Uma instituição com quase 186 anos tem muito para contar. Desde 1835 servindo ao povo capixaba e ao Brasil, a Polícia Militar, indubitavelmente, é palco da história espírito-santense.
Com a abdicação de D. Pedro I e a governança a cargo da Regência, atendendo à necessidade de garantir a ordem pública no Império, o padre Regente, Diogo Antônio Feijó, através de Lei, autorizou a criação das Guardas Municipais de Permanentes, com “ethos” militar e guerreiro.
Feijó governou em tempo de revoltas como a Farroupilha, a Balaiada, a Cabanagem, a Revolta dos Malês e a Sabinada que colocavam em perigo a integridade territorial. A sua concepção de segurança era estritamente militar para a defesa e manutenção da unidade do Estado brasileiro.
Por toda a sua trajetória histórica, a Polícia Militar do Espírito Santo sempre esteve mobilizada para atender aos ditames governamentais, mantendo-se o seu modelo de força policial e militar, tendo atuado em eventos nacionais e locais.
Passados os “anos de chumbo” do regime militar de 1964, eis que um novo alvorecer surge no horizonte da instituição. É tempo de democracia!
Com a Nova República dirigida pelos velhos políticos, não se pensou em alterar o “status quo” dos órgãos de segurança pública. A Constituição de 1988 apenas consolidou o modelo policial pretérito.
Entretanto, nem tudo era desilusão. Havia uma frase que poderia motivar outra compreensão. O caput do artigo 144 da Carta Constitucional dizia e ainda diz que: a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos.
Com essa tirada, em Alegre, no Sul do Estado, um ousado e inteligente cavalariano, na qualidade de comandante do 3º BPM, promoveu o primeiro movimento de comunitarização da Polícia brasileira, em parceria com segmentos sociais da cidade.
A dinâmica, mesmo sem quaisquer antecedentes, era ouvir e conversar com o movimento social para organizar a atuação dos efetivos policiais militares.
Aquele comandante abriu as portas da “Sentinela do Caparaó”, mesmo a contragosto de muitos, interna e externamente, para auscultar os anseios, as necessidades e as expectativas das comunidades sulinas.
Um misto de oficial militar espartano, cientista político, estrategista que amava os ensinos napoleônicos e com olhar futurista, o comandante proclamou o ato de libertação da velha mentalidade, ensinando aos que queriam aprender que “o povo conspira com quem o protege” e que “o povo unido é forte”.
As muralhas das resistências começaram a ceder com a magnânima “glasnot”. Foi assim, resistindo e cedendo ao novo modo de visualizar o futuro, que em 1995, Guaçuí, aprendiz que era, nas palavras do então ministro da Justiça, Nelson Jobim “mudava a direção da toda a polícia brasileira”, através da Polícia Interativa.
Reverberava sempre em minha consciência a contundente frase daquele comandante, citando Maquiavel: “mas se os tempos mudam e os comportamentos não se alteram, então será a ruína”.
O leitor deve estar se perguntando, enfim, quem é o bom comandante? Seu nome é coronel Carlos Magno da Paz Nogueira, o verdadeiro mestre da inovação interativa na Polícia Militar do Espírito Santo.
(Júlio Cezar Costa é coronel da PMES e Associado Sênior do Fórum Brasileiro de Segurança Pública)