Outubro de 2020. O Fórum Econômico Mundial divulga uma previsão algo preocupante: nos cinco anos seguintes nada menos que 85 milhões de empregos desaparecerão por conta da tecnologia. É, como se fala por aí, o processo de substituição do homem pela máquina.
Este fenômeno será mais agudo nas grandes empresas. Dentro de um universo de 300 delas constatou-se que quatro entre cinco administradores já estão implementando novas tecnologias que substituirão a força de trabalho humana.
Esta é a notícia ruim, digamos assim. Mas há um lado bom: serão criados, por conta da maior atividade econômica gerada pelo aumento de produtividade, nada menos que 97 milhões de novos postos de trabalho. Há, porém, uma ‘pegadinha’: estes novos empregos demandarão níveis educacionais diferenciados.
Daí o grave alerta que este estudo realça: aqueles países que não investirem pesadamente na formação profissional de sua juventude deverão experimentar uma séria elevação nos níveis de desigualdade, com todos os efeitos colaterais deles decorrentes.
Diversa não foi a conclusão da empresa de consultoria inglesa McKinsey: nos próximos dez anos 90% da força de trabalho deverão receber novos treinamento e formação – particularmente no que toca ao domínio de novas tecnologias.
Enquanto isso, aqui no Brasil, recente pesquisa realizada pela CNI concluiu que 9 em cada 10 empresas de construção civil sofrem com a falta de profissionais qualificados. Realço que estes dados foram consolidados sobre um universo de 385 empresas – robustos, pois.
Um outro estudo, realizado sobre 1.616 empresas de diversos setores, chegou a números alarmantes: 70% das pequenas e médias e 63% das grandes sofrem com falta de trabalhadores qualificados. Há mais: 94% delas têm dificuldades para contratar técnicos – e 82% operadores de equipamentos sofisticados. A conclusão do estudo, racionalmente, indicou que “a escassez de profissionais qualificados impacta diretamente na competitividade da indústria brasileira”.
Estaríamos caminhando rumo a uma sociedade ainda mais desigual, diante dos dados acima expostos? Vou à janela. Contemplo a periferia de nossas maiores cidades. Vejo escolas sitiadas pelo crime. Professores acuados. E nossas crianças – a geração seguinte – sendo preparadas para a realidade dos robôs – do tráfico.