A presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal do Estado São Paulo (SINDPF SP), Tania Prado, voltou a defender nesta quarta-feira (09/10) o total apoio da entidade às medidas legislativas que imponham maior rigor no cumprimento das penas e que restrinjam a soltura temporária de criminosos, como acontece várias vezes ao ano durante feriados e datas especiais.
Para ela, “já que o Brasil não investe, de fato, na ressocialização da população carcerária”, as mudanças contempladas no Pacote Anticrime do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, são essenciais para garantir a segurança de toda a sociedade.
A campanha publicitária sobre o Pacote Anticrime, divulgada pelo governo federal, mostra como as chamadas saídas temporárias podem provocar tragédias e fazer crescer a ocorrência de crimes graves, como o latrocínio (roubo com morte). No vídeo, a esposa do delegado de Polícia Federal Mauro Sérgio Abdo, a médica Virgínia Abdo, narra a morte do marido durante uma tentativa de roubo. O crime foi cometido por um detento beneficiado pela saída temporária.
O delegado Mauro Sérgio foi baleado às 7 horas do dia 14 de maio de 2018, em sua casa, na Avenida Morumbi, Zona Sul de São Paulo, perto do Palácio dos Bandeirantes. Mauro Sérgio Sales Abdo foi levado para o Hospital Albert Einstein, também no Morumbi, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Dois bandidos invadiram a casa, por volta das 5 horas, e esperaram na garagem até que alguém acordasse para fazer a abordagem. Mauro Sérgio levantou, desceu as escadas e carregava a arma quando os ladrões anunciaram o assalto. Neste momento, houve troca de tiros.
O delegado foi atingido com três tiros no abdômen e um dos assaltantes, com dois tiros na perna e virilha. Os dois ladrões têm passagens pela polícia por roubo e furto. Um deles estava em saída temporária de Dia das Mães. Neste vídeo, a esposa do delegado, a médica Virgínia, relata seu drama.
“Infelizmente, não (a morte do delegado Mauro Sérgio) se trata de um caso isolado. Em 2018, segundo o 13° Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança, 1.929 pessoas foram mortas por ladrões no Brasil. Este tipo de crime sofreu um avanço de 57,8% entre os anos de 2010 e 2017. Além do doutor Mauro, em maio do ano passado outro delegado, no Maranhão, foi vítima de latrocínio”, lamenta Tania Prado.
Além de apoiar a revisão das leis que permitam essas saídas, o SINDPF/SP defende a urgência na tramitação do projeto, sobretudo desse tema específico, “pois é inaceitável que criminosos perigosíssimos sejam facilmente beneficiados com as saídas temporárias e cometam crimes bárbaros, como o que vitimou, também em maio de 2018, o delegado de Polícia Federal David Aragão, morto por um adolescente de 17 anos no Maranhão”.
Para a delegada Tania Prado, “é preciso garantir o mínimo de segurança a toda sociedade. E isso está mais próximo de acontecer se as medidas defendidas pelo Ministério da Justiça forem aprovadas pelo Congresso”.