O secretário-geral da Transparência Capixaba, Rodrigo Marcovich Rossoni, condenou a manobra feita pelo presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), e de um grupo de deputados aliados que promoveram na manhã desta quarta-feira (27/11), sem comunicação prévia à sociedade capixaba, a votação que reelegeu Erick para mais um mandato de dois anos.
Já o movimento empresarial Espírito em Ação disse que foi pego de surpresa e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) promete se manifestar a qualquer momento.
A manobra foi possível porque o próprio Erick Musso apresentou Proposta de Emenda à Constituição nº (PEC) 28/2019, conhecida como a PEC da Antecipação das Eleições, que foi aprovada num toque de caixa na última segunda-feira (25/11).
Diante da aprovação da PEC, Erick chegou bem cedo nesta quarta-feira (27/11) à Assembleia Legislativa e, depois de se reunir com o deputado Marcelo Santos (PDT), seu aliado, no Gabinete da Presidência, marcou a eleição.
Resultado: Erick foi reeleito para um mandato que vai começar somente em 2021. Isso mesmo, em 2021, terminando em 2023. Ele obteve 24 votos a favor e cinco contra. Como não teve tempo para discutir a eleição, apenas a chapa de Erick, que já estava montada, se inscreveu. E ficou assim: Erick Musso presidente; Marcelo Santos, 1° vice-presidente; Torino Marques (PSL), 2° vice-presidente; Adilson Espindula (PTB), 1° secretário; Freitas (PSB), 2° secretário; Marcos Garcia (PV), 3° secretário; e Janete de Sá (PMN), 4° secretário.
Votaram a favor: Adilson Espíndula (PTB), Alexandre Xambinho (Rede), Alexandre Quintino (PSL), Danilo Bahiense (PSL), Lortenzo Pazolini (Sem partido), Hércules Silveira (MDB), Emílio Mameri (PSDB), Rafael Favato (Patriota), José Esmeraldo (MDB), Erick Musso (Repblicanos), Euclério Sampaio (Sem ,partido), Freitas (PSDB), Hudson Leal (Republicanos), Janete de Sá (PMN), Marcelo Santos (MDB), Marcos Garcia (PV), Marcos Mansur (PSDB), Raquel Lessa (Pros), Renzo Vasconcelos (PP), Torino Marques (PSDL) e Vandinho Leite (PSDB).
Os seguintes deputados votaram contra a chapa: Fabrício Gandini (Cidadania), Iriny Lopes (PT), Luciano Machado (PV), Dary Pagung (PSB) e Sergio Majeski (PSB). O deputado Theodorico Ferraço (DEM) não votou.
“É uma vergonha que os deputados usem o poder para se manter no poder. Há tempos eu não via no Espírito Santo uma manobra como essa. Nos causa estranheza que eles (deputados) mudem as regras. A antecipação de uma eleição, que só aconteceria em 2021, não traz nenhum interesse público. Essa manobra, a meu ver, só interesse a quem os conduziu”, protestou o presidente da Transparência Capixaba, Rodrigo Rossoni.
Ele questionou ainda: “Uma manobra feita nos bastidores vai favorecer a quem ou a quê?”. Para o dirigente da Transparência Capixaba, não se pode mudar as regras ao sabor de quem está no poder:
“O que se viu hoje é um apego ao poder. Trata-se da velha prática política. Isso é inaceitável”, concluiu Rodrigo Rossoni.
O presidente do movimento ‘Espírito Santo em Ação’, empresário Fábio Brasileiro, disse que, “como toda a população, esse movimento também nos causou surpresa”. No entanto, o dirigente informou que vai esperar as próximas horas para se manifestar de maneira oficial:
“Vamos esperar até o dia de amanhã. Quero conversar com algumas lideranças para entender melhor oi quo movimento e me posicionar; quero ver o que vai se desenrolar”, disse Fábio Brasileiro, que completou:
“Gostaria de ver qual a justificativa, quais os motivos desse movimento (antecipação das eleições para a Presidência da Assembleia Legislativa). Quero ver se tem segurança jurídica e ver o que culminou com a eleição antecipada”.
Já o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/ES), José Carlos Rizk Filho, disse que nesta quinta-feira (28/11) vai se manifestar. Ele estava em viagem, quando atendeu telefonema da reportagem. Encontrava-se em João Neiva, retornando do Norte do Estado para Vitória. Afirmou que analisará o caso da eleição antecipada para fazer juízo de valor.
Nota do Editor:
O deputado Erick Musso tem apenas 32 anos de idade, mas demonstrou a esperteza e oportunismo da velha política. Lamentável! Ele está cercado de jovens aliados, de quem, em breve, vai se tornar massa de manobra – roteiro já visto por nós capixabas. O poder subiu à cabeça do agora eterno presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso. Ele não tem dado a devida atenção aos aliados mais experientes do Legislativo. A conta um dia vai chegar. E será cara. Tomara que não seja o povo quem tenha que pagar novamente. Erick Musso e seus novatos aliados demonstram, assim, que a nova política já envelheceu. Como dizia certa raposa política capixaba, “a onça está ferida, mas não está morta”. É preciso uma reação urgente da sociedade e dos órgãos estatais de fiscalização.
(Texto atualizado às 7h41 de 28/22/2019)