Milicianos de Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, mataram a tiros o agente de Polícia Federal Ronaldo Heeren, 59 anos, quando ele e outro colega realizavam, numa região próxima, levantamento para uma investigação policial. Ronaldo era lotado no Núcleo de Operações da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Delecor), responsável pela Operação Lava Jato no Rio. Diferente do que a imprensa do Rio informou, inicialmente, o parceiro de Ronaldo, Plínio Ricciardi, não foi ferido.
O crime aconteceu na tarde de quinta-feira (13/02). Os dois agentes federais, diferente também do que a imprensa do Rio vem informando, não estavam entregando intimação e não estavam na Favela do Rola.
A diligência, segundo uma fonte da Polícia Federal informou ao Blog do Elimar Côrtes, era de levantamento. Após a morte do Ronaldo, os milicianos andaram por cerca de um quilômetro com a viatura para deixar em um local que pudesse incriminar traficantes.
Após matarem o policial, criminosos picharam a viatura descaracterizada em que estava o agente morto com as iniciais da facção criminosa Comando Vermelho.
Ronaldo e Plínio estavam em um carro da PF quando criminosos armados desceram de um outro veículo e começou um tiroteio. Ronaldo foi atingido e morreu no local. O outro agente conseguiu fugir e se esconder numa casa. O agente foi encontrado por policiais militares do 27º BPM (Santa Cruz) em estado de choque.
Ronaldo Heeren, que trabalhava na PF há 22 anos, estava no banco do motorista da viatura. Os disparos que atingiram o policial entraram pelo vidro dianteiro do carro.
Favela foi tomada por milicianos
A Polícia Civil do Rio informou que, em outubro de 2018, a região onde os agentes federais foram alvo de tiros de criminosos foi tomada por milicianos – antes era dominada pela facção citada nas pichações. Será investigado pela PF se a pichação na viatura é uma tentativa dos bandidos de direcionar a apuração do crime. A região foi tomada por criminosos ligados à milícia de Wellington da Silva Braga, o Ecko.
Presidente e ministro Moro ainda não se manifestaram sobre morte de federal
Até o momento desta postagem, o Palácio do Planalto e nem o Ministério da Justiça e Segurança Pública não divulgaram nenhuma nota de pesar pelo assassinato do agente federal Ronaldo Heeren. Normalmente o presidente Jair Bolsonaro se manifesta. Desta vez, porém, nem ele e nem o ministro Sergio Moro fizeram declarações.
No dia 6 de janeiro de 2019, Bolsonaro comentou, em seu perfil no Twitter, a morte do policial militar Daniel Mariotti . Ele deu pêsames à família do militar, morto com um tiro na cabeça no dia anterior, no Rio.
Um dos filhos do Presidente, porém, se manifestou. Trata-se do deputado federal Eduardo Bolsonaro, que também é policial federal licenciado:
“Nossos sentimentos à família do colega Agente da Polícia Federal RONALDO HEEREN, morto hoje na favela do Rola, Rio de Janeiro. Sucesso aos colegas do COT, CAOP e Homicídios da PC-RJ nas buscas dos assassinos!”, escreveu ele numa rede social.
Polícia Federal, Fenapef e ADPF lamentam morte
Em nota, a Polícia Federal lamentou a morte do agente Ronaldo Heeren e informou que ele trabalhava na Superintendência Regional da corporação no Rio. No comunicado, a PF também afirmou que o policial foi morto quando realizava uma diligência na comunidade.
A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) também lamenta profundamente e se solidariza com familiares e amigos pelo falecimento do agente de Polícia Federal Ronaldo Heeren, lotado na Superintendência Regional do Rio de Janeiro, assassinado em serviço nesta quinta-feira (13), enquanto fazia diligência em Santa Cruz, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Heeren tinha apenas 59 anos; vinte e dois dos quais dedicados à PF e à sociedade.
A Polícia Federal decretou luto por três dias. O presidente da Fenapef enviou condolências aos familiares e a todo o efetivo fluminense. A Fenapef exige uma investigação rigorosa dos fatos e uma resposta à altura, com prisão e condenação dos envolvidos.
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) lamenta, profundamente, a morte do Agente da Polícia Federal, Ronaldo Heeren. “Sua contribuição de 20 anos de serviço na instituição será sempre lembrada por todos os integrantes da Polícia Federal. Aos familiares e amigos de Ronaldo Heeren, nossas sinceras condolências”, diz a nota da ADPF.