O soldado da Polícia Militar Nero Walker da Silva Soares foi surpreendido na noite de terça-feira (13/04) quando um vídeo atribuído a ele começou a circular em grupos de autoridades e importantes nomes da política capixaba. Nero teve que recorrer às redes sociais para desmentir que não se trata dele a iniciativa de produzir um vídeo com chamada ofensiva ao Governo do Estado, dentro do episódio do pen drive, que acusa, sem provas, membros do Executivo Estadual de supostas irregularidades na licitação aberta para a contratação da empresa que vai gerenciar o Cerco Inteligente de Segurança no Espírito Santo.
Embora a ausência de provas cause a suspeita de que a narrativa é falsa, o “caso do pen drive” agradou opositores do governador Renato Casagrande, que, no momento mais sensível da pandemia do novo coronavírus, se pegaram a uma oportunidade de tentar causar desconforto ao governo. Pessoas adulteraram e falsificaram documentos públicos e os inseriram no pen drive.
Com o título “Caso Detran – Fato ou Fake? Pen drive e suas revelações”, um suposto canal de TV na internet, chamado Neroplay, postou um vídeo nas redes sociais convidando as pessoas para um debate, com “a participação de jornalistas, deputados e juristas” para discutir o assunto.
Embora a chamada espalhafatosa, até então não existe nenhuma prova ou investigação que dê credibilidade, como o próprio título da chamada já sugere, que se trata de uma fake news.
Acredita-se que o vídeo, que não cita dia e nem horário do suposto programa, tenha sido produzido pelo denominado Gabinete do Ódio, com o envolvimento de supostos interessados em concorrer às eleições para a direção da Associação de Cabos e Soldados da PM e do Corpo de Bombeiros do Estado do Espírito Santo (ACS/ES), previstas para setembro de 2021.
Embora distantes estejam as eleições, a campanha já começou extraoficialmente. E o soldado Nero, que é uma importante liderança entre os militares estaduais, apoia um dos possíveis candidatos da oposição. Segundo Nero, esse possível “candidato da oposição chegou a ser bloqueado das redes sociais da ACS ao fazer cobranças de explicações financeiras à entidade nos comentários de suas publicações”. Aliás, o próprio Nero não descarta a possibilidade de ele mesmo ser candidato.
Durante o período do aquartelamento dos militares estaduais em fevereiro de 2017, o soldado Nero chegou a ser preso pela acusação de fazer críticas ao então governador Paulo Hartung e ao ex-comandante-geral da PM, coronel Nylton Rodrigues.
O soldado assumiu a autoria das publicações que lhes foram atribuídas, o que dá ainda mais credibilidade à sua palavra quando nega ataques ao atual governo. Nero respondeu a Processo Administrativo Disciplinar e chegou a ser excluído da corporação, mas acabou sendo anistiado pelo governador Renato Casagrande, junto com mais de 2.300 outros policiais, inclusive o agora deputado estadual Capitão Assumção.
Nero, que já foi candidato a deputado estadual, tem sido visto com olhos atentos por partidos políticos que vêem nele potencial para construir ou destruir grandes campanhas eleitorais em 2022, isso se ele mesmo não se revelar candidato no futuro.
Numa rede social, o soldado Nero fez a seguinte manifestação sobre outros assuntos que envolvem a lita classista e o vídeo da TV que leva seu nome. Fica claro que o soldado Neto nada tem a ver com o vídeo:
“Irmão sócio, o seu dinheiro tá sendo usado pra prejudicar praça com questão judicial, pela segunda vez em 48 horas. É bom lembrar que eu não tenho absolutamente nenhuma sujeira na minha ficha que me acuse de ser desonesto, injusto, ladrão…Todos processos que respondo são acusações apenas por criticar o governo mediante o desespero de ver irmãos de farda se suicidando em sequência naquele período. É bom lembrar e não esquecer. Esse vídeo, ao ser divulgado entre autoridades sendo atribuído a mim, tem o claro interesse de me vincular aos crimes dos artigos 155 (incitar à desobediência, à indisciplina ou à prática de crime militar: Pena – reclusão, de dois a quatro anos) e 166 do Código Penal Militar (Publicar o militar ou assemelhado, sem licença, ato ou documento oficial, ou criticar publicamente ato de seu superior ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qualquer resolução do Governo: Pena – detenção, de dois meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave)”.