O governador João Doria (PSDB) acaba de anunciar a exoneração do chefe do Comando de Policiamento do Interior-7 (CPI-7) da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Aleksander Lacerda. O anúncio foi feito em entrevista concedida por Doria à Rádio CBN, na manhã desta segunda-feira (23/08). O coronel foi demitido do cargo e também passará a responder a um Inquérito Policial Militar por ter convocado seus “amigos” para a manifestação do dia 7 de Setembro, em Brasília, classificada pela Procuradoria-Geral da República como “tentativa de levante”, na qual bolsonaristas pretenderiam atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional em nome da adoção do voto impresso. O oficial criticou políticos e o próprio governador paulista por meio de suas redes sociais.
De acordo com o Estadão, o até então chefe do Comando de Policiamento do Interior tinha sob suas ordens sete Batalhões da PM paulista, cuja tropa de cerca de 5 mil homens é desdobrada em 78 municípios da região de Sorocaba, sede do CPI-7. O oficial afirma ainda que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), é “covarde”, que o governador de São Paulo, João Doria, é uma “cepa indiana” e o deputado Rodrigo Maia, recém nomeado secretário de Projetos e Ações Estratégicas de São Paulo, é qualificado como beneficiário de um esquema “mafioso”.
As manifestações do coronel Aleksander Lacerda configuram transgressão disciplinar. Elas acontecem em meio à crescente tensão no País com a convocação dos atos do 7 de Setembro. Além dele, militares bolsonaristas da reserva em Estados como Ceará e São Paulo, têm convocados veteranos da PM para os atos.
O coronel Lacerda fez suas manifestações em sua conta no Facebook. Em 16 de agosto, ele postou: “Liberdade não se ganha, se toma. Dia 7/9 eu vou”. No dia 20, o coronel publicou mensagem na qual é dito que “nenhum liberal de talco no bumbum” consegue “derrubar a hegemonia esquerdista no Brasil”. “Precisamos de um tanque, não de um carrinho de sorvete”. Sobre o dia 7 de Setembro, compartilhou a mensagem: “caldo vai esquentar”.
Sobre o senador Pacheco, escreveu, ao compartilhar a notícia de que ele se recusara a levar adiante o pedido de Bolsonaro de impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes: “Covarde! Honre seu Estado, que nos deu Tiradentes, JK, Tancredo e tantos outros”.
João Doria foi retratado como travesti em montagem ao lado dos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Omar Aziz (PSD-PA), Humberto Costa (PT-PE) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chamados de “cepas indianas prontas para acabar com o Brasil”. No dia 18, o coronel compartilhou post do ex-senador Magno Malta no qual pergunta se os ministros Moraes e Luís Roberto Barroso vão punir “Doria e Zé Dirceu”, igualando a situação do governador com a do líder petista.
O coronel agia principalmente por meio do compartilhamento de publicações de blogueiros e de parlamentares bolsonaristas. Ao todo, o Estadão contou 397 publicações de caráter político e partidário entre os dia 1.º e 22 de agosto. Foram 152 delas com campanhas bolsonaristas, como a do voto impresso, por meio de posts de deputados como Carlos Jordy (PSL-RJ) e Filipe Barros (PSL-PR), o relator da PEC do Voto Impresso, derrotada na Câmara.
De acordo com o governador, o secretário de Estado da Segurança Pública de São Paulo, general da reserva João Camilo Pires de Campos, e o comandante-geral da PM, coronel Fernando Alencar Medeiros, já comunicaram ao coronel Lacerda sobre a perda do cargo e a instauração do IPM:
“Não vamos aceitar, aqui em São Paulo, nenhum tipo de insubordinação e indisciplina”, garantiu João Doria.
(Com informações também do Estadão)