Em nota conjunta, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (Fenadepol) afirmam acreditar que o novo diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Gustavo Maiurino, terá, por conta de sua capacidade profissional, êxito na condução dos desafios em sua nova função.
As duas entidades, no entanto, defendem que a gestão do novo diretor-geral deixe um legado de valorização da instituição e de seus profissionais e afirmam que a categoria, atualmente, se sente “abandonada” pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, “diante de reformas constitucionais que injustamente lhes retiram direitos e ameaçam a continuidade da Polícia Federal como órgão forte e capaz de executar suas funções constitucionais”.
Maiurino foi escolhido novo chefe da PF pelo também recém nomeado ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, que tomou posse no dia 30 de março de 2020.
Torres assumiu no lugar do André Mendonça, que voltou ao comando na Advocacia Geral da União. No dia da posse, Torres, que também é delegado de Polícia Federal, anunciou o nome de Paulo Gustavo Maiurino para o comando da PF, no lugar de Rolando Alexandre de Souza, que estava no cargo desde maio de 2020. Maiurino vai ser o terceiro diretor-geral da Polícia Federal desde o início do governo Jair Bolsonaro, em janeiro de 2019.
Para os presidentes da ADPF e da Fenadepol, respectivamente, Edvandir Félix de Paiva e Tania Prado, o delegado Maiurino é um “quadro experiente da PF”, que iniciou sua trajetória no órgão em 1998 e “acumulou experiências que o credenciam para o exercício do cargo de Diretor-Geral da instituição”.
De acordo com as duas entidades, que representam efetivamente os delegados de Polícia Federal, “a trajetória interna (de Paulo Gustavo Maiurino ) na condução de investigações importantes e a frente de postos como a chefia da Interpol, bem como em funções no Supremo Tribunal Federal (STF), nas pastas de Segurança Pública no Distrito Federal, São Paulo e no Rio de Janeiro e como Corregedor-Geral do Departamento Penitenciário Nacional, permitem crer que terá as habilidades necessárias para defender os interesses da Polícia Federal junto ao Governo Federal, Congresso Nacional, Tribunais Superiores e demais instituições”.
Prossegue a nota: “A ADPF e a Fenadepol se colocam à disposição do Diretor-Geral para ajudar no objetivo de proteger e fortalecer a Polícia Federal, objetivo tão caro aos Delegados de Polícia Federal, e desejam que sua gestão deixe também como legado uma efetiva atuação que consolide a valorização da instituição e de seus profissionais, que fazem da PF um órgão de excelência reconhecido por todos”.
Paradoxalmente, afirmam as duas entidades, “tais servidores se sentem hoje abandonados pelo Governo Federal, em momento de emergência de saúde pública nacional, diante de reformas constitucionais que injustamente lhes retiram direitos e ameaçam a continuidade da Polícia Federal como órgão forte e capaz de executar suas funções constitucionais”.
Por fim, as entidades afirmam na nota reconhecer “o esforço e dedicação acima da média do Delegado Rolando Alexandre de Souza no comando da Polícia Federal, o parabenizam pelos êxitos alcançados e desejam sucesso nas novas missões”.
A nota conjunta da ADPF e da Fenadepol chega num momento importante para dar apoio ao novo diretor-geral da Polícia Federal. É que, de acordo com a coluna Painel do jornal Folha de São Paulo, em sua edição desta quarta-feira (07/04), Paulo Maiurino “é visto com desconfiança pela corporação”. A coluna, sem citar nomes, informa que “quadros da Polícia Federal se disseram decepcionados com o ministro da Justiça pelo anúncio do novo diretor-geral. O escolhido para o cargo, Paulo Maiurino, está fora da PF desde 2009, ocupando funções políticas”.
Prossegue o jornal: “A decisão do ministro da Justiça causa preocupação com a imagem de independência da polícia. Delegados também apontam que, pelo tempo fora, Maiurino não tem história na PF para ter chegado ao posto”.
O Blog do Elimar Côrtes ouviu delegados mais experientes da Polícia Federal, que desmentiram a narrativa da Folha SP. Segundo esses profissionais, delegados mais novatos vinham ocupando postos chaves no comando da PF. Com a chegada de Maiurino, que é de uma turma mais antiga, os jovens temem perder poder. Por isso, no anonimato, propagam nos bastidores “notícias falsas” de que a instituição num todo estaria insatisfeita com a escolha, o que não é verdade.
Ainda de acordo com outras fontes, o delegado Paulo Gustavo Maiurino buscou mostrar sua qualidade profissional no âmbito de Executivos Estaduais e no Supremo Tribunal Federal justamente porque não encontrava espaço dentro da Polícia Federal, cujos comandos anteriores procuravam sempre deixá-lo à margem, apesar de seu vasto currículo.