A reconstituição da morte da menina Ágatha Vitória Sales Félix, 8 anos, feita na noite de terça-feira (01/10) pelo Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa do Rio (DGHPP), poderá concluir que a menina foi vítima de uma fatalidade. Ela foi morta na noite do dia 20 de setembro de 2019, na Região da Fazendinha, no Complexo do Alemão, Zona Norte do Rio.
A menina foi atingida por fragmentos de um tiro de fuzil. Levada para um hospital, Ágatha não resistiu e acabou morrendo. Familiares dizem que a menina teria sido morta por policiais militares, que teriam revidado a um ataque de traficantes.
Policiais que participam da investigação acreditam que a bala que atingiu a menina tenha ricocheteado em um poste antes de perfurar o banco da Kombi que Ágatha estava. Foi, pelo menos, o que deu para concluir da reconstituição, cujo laudo final ainda será elaborado pela Perícia Criminal da Polícia Civil do Rio.
De acordo com fontes ouvidas pelo site Blog do Elimar Côrtes, ficou demonstrado na reconstituição que policiais teriam sido, inicialmente, atacados por homens que estavam em uma moto. O homem da garupa teria atirado na direção dos militares – versão, no entanto, negada por outras testemunhas.
Um dos policiais atacado teria revidado para defender a guarnição e efetuado um disparo. Entretanto, o tiro teria ricocheteado no poste e, possivelmente, teria mudado a direção e, assim, atingido a Kombi que estava parada desembarcando passageiro. O fragmento da bala acabou atingindo as costas de Ágatha.
Em se confirmando essa versão, a Polícia Civil poderá até sugerir o arquivamento do Inquérito Policial sem indiciar os policiais. O caso, depois de concluído, irá para o Ministério Público Estadual, que poderá oferecer ou não denúncia em desfavor dos militares. A morte da menina é também investigada pela Corregedoria Geral da Polícia Militar do Rio, que analisa se houve crime militar por parte dos policiais.
Outro fator é que ficou impossível determinar a arma que disparou o tiro – sabe-se apenas tratar-se de um fuzil. O ferimento na menina foi causado por um fragmento que teria causado a morte, mas não dilacerado a criança, o que um projétil de fuzil inteiro teria causado.
Três policiais militares, sendo dois deles envolvidos diretamente na cena da morte da menina Ágatha, colaboraram na reprodução simulada do crime. O diretor do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa (DGHPP), delegado Antônio Ricardo, informou que dois PMs que estiveram diretamente envolvidos na dinâmica da ação foram efetivamente ouvidos durante a reconstituição.
Eles sustentaram que dois ocupantes de uma moto passaram atirando contra a equipe de policiais, na noite de 20 de setembro, quando houve a troca de tiros que vitimou Ágatha dentro de uma Kombi.
“Dois policiais militares compareceram e prestaram as suas informações. Eles vieram por livre e espontânea vontade. Foram seis civis, testemunhas, e dois PMs, totalizando oito pessoas. Esses dois policiais participaram da ocorrência. Eles estão diretamente relacionados a ela. O laudo pericial, nós pretendemos divulgar em 30 dias, quando vamos chegar à conclusão de acordo com o que foi apurado nesta reprodução simulada”, disse Antônio Ricardo à imprensa carioca.
A reprodução começou por volta das 18h30 e durou pouco mais de três horas, quando parte de uma das ruas da comunidade ficou bloqueada ao trânsito de veículos e de pedestres, terminando por volta das 22 horas. A imprensa que cobria a reconstituição foi aconselhada a sair do Complexo do Alemão em grupo, por questão de segurança, um pouco antes do fim dos trabalhos, descendo o morro a pé.
Histórico
A menina Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, morreu depois de ter sido baleada quando viajava com a mãe, Vanessa Sales, em uma Kombi, na comunidade Fazendinha, no Complexo do Alemão, na noite do dia 20 de setembro.
Ágatha foi levada para uma Unidade de Pronto Atendimento no Alemão, de onde foi transferida para o Hospital Getúlio Vargas, onde chegou a ser operada durante cinco horas, mas não resistiu.
A Polícia Militar diz que houve confronto entre policiais e traficantes. Entretanto, os familiares de Ágatha e o motorista da Kombi afirmam que não houve tiroteio.