O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), que preside o Consórcio Brasil Verde, formado por demais governadores brasileiros, se reuniu com o príncipe Charles, herdeiro do trono do Reino Unido, na tarde de quinta-feira (04/11). Casagrande e outros governadores brasileiros estão em Glasgow, na Escócia, onde participam da 26ª Conferência das Nações Unidas para a Mudança do Clima (COP26). Casagrande aproveitou o encontro com Charles para reafirmar o compromisso do Espírito Santo com metas sustentáveis. Ele também lembrou da visita que Charles fez ao Estado há 30 anos.
“Em 1991, o Príncipe Charles visitou o Espírito Santo e, na ocasião, fez o plantio de um muda de pau-brasil, no município de Aracruz. Hoje, em nosso encontro, em Glasgow, fiz questão de mostrá-lo a foto atual da Árvore”, lembrou o governador capixaba.
Além de Renato Casagrande, compareceram à reunião com o Príncipe Charles os governadores Eduardo Leite e Mauro Mendes, respectivamente, do Rio Grande do Sul e Mato Grosso. A reunião com o herdeiro do trono britânico foi a última agenda de Casagrande na COP26.
Casagrande destacou que, durante a reunião, foi apresentado a Charles o Consórcio Brasil Verde. O consórcio é uma iniciativa interestadual e foi criado para lidar com as questões do meio ambiente, buscando combater os problemas decorrentes da mudança climática.
De acordo com Casagrande, durante a reunião com o príncipe Charles foi falado sobre a importância do apoio público e privado para a atuação dos governos subnacionais nas políticas de redução de emissão de carbono.
“Abordamos, no encontro com o príncipe Charles, a importância dos planos estaduais para a redução das emissões de carbono. Reafirmamos o compromisso do Estado do Espírito Santo com metas sustentáveis”, frisou o governador.
A reunião com o príncipe de Gales ocorreu no Museu e Galeria de Arte Kelvingrove, em Glasgow, e foi viabilizada pela Iniciativa de Mercados Sustentáveis (SMI), criada para acelerar o progresso global em direção a um futuro sustentável. Os governadores e prefeitos que participaram já declararam, em algum momento, estarem comprometidos com a campanha Race to Zero, que estimula a redução das emissões de carbono.
Os principais tópicos da reunião foram os desafios e as oportunidades relacionados às mudanças climáticas no Brasil, como projetos de infraestrutura.
“Mais uma oportunidade de estarmos juntos para alinhar estratégias e puxar em direção das nossas metas de descarbonização da economia. Apresentamos toda uma visão de Brasil, especialmente focada na Amazônia, no reflorestamento e na proteção das florestas. Coube a mim, como governador do Rio Grande do Sul, falar da nossa diversidade, do nosso pampa, e das estratégias que estão alinhadas desde que assumimos o compromisso Race to Zero, direcionado a zerar emissões de carbono até 2050”, detalhou Leite.
Governadores lançam Consórcio Brasil Verde durante COP-26, na Escócia
Antes da reunião com o príncipe Charles, os governadores presentes na 26° Conferência das Nações Unidas para a Mudança Climática (COP-26) fizeram o lançamento oficial do Consórcio Brasil Verde, iniciativa do movimento Governadores pelo Clima. O evento realizado na manhã de quinta-feira (04/11) foi organizado pelo Centro Brasil no Clima (CBC) em conjunto com a coalização dos chefes dos Executivos estaduais.
Ao todo, 22 entes federados formam o Consórcio Brasil Verde: Alagoas, Amapá, Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
“Devido ao afastamento do Governo Federal desse tema ambiental, as instituições buscam outra alternativa e ficaram felizes com a nossa proposta. Apresentamos uma nova fotografia do Brasil. Não queremos substituir o Governo Federal, mas pela nossa capacidade de investimento, articulação e apoio, podemos ter um protagonismo no alcance das metas estabelecidas. O Consórcio Brasil Verde está fazendo contatos, construindo caminhos, abrindo possibilidades e criando relações para oferecer aos Estados essa possibilidade de receber investimentos”, ressaltou Casagrande.
Durante o evento, o governador capixaba também abordou a importância da criação de planos estaduais para a redução das emissões de carbono, reforçando o protagonismo dos Estados para auxiliar o País a atingir as suas metas. “Temos que elaborar um plano, não dos governos, mas sim da sociedade, para chegar ao ano de 2050 com os caminhos já traçados”, destacou.
Para Casagrande, outro passo fundamental é a implementação de um programa de resposta às mudanças climáticas, com a incorporação de obras de adaptação e a adoção de um sistema de monitoramento de desastres naturais, devido à maior frequência de eventos climáticos extremos. O capixaba acenou também para a necessidade de os Estados terem diretrizes claras quanto ao tema da neutralidade das emissões.
Acompanhado dos demais governadores presentes à COP-26, Casagrande se reuniu com o emissário americano Jonathan Pershing, que representa o enviado especial dos Estados Unidos para questões climáticas, John Kerry. Na pauta do encontro, o financiamento de projetos por parte de países e entidades aos projetos ambientais propostos pelo Consórcio Brasil Verde. Foi a sequência da agenda com Kerry, que se reuniu, de forma virtual, com a coalizão de governadores no final do mês de julho.
“Sugerimos a criação de um grupo de trabalho, que terá como articulador o R20, grupo criado pelo ator e ex-governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. Falamos sobre a importância de países ricos e entidades investirem no Brasil para atingirmos as metas. Contudo, nosso grande problema no Brasil é aprovar financiamentos externos que, em alguns casos, chegam a durar até quatro anos para serem aprovados. Por meio de doações, os recursos podem ser repassados de forma direta, superando assim a burocracia”, ponderou o governador capixaba.
Casagrande reforçou que o Governo do Estado vem realizando investimentos estruturantes em todo o Espírito Santo.
“Temos um nível bom de investimento em adaptações, assim como em programas de recuperação florestal, como o Reflorestar. Ainda utilizamos parte dos recursos dos royalties de petróleo para financiar o pagamento por serviços ambientais. Estamos desenvolvendo ainda o Programa de Gestão Integrada das Águas e da Paisagem, com recursos provenientes de financiamento junto ao Banco Mundial”, acrescentou.
(Fotos: Giovani Pagotto/Governo do ES)