Dia 19 de julho é o Dia Nacional do Futebol. Um esporte que é, indiscutivelmente, a maior paixão do brasileiro. O fascínio pelo time do coração, a emoção do gol e o encantamento pelo drible perfeito seduzem pessoas de todas as idades.
Mexe também com o sonho de jovens que almejam a carreira de jogador e, consequentemente, com a mudança da dura realidade imposta nas comunidades mais carentes.
O projeto Capixaba Instituto Social, idealizado e realizado por policiais federais e servidores de outras instituições, é um entre tantos outros que apostam nesse fascínio para transformar a realidade de meninos de áreas vulneráveis.
“Para eles, o futebol é uma porta de entrada para uma nova possibilidade. Ainda que não seja a do glamour, fama e dinheiro dos jogadores profissionais renomados, que seja a vitória principal na vida, afastá-los do mundo das drogas e do tráfico, oferecendo novas opções. Antes, o ponto de encontro deles era em outros locais inadequados. Agora é aqui”, diz Fabricio Sabaini, agente de Polícia Federal e presidente do instituto.
Alan Cristian Aragão dos Santos, 19 anos, sabe o que isso significa. Há dois anos no projeto, conseguiu há três meses, por intermédio do instituto, seu primeiro emprego em um shopping. Filho mais velho de quatro irmãos, agora ele é o único na família que tem carteira assinada. O pai é pedreiro, no momento fazendo “bicos”, e a mãe é cuidadora de idosos.
“Antes eu ficava em casa sem fazer nada. No projeto, encontro meus amigos e jogo bola. Agora, com o emprego, tenho o sonho de guardar dinheiro e comprar uma casa, pois moramos de aluguel”, relata.
Para ele, há outra alegria ainda maior do que o papo com os colegas e a bola sacudindo a rede. “O que mais fico feliz de trabalhar fora é poder ajudar em casa e, assim, tirar um pouco do peso das costas da minha mãe”, comemora o craque no futebol e na vida.
“O maior desafio é se aproximar desses meninos. Mas como fazer isso? Optamos pela linguagem universal do futebol. Eles estando aqui, temos a oportunidade de aconselhar, encaminhar para um curso, um estágio, um emprego. Mostrar a eles que a vida oferece mais do que o crime e as drogas. Já atendemos mais de 100 meninos desde a criação do projeto, há dois anos. Obtivemos muitas vitórias, algumas baixas. Mas cada menino que conseguimos encaminhar na vida já faz tudo valer a pena”, destaca Sabaini.
O projeto se mantém com a boa vontade dos envolvidos e com a ajuda das empresas parceiras. Quem comanda o time, que participa de campeonatos, é o professor de Educação Física e coordenador do projeto Thiago Campanha. “O viés esportivo é fundamental, mas acaba sendo uma consequência de algo muito maior”, ressalta.
Atualmente há meninos de 13 a 19 anos participando do projeto, a maioria da região da Ilha do Príncipe. João Vitor, hoje com 19 anos, participa do instituto desde os 17. Conta com orgulho que é o artilheiro do grupo.
“Cheguei a fazer 16 gols em seis jogos”, gaba-se. Mas admite que integrar esse time é mais do que acertar a bola na rede. “Tudo mudou para mim, aqui eu me desligo do mundo, fico longe dos problemas”, diz o rapaz, que sonha em fazer Educação Física e dar aula, alimentando, assim, os sonhos de outros meninos como ele.