O Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil do Rio de Janeiro vai apresentar, nas próximas horas, o esclarecimento de diversos crimes ligados à contravenção do jogo do bicho carioca. A solução dos crimes está no âmbito do Inquérito Policial que investiga o assassinato do bicheiro Fernando Iggnácio Miranda, executado a tiros na tarde do dia 10 de novembro de 2020, no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio.
Delegados e investigadores do DHPP passaram as últimas horas em missão sigilosa, em diversos pontos do Rio, em busca de mais provas e informações a respeito de crimes e criminosos ligados ao jogo do bicho.
A solução do caso vai ser uma surpresa para a população, antecipou uma fonte da Polícia Civil carioca ao Blog do Elimar Côrtes, na manhã desta quarta-feira (18/11).
De acordo com a mesma fonte, a solução do assassinato do contraventor Fernando Iggnácio e outros crimes “já está nas mãos”. Os policiais civis passaram a noite de terça-feira (17/11) e madrugada de quarta-feira debruçados sobre as informações e provas colhidas no inquérito. No entanto, mantêm sigilo dos fatos para não atrapalhar as investigações que ainda estão em andamento neste momento.
Fernando estava num Heliporto, perto de seu carro, quando foi surpreendido por atiradores que estariam no alto de um muro. Ele foi atingido por diversos disparos de fuzil em uma emboscada quando retornava de Angra dos Reis.
Fernando Iggnácio era inimigo declarado de Rogério Andrade
A morte de Fernando Iggnácio marca o fim de uma guerra entre contraventores nas últimas décadas. Ex-genro de Castor de Andrade, conhecido como o mais poderoso dos bicheiros, ele controlava a empresa Adult Fifty, exploradora de caça-níqueis na Zona Oeste do Rio.
Em 1997, com a morte de Castor por infarto, foi iniciada uma disputa familiar pelo controle dos pontos de jogo do bicho e máquinas caça-níqueis na região. Iggnácio e Rogério Andrade (Foto), sobrinho de Castor, entraram numa guerra sangrenta. Investigações da Polícia Federal mostram que a disputa entre os dois resultou em mais de 50 mortes entre 1999 e 2007.
No ano de 2001, Rogério de Andrade foi vítima de uma tentativa de assassinato e Iggnácio foi apontado como um dos mandantes do crime. Em abril de 2010, o filho de Rogério, de 17 anos, morreu num atentado a bomba na Barra. O adolescente dirigia o carro do pai, que seria o verdadeiro alvo do ataque.
Preso em 2006, pela Polícia Federal, Fernando Iggnácio chegou a cumprir pena no presídio de Bangu 8, mas conseguiu um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e deixou a prisão em pouco tempo.
Em junho deste ano, um imóvel do contraventor morto foi alvo de mandados de busca e apreensão em uma grande operação contra o Escritório do Crime. Iggnácio era investigado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro como mandante da morte do ex-policial militar Anderson Cláudio da Silva, o Andinho, em 10 de abril de 2018, no Recreio dos Bandeirantes.
Disputa familiar
Castor Gonçalves de Andrade e Silva tornou-se o chefão da contravenção no Rio nos anos 70 e chegou a expandir seus domínios para o Nordeste. Ele morreu de infarto em abril de 1997, dando início a uma guerra na família pela sucessão.
Ainda em vida, Castor escolhera Rogério, seu sobrinho, para comandar a contravenção na Zona Oeste e em outras áreas do Estado do Rio. O filho de Castor, Paulinho, não concordou e iniciou uma batalha com o primo. Em 1998, Paulinho e um segurança foram assassinados na Barra. O genro de Castor, Fernando Iggnácio Miranda, assumiu o lugar na disputa com Rogério.
De acordo com investigações da polícia, a partir da metade dos anos 1990, Fernando Iggnácio passou a controlar a Adult Fifty, empresa que explorava caça-níqueis em toda a Zona Oeste. Em 1998, Rogério teria fundado a Oeste Rio.
“Rogério Andrade é um verdadeiro sanguinário. Ele passa até 20 anos calculando a melhor forma de fazer o revanche contra seus imigos”, comentou um policial civil.
(Com informações também do site do jornal ‘Extra)