Um dos youtubers mais populares do Brasil, com 41 milhões de seguidores nas redes sociais, Felipe Neto defendeu neste domingo (28/02), em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, a instauração de processos judiciais contra ‘assassinos de reputação nas redes sociais, educação midiática para que não se compartilhe notícias falsas e empoderamento da Polícia Federal para rastrear patrocinadores da máquina do ódio’.
Segundo ele, esses são os caminhos para combater a avalanche de desinformação que ameaça a democracia brasileira. Felipe Neto foi alvo de campanha de difamação após criticar o presidente Jair Bolsonaro e abraçou luta contra fake news nos ambientes digitais. Num passado recente, Felipe Neto foi um defensor ferrenho de Bolsonaro.
De acordo com a Folha SP, “cada vez mais vocal politicamente, Felipe se transformou num evangelista dos perigos representados pelo mau uso das redes sociais e prega a responsabilização dos líderes de operações de desinformação”.
“O que a gente precisa, obviamente, é de amparo da Polícia Federal, o que não vai acontecer enquanto Bolsonaro for presidente”, diz Felipe em entrevista à Folha SP, que integra a série ‘Fuga para a Frente’, um dos projetos do centenário da Folha. Ele não poupa a mídia tradicional de críticas.
“Se você restringe uma notícia fundamental atrás de um paywall, você está elitizando o acesso a boa informação, e isso é um problema muito grave”, avalia o youtuber, que diz ser preciso debater uma forma de ampliar o acesso das camadas mais baixas à informação de qualidade.
A reportagem diz que, apesar de declaradamente progressista, Felipe Neto faz reparos à esquerda, que diz se comunicar mal, ser “prolixa” e não falar “de forma inteligente sobre ditaduras e regimes autoritários de esquerda”, casos do venezuelano Nicolás Maduro e do regime de Cuba.
Indagado sobre como funciona para combater fake news, Felipe Neto respondeu:
“Um dos caminhos é educação digital. Temos uma população desinformada, que precisa dessa educação digital para não cair nas armadilhas criadas por quem orquestra a desinformação no Brasil. Existem maestros dessa desinformação criminosa”.
E disse mais: “O segundo caminho é o empoderamento da Polícia Federal para que seja efetiva contra líderes de quadrilhas da articulação do ódio. Não adianta punir quem compartilha ou quem acredita em fake news. Esses são vítimas que se tornam agentes da desinformação por falta de acesso à educação digital”.
O jornal informa que Felipe Neto possui uma iniciativa de educação midiática: “A gente entregou na mão da população mundial a ferramenta mais poderosa da história da humanidade, a internet, e falou: usa aí. Sem manual, sem educar as pessoas sobre como não cair em armadilhas. Eu criei o Instituto Vero com Nilce Moretto, Caio Machado e Estevão Slow. Nosso projeto inclui cursos, conteúdo digital e projetos de gamificação. O objetivo final é ensinar as crianças a utilizar melhor as plataformas digitais”.
Segundo ele, “mesmo com todas as soluções, ainda vai haver expoentes de negacionismo, insanidade coletiva, seitas. A gente tem que tentar diminuir isso ao máximo, usando boa informação. O objetivo é fazer com que agentes da desinformação, do ódio e da violência voltem para o buraco de onde nunca deveriam ter saído e tenham vergonha de expor seus devaneios ou mau-caratismo”.
Felipe Neto disse também na entrevista à Folha SP que é contra o Projeto de Lei das Fake News. “O PL basicamente cria uma checagem do compartilhamento de mensagens para retroagir e encontrar a origem do primeiro compartilhamento. Só que essas mensagens, na maioria, são de uma pessoa que tira print de algo no Facebook e manda no grupo do WhatsApp. E aquilo viraliza”.
Segundo ele, “esse cara normalmente não tem instrução digital, acredita em tudo porque nem sabe a diferença entre um portal com inúmeros processos nas costas por difamação, injúria e todo tipo de crime, e uma Folha de S. Paulo. Ele não teve educação para diferenciar, então ele compartilha achando que é verdade. Esse cara é criminoso? Pelo amor de Deus, é óbvio que não é um criminoso. O Brasil ainda está com a lei das fake news, tentando responsabilizar o tio do churrasco por ter compartilhado uma mensagem no WhatsApp”.
Felipe Neto prossegue: “Quem é o criminoso? É o dono do site ou da página do Facebook que criou essa notícia com o intuito de fazer esse tio compartilhar ela no WhatsApp. O que o PL faz hoje é criminalizar o tio, enquanto o cara que produziu a notícia no Facebook está protegido no ambiente digital. Esse PL não vai pegar esse cara nunca. Só quem pode pegá-lo é a Polícia Federal”.