qual discordamos veementemente”. Ou seja, para eles, encerrado o ciclo, os policiais têm que sair da PM para que outros possam assumir os postos de comando, principalmente, independente da meritocracia. Sair com apenas 35 anos de atividades profissional, no auge da carreira, com menos de 50 anos de idade, que é a maioria dos casos.
Esses 15 coronéis, que são donos de postos de comando, reclamam ainda que “por inúmeras vezes, solicitamos ao Comandante Geral a abertura do diálogo e a prática da liderança junto a seus Coronéis para compartilhar os assuntos estratégicos e de interesse da Corporação. Porém, não houve êxito até o momento, com a omissão dessa assessoria ou procrastinação de soluções institucionais sugeridas”.
E, em tom de ameaça, afirmam: “Sobressalta uma inquietação em vários níveis, que tem sido vivenciada no dia a dia desse colegiado da Corporação. A preocupação maior é certamente a formação de um cenário, já presenciado em tempo pretérito (motim de 22 dias em fevereiro de 2017), onde a ausência de diálogo conduziu para consequências inesquecíveis e danosas para toda Corporação”. O que mais o governador Renato Casagrande tem feito com todas as categorias de servidores públicos, e em especial com as da segurança públicas, é o diálogo permanente por meio de seus secretários e pessoalmente.
Os 15 coronéis ameaçam mais: “O clima de pseudo normalidade, com a esperada atuação operacional e de desempenho da PMES, não se sustenta no tempo, sem a participação de todos os níveis envolvidos. Já se identificam queixas de excesso de trabalho e que conduzem nosso policial ao estresse e ao cansaço físico, trazendo prejuízos ao desempenho da atividade policial militar e problemas de ordem familiar”.
As entidades de classe dos praças e oficiais preferiram não se manifestar. Pelo menos por enquanto. No entanto, sob anonimato, alguns dirigentes entendem que a manifestação desses 15 coronéis não representa a realidade da tropa e que eles, na verdade, brigam apenas por poder e por isonomia com o abate teto com ministros do Supremo Tribunal Federal. Ou seja, querem ganhar mais do que o Governador do Estado.
Coronel Douglas Caus, um comandante reconhecido por sua competência e liderança
Oficiais e praças têm relatado no decorrer do dia que o atual comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus, de fato vem atraindo a ira de uma certa turma de coronéis. Atraindo a ira justamente por conta de sua competência e sabedoria à frente do comando da Corporação desta que é uma das mais instituições capixabas.
Nas reuniões do Alto Comando, os mesmos 15 coronéis que agora protestam, têm reconhecido que o coronel Caus é um dos melhores comandantes que passou pela PM. É extremamente prático objetivo nas ações. Percorre todas as unidades da PM e tem feito, com apoio do Governo Casagrande, diversas reformas na unidades e compras de veículos.
As reuniões do Alto Comando são objetivas e feitas com os oficiais que vão fazer a assessoria de determinados assuntos. Não gasta tempo com conversas paralelas, discurso políticos. Trata de assuntos de serviço. Os tempos de reuniões desnecessárias, frisam alguns outros coronéis, os oficiais têm que gastar para atuar no comando de suas unidades, ir para as ruas, como faz diariamente o comandante Caus.
“Em 186 anos de nossa Polícia Militar, o coronel Caus é o primeiro comanda-geral que, efetivamente, vai para as ruas participar de operações policiais. Por conta dessa sua capacidade administrativa e operacional, o coronel Caus permanece no Comando-Geral mesmo depois de ter sua passagem para a Reserva Remunera considera legal. Ou seja, ele está no cargo por decisão do Governador do Estado”, frisou um coronel da turma de 1994, que não assinou o manifestou contra o Comando-Geral.