O deputado estadual Lorenzo Pazolini (Republicanos) lançou oficialmente sua candidatura a prefeito de Vitória no último sábado (26/09). Em evento realizado no auditório de uma faculdade da capital capixaba, no dia 15 deste mês, ele recebeu amigos e colegas políticos – estes, em sua maioria, velhos políticos conservadores. Alguns deles chegaram a fazer discurso de apoio e elogio a Pazolini, que é delegado de Polícia Civil licenciado.
Uma ausência, no entanto, chamou a atenção: o ex-senador Magno Malta (PL). Logo ele, que sempre andou junto com Pazolini. A ausência do ex-senador na convenção do até então super amigo chamou a atenção da classe política, que passou a questionar nos bastidores se o candidato Pazolini estaria tentando esconder seus aliados.
Magno Malta e Lorenzo Pazolini são amigos e aliados de longa data. Foi o então senador da República, na condição de presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Maus-Tratos à Criança e ao Adolescente quem levou o delegado para a CPI.
Pazolini era, na ocasião, chefe da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), onde fez um trabalho profícuo, ajudando a desvendar crimes, sobretudo, de natureza sexual, contra pessoas indefesas: justamente as crianças e adolescentes.
Colocou na cadeia milhares de criminosos. Esse trabalho chamou a atenção do senador Magno Malta, que passou, então, a contar com os trabalhos técnicos-jurídicos do delegado Pazolini.
Em agosto de 2017, o delegado Lorenzo Pazolini foi a primeira autoridade ouvida em audiência pela recém instalada CPI dos Maus Tratos de Crianças e Adolescentes. A CPI teve a finalidade de investigar casos de negligência, violência e abuso contra crianças e adolescentes. O delegado Pazolini foi convidado por Magno Malta por conta do trabalho que vinha desenvolvendo à frente da DPCA.
Mesmo na condição de delegado, o agora deputado Pazolini sempre teve na veia o gosto pela política e oratória. Participou da diretoria do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Espírito Santo, onde comprou lutas em favor da categoria.
Ao “ingressar” na CPI dos Maus Tratos, Pazolini acabou tomando mais gosto ainda pela política. Com um padrinho do nível de Magno Malta ficou muito mais fácil se abrigar numa legenda partidária.
Magno Malta sempre foi um político influente e que carregou muitos aliados nas costas. Foi um dos mais destacados correligionários do então candidato a Presidente da República, Jair Bolsonaro, que acabou eleito em 2018. O ex-senador também trabalhou para ajudar a eleger os petistas Luís Inácio Lula da Silva e Dilma Roussef, de quem, depois, virou inimigo.
Magno Malta andou por todo o Brasil em busca de votos para Bolsonaro e esqueceu de seus eleitores capixabas, acreditando que sua vitória também seria fácil.
Resultado: se ajudou a eleger um Presidente da República, perdeu a própria reeleição. Em 2018, os capixabas elegeram Marcos Do Val e Fabiano Contarato como senadores, que se juntaram a Rose de Freitas.
Magno Malta sempre foi leal aos seus aliados. O ex-senador nunca escondeu seus aliados, embora nem sempre houvesse reciprocidade quanto a este quesito.
O ex-senador abriu as portas da CPI dos Maus-Tratos à Criança e Adolescente para o delegado Lorenzo Pazolini, que participou de sessões da Comissão em Vitória, Brasília e em outras unidades da federação. Deu, sobretudo, visibilidade ao trabalho profícuo que o delegado realizava na DPCA. Deu visibilidade ao trabalho da própria instituição Polícia Civil.
A ligação, portanto, entre Magno Malta e Pazolini continuou mesmo após a derrota do senador nas eleições de outubro de 2018 e a vitória do delegado. Ao chegar à Assembleia Legislativa, Pazolini foi grato com o padrinho político, ao nomear Magna Karla Santos Malta, filha de Magno Malta, para trabalhar em seu gabinete, com salário de R$ 4.900,00.
Tão logo foi eleito deputado estadual, Pazolini vestiu, em partes, a camisa da nova política. Abriu processo seletivo para contratar assessores para seu gabinete. A única exceção foi justamente Karla Malta, que entrou no cargo por indicação do próprio parlamentar. Este fato foi amplamente divulgado em reportagem no jornal A Gazeta, ganhando, inclusive, o título “Filha de Magno assessora Pazolini”, na coluna de Vitor Vogas, em 15 de junho de 2019.
Ela ficou 10 meses trabalhando no gabinete de Pazolini e depois pediu exoneração. Karla entrou na Ales em janeiro de 2019 e saiu do cargo em 14 de outubro do mesmo ano.
Pazolini manteve sua gratidão para com o ex-senador. Nomeou para a Comissão de Proteção de Crianças e Adolescentes e de Políticas sobre Drogas da Assembleia Legislativa, que ele ainda preside, uma moça identificada como Adriana Célia Sartório Bazon.
Ela foi assessora de Magno Malta no Senado Federal de 2010 a janeiro de 2019. Adriana Célia permanece trabalhando na Assembleia Legislativa, percebendo salário de R$ 4.400,00.