No dia 8 de fevereiro de 2021, o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini (Republicanos), foi ao Palácio Anchieta, na Cidade Alta, em que firmou um compromisso com o governador Renato Casagrande (PSB) e com a sociedade capixaba: ratificar o Termo de Cessão da área para a construção do Centro Integrado de Perícia Técnico-Cientifica da Polícia Civil, num espaço de 8.500 metros quadrados, na avenida Fernando Ferrari, em Goiabeiras. O termo já havia sido assinado pelo antecessor de Pazolini, Luciano Rezende (Cidadania).
Na ocasião, Pazolini, que é delegado de Polícia Civil licenciado, elogiou o trabalho que vem sendo desenvolvido pela perícia capixaba e ressaltou que o Centro Integrado de Perícia Técnico-Cientifica vai servir também para humanizar o atendimento às vítimas de violência. Pazolini deu a seguinte declaração:
“Nossa perícia tem um corpo técnico bastante qualificado. Os peritos conseguem provas robustas que levam à condenação de criminosos. A excelência dos nossos peritos aliada à uma área adequada para se trabalhar vai conferir resultados positivos para a sociedade. É importante também a humanização do atendimento, sobretudo, às crianças e mulheres vítimas de violência sexual e física. Com um ambiente humanizado, teremos condições de mitigar os danos causados as essas pessoas vítimas da violência. Com provas robustas, o sistema vai levar a condenação de quem comete crime e, assim, reduzir a criminalidade”.
Sete meses depois, no entanto, o prefeito d Vitória, Lorenzo Pazolini, mudou de ideia: ele desistiu de doar o terreno à Polícia Civil, com o argumento de que no local funciona a “base operacional da equipe da Ronda Ostensiva Municipal (Romu), por apresentar amplo espaço e localização estratégica para a atuação dos agentes”, conforme nota enviada na quarta-feira (01/09) pela Assessoria de Imprensa do prefeito, ao Blog do Elimar Côrtes. A Romu é um dos braços da Guarda Municipal de Vitória.
Há alguns dias a desistência do prefeito-delegado Pazolini em atender a própria instituição policial que o acolheu em 2006, depois de ser aprovado em concurso público para Delegado de Polícia Civil, já vinha sendo alvo de comentários nos bastidores da corporação.
A nova sede da Polícia Técnico-Científica da Polícia Civil do Espírito Santo começou a ser idealizada no primeiro mandato do governador Renato Casagrande, entre 2011 e 2014. Com Casagrande, o Estado chegou a obter recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a construção do ‘Centro Integrado’. No entanto, o governo posterior (governador Paulo Hartung e secretários da Segurança André Garcia e Nylton Rodrigues, entre 2015 e 2018) suspendeu os projetos de melhoria da infraestrutura do Estado e deixou de construir a unidade.
Os recursos do BID chegaram por meio de convênio com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos. Por isso, é esta Pasta a responsável pelas tratativas com a Prefeitura de Vitória para a doação do terreno. Nos últimos dias, a secretaria vinha buscando junto ao secretário Municipal de Segurança Urbana, Ícaro Ruginski Borges Nascimento da Silva, que também é delegado de Polícia licenciado, as chaves para do imóvel para que o Governo do estado iniciasse a ocupação e dar o início das obras.
A Secretaria de Estado de Direitos Humanos enviou ofícios à Secretaria Municipal de Segurança Urbana explicando que, por exigência contratual junto ao BID, o Governo teria que iniciar imediatamente as obras. Tudo em vão: os delegados se calaram e nem Pazolini e nem Ícaro deram resposta ao Governo, pondo fim, desta forma, a um sonho antigo dos policiais civis, dos peritos criminais, do Sistema de Justiça capixaba e de toda a sociedade do Espírito Santo.
Abaixo, a íntegra da nota enviada pelo Secretaria Municipal de Segurança Urbana:
“A Secretaria Municipal de Segurança Urbana (Semsu) informa que o imóvel em questão está sendo utilizado como base operacional da equipe da Ronda Ostensiva Municipal (Romu), por apresentar amplo espaço e localização estratégica para a atuação dos agentes”.