Morreu na tarde desta quinta-feira (03/05) o padre Getúlio Carlesso, que foi capelão da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo. Padre Getúlio, que foi para a Reserva Remunerada como tenente-coronel, tinha 84 anos de idade. Além da missão espiritual, Padre Getúlio deixou um legado dentro da PM: foi o responsável pela implementação do sistema de comunicação da Polícia Militar, na época do antigo Centro de Operações da PM (Copom), que antecedeu ao Centro Integrado de Operações e Defesa Social (Ciodes).
Padre Getúlio esteve à frente do Serviço de Assistência Religiosa (SAR) da PMES como Capelão. Apesar de transferido para a inatividade em 8 de junho de 1993, continuou a exercer seu serviço como pároco até o dia 8 de julho de 2008.
Ao completar 75 anos de idade e 40 anos na Capelânia, Padre Getúlio foi liberado dos encargos de Capelão pelo Arcebispo Militar Dom Osvino José Both. O tenente-coronel Getúlio foi o terceiro capelão da Polícia Militar capixaba e exercia a função desde o final da década de 1960.
O corpo do militar e padre está sendo velado na Capela Nossa Senhora da Vitória, localizada nas dependências do Quartel do Comando Geral (QCG), em Maruípe, Vitória. Às 10 horas desta sexta-feira (04/05) será celebrada uma missa de corpo presente e o sepultamento tem previsão para acontecer às 15h30, no Cemitério de Santo Antônio.
Em nota, o comandante-geral da PM, coronel Alexandre Ofranti Ramalho, externa, em nome de toda a Corporação, as condolências aos familiares e amigos do Padre Getúlio.
O coronel da reserva Michiel Bassul lembrou que Padre Getúlio foi um dos grandes responsáveis pela transformação tecnológica da Polícia Militar capixaba ainda nos anos 80. Segundo Bassul, Padre Getúlio, além de atuar no campo espiritual, como sacerdote, teve também importância operacional dentro da PM:
“Não sei se o Padre Getúlio era engenheiro. Só sei que graças a ele, conseguimos implantar a comunicação dentro do antigo Copom (Centro de Operações da Polícia Militar). Antes da ajuda do Padre Getúlio, a comunicação dos batalhões com as viaturas era feita apenas de uma vez. Não se conseguia falar ao mesmo tempo com mais de uma guarnição. Padre Getúlio implantou o serviço de telecomunicação, permitindo que pudéssemos acionar várias viaturas ao mesmo tempo. Isso num período em que não se falava de internet. A comunicação com o interior era realizada por meio de telex. Padre Getúlio também ajudou a incrementar o serviço de telefonia dentro da Polícia Militar. Posso afirmar, com certeza absoluta, que Padre Getúlio foi o responsável pelo grande avanço tecnológico da PM, que hoje conta com o sistema muito mais moderno, que é o Ciodes”, disse o coronel Bassul, que completou:
“De fato, a morte do Padre Getúlio é uma perda muito grande”.
Outro que também lamentou a morte do Padre Getúlio foi o atual presidente do Conselho Diretor da Caixa Beneficente dos Militares Estaduais, o coronel RR Guilherme Coelho da Rocha.
“Padre Getúlio foi um homem puro de alma, amigo de todos. Foi, sem dúvida, uma grande liderança dentro da PM, pois, além da missão de espalhar a paz espiritual, ele atuava na luta em prol dos militares estaduais. Fazia reinvindicações junto ao governo do Estado para os praças e oficiais. Padre Getúlio era um polivalente na acepção da palavra: além de formação Teológica, ele tinha curso de Eletrotécnica. Por isso, pôde desenvolver, com seu conhecimento, um excelente serviço operacional na área de telecomunicação da PMES”, pontuou o coronel Coelho.
“Foi um oficial-capelão à frente de seu tempo”, completou.
Uma vez instalado um serviço mais moderno, para a época, de comunicação dentro da PM, a polícia se tornou muito mais ágil e presente, podendo chegar a locais de eventos com mais rapidez. Facilitou, sobretudo, o deslocamento mais célere e dinâmico das viaturas e proporcionou ao Comando da corporação um controle maior e efetivo sobre as guarnições e seus integrantes. Enfim, ganhou a sociedade capixaba, que agora perde Padre Getúlio.
O coronel Luiz Sérgio Aurich, um dos mais importantes oficiais da PMES de todos os tempos, também lamentou a morte do amigo, Padre Getúlio: “Que Deus o tenha. Um bom homem e nosso padre capelão. Realizou o meu casamento em 1974. Infelizmente problemas de saúde me impedem de estar em seu sepultamento”.
(Com informações também do Portal da PMES)