O Conselho de Justificação, instaurado para julgar a conduta do tenente-coronel Carlos Alberto Foresti, durante o aquartelamento dos policiais militares do Espírito Santo, em fevereiro de 2017, o considerou culpado das acuações. Com isso, o Conselho decidiu pela expulsão do oficial. Caberá agora ao governador do Estado, Paulo Hartung (PMDB), ratificar ou não a decisão do Conselho de Justificação e encaminhar sua decisão para o Tribunal de Justiça.
O parecer do Conselho de Justificação foi assinado no dia 13 de dezembro de 2017. Pela Constituição Federal, somente o Tribunal de Justiça pode expulsar ou não um Oficial da PM e do Corpo de Bombeiros. Por isso, caberá ao Pleno do TJES julgar a decisão final do governador Hartung. O próprio tenente-coronel Foresti comunicou à sociedade o resultado de seu julgamento, por meio de suas redes sociais:
“MEUS AMIGOS. Acabei de ser informado que fui considerado “CULPADO” pelo Conselho de Justificação da PMES a que fui submetido após o fevereiro de 2017, onde saí em defesa da tropa ferida após uma crise nervosa. OBRIGADO DE CORAÇÃO a todos vocês que acompanharam, oraram e rezaram por mim para que fosse inocentado. Mas DEUS ainda está comigo porque DEUS é DEUS!! E me mantenho firme e forte, e espero que vocês também meus amigos e a tropa que tanto prezo sejam fortes e mantenham a fé.
COMBATI O BOM COMBATE, foram quase 25 anos de muita dedicação a PMES e a segurança pública do Espírito Santo. Nunca havia sido punido antes na carreira. OBRIGADO a tropa que sempre me abraçou, e trabalhou comigo durante este período, obrigado a todos os amigos que fiz exercendo minha profissão por onde passei. Batalhão de Colatina, Barra de São Francisco, Vila Velha, GRCO (Grupo de Repressão ao Crime Organizado), NUROC (Núcleo de Repressão ao Crime Organizado) Batalhão da Serra, QCG (Quartel do Comando Geral) e CIODES/ COPOM (Centro de Operações da PM na Grande Vitória).
SE PUDEREM COMPARTILHAR EU AGRADEÇO pois muitos estavam querendo saber a decisão final do Conselho”.
O tenente-coronel Foresti foi alvo de um Inquérito Policial Militar (IPM) e chegou a ficar preso. O IPM informa que o oficial havia sido transferido do cargo de chefe do CIODES desde o dia 2 de fevereiro de 2017, um dia antes das mulheres dos militares iniciarem o movimento de protesto, bloqueando apenas a sede da 2ª Companhia do 6º Batalhão, no bairro Feu Rosa, na Serra.
Consta no relatório do IPM que, apesar de não ter mais ligação profissional com o CIODES, Foresti adentrou na sala daquele órgão, na tarde do dia 8 de fevereiro, no auge da crise, e, “ao ouvir a informação de que dois policiais haviam sido baleados em Cariacica, se fez transtornado e, de imediato, proferiu palavras de ordem a todos os militares presentes no sentido de que desligassem os seus rádios e deixassem seus postos”.
Além disso, prossegue o relatório do IPM, o tenente-coronel Foresti determinou que um dos sargentos presentes no CIODES produzisse áudio e vídeo de seu “surto” e os transmitisse, por meio do WhatsApp, ao soldado Maxson.
Para o Comando-Geral da PM, ao determinar o envio da mensagem eletrônica, a intenção de Foresti foi a “de incitar militares destinatários da mensagem veiculada pela AGEM, à manutenção do movimento grevista inconstitucional, que de fato ocorreu, dada a influência que representado (tenente-coronel Foresti) possui como Oficial Superior aos demais colegas de farda, potencializando em muito o movimento paredista”.
De acordo com o IPM, nos dias seguintes, o tenente-coronel Foresti teria promovido um novo vídeo “incitando outros militares e a população capixaba a aderirem aos propósitos dos grevistas, veiculando promoção de crítica à estrutura de trabalho dos policiais em atividade no Estado do Espírito Santo e ao próprio governo estadual, quando também discorreu sobre baixos salários da corporação, a falta de coletes balísticos, as condições ou ausência de viaturas.”