O governador Renato Casagrande (PSB) fez um apelo, na manhã desta quinta-feira (22/10), ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que o Governo Federal volte a discutir a possibilidade de adquirir a vacina Coronavac, que está sendo produzida pela China em parceria com o Instituto Butatan, de São Paulo. O apelo foi feito em entrevista ao Programa Jornal da Manhã, da Jovem Pan.
Segundo Casagrande, é preciso que Bolsonaro “resgate” o anúncio feito pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em reunião com os governadores e líderes de partidos políticos no Congresso Nacional, na terça-feira (20/10), em São Paulo.
Na ocasião, Pazuello, que é general do Exército, deu a notícia da compra da vacina. No entanto, após as postagens do presidente Bolsonaro, o Ministério da Saúde fez pronunciamento para negar qualquer previsão de compra da vacina pelo Governo Federal.
Na entrevista à Jovem Pan, o governador capixaba reagiu com a seguinte ponderação:
“É preciso deixar de lado todos os outros assuntos [ideológicos e eleitorais] para que façamos um trabalho juntos, Governo Federal, Estados e Municípios. Então, o apelo a gente faz assim, com muito elegância, que o Governo Federal retome o anúncio feito pelo ministro Pazuello. Se o governo não tiver essa capacidade, que ele possa liberar a vacina que estiver pronta e aprovada pela Anvisa para que a gente possa comprar e disponibilizar para a população”, pontuou Renato Casagrande, pedindo, em seguida, que as autoridades deixem de lado componentes eleitorais para “caminhar em harmonia”.
Na quarta-feira, Casagrande já havia se manifestado em favor das pessoas, afirmando que “salvar vidas e libertar os brasileiros do coronavírus são objetivos que devem unir todos nós”. Segundo ele, adquirir as vacinas, que primeiro estiverem a disposição deve ser a “meta primordial”. “Nesse contexto não há espaço para discussão sobre assuntos eleitorais ou ideológicos”, escreveu o governador em suas redes sociais.
Na entrevista desta quinta-feira à Rádio Jovem Pan, Renato Casagrande pediu maior união entre os entes federados e o Governo Federal para a compra dos lotes de vacina. Segundo ele, a primeira expetativa é de que a União assuma a compra da vacina e, nesse sentido, voltou a defender que o presidente Bolsonaro resgate o compromisso assumido pelo ministro da Saúde na reunião com os governadores.
Casagrande frisou, entretanto, que se o Governo Federal mantiver a decisão de recuo, os Estados terão que assumir a responsabilidade mais uma vez:
“Nossa segunda expectativa é no sentido de que, se a Anvisa liberar a vacina, considerando-a segura para a população, os Estados terão que buscar meios para a sua aquisição. No Espírito Santo, vamos adquirir para atender pelo menos as pessoas que se encontram nos grupos de risco. Precisamos salvar vidas para garantir a retomada econômica e social”, afirmou Casagrande.
O governador capixaba disse ainda esperar que Bolsonaro mude de ideia, mantendo a racionalidade, uma vez que, segundo ele, a reunião do ministro Eduardo Pazuello ocorreu num ambiente republicano, com a presença de governadores e líderes partidários.
“Lamentamos que, no dia seguinte à reunião, surgiu um debate ideológico-eleitoral muito forte e o houve a mudança”, acrescentou Casagrande.
Ele alertou que, se o Brasil não adquirir a vacina, poderá sofrer mais atraso e perdas econômicos. Casagrande lembrou que outros países já estão retomando as atividades econômicas, o que poderá provocar perda de competividade do Brasil.
Indagado pelos apresentadores do Jornal da Manhã sobre como convencer o presidente Bolsonaro, Renato Casagrande disse:
“Com muita elegância e equilíbrio. É preciso deixar de lado outros assuntos, como os componentes políticos-eleitorais. Todos estão antecipando o debate da eleição de 2022. O momento exige de todos nós que caminhemos com harmonia para salvar vidas”, ponderou o governador do Espírito Santo.