A Justiça determinou a imediata transferência do investigador de Polícia Hilário Antônio Fiorot Frasson para um presídio comum. Ele estava preso no 20º Distrito Policial de Vila Velha, que está provisoriamente funcionando na DP de Novo México, pela acusação de ser um dos mandantes do assassinato de sua esposa, a médica Milena Gottardi Tonini Frasson. Hilário foi levado para o Complexo Penitenciário de Viana.
A transferência foi ordenada pelo juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória (Privativa do Júri), Marcos Pereira Sanches. A decisão do magistrado foi tomada porque a Justiça entendeu que Hilário recebia tratamento privilegiado na prisão exclusiva para policiais civis. Ele agora está no Presídio de Segurança Média I de Viana.
No dia 30 de outubro deste ano, Hilário foi levado a uma clínica dentária particular, no bairro Barro Vermelho, em Vitória, dentro de uma viatura descaracteriza da Polícia Civil. Foi conduzido por policiais civis e estava sem algemas e andando livremente pelas ruas.
Na decisão, o juiz da 1ª Vara Criminal de Vitória, Marcos Pereira Sanches, informa que Hilário teria conseguido, “mesmo preso, agendar uma ida ao INSS” para tentar obter a pensão da médica Milena Gottardi:
“Como se não bastasse – e para maior surpresa -, verifico que o réu solicitou à autoridade policial responsável pela unidade prisional autorização de saída para comparecer ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a fim de requerer em favor das filhas benefício previdenciário de pensão por morte da própria vítima que é acusado de ter matado”, disse o juiz no despacho que mandou Hilário para um presídio comum.
Ele diz ainda ter se surpreendido com o fato “de o agendamento, que só pode ser feito pela internet ou pelo telefone, ter sido autorizado pela direção do presídio onde ficam detidos os policiais civis. Tal situação é inadmissível”, escreveu.
O juiz Marcos Pereira Sanches disse que é “absurdo” Hilário pedir o benefício de pensão por morte de Milena, sendo que ele é um dos acusados de mandar matar a médica.
O magistrado levou em consideração também a saída de Hilário Frasson para ir ao dentista, no dia 30 de ioutubro. Para o magistrado, um preso, “mesmo provisório, tem o direito de comparecer em consultas odontológicas”. O problema foi a maneira como a escolta foi feita.
“O réu saiu do veículo sem algemas e à frente daqueles que o escoltavam, chegando, inclusive, a ser abordado por um jornalista que o esperava (o que evidencia a facilidade de contato e acesso a terceiras pessoas), bem como foi quem acionou o interfone para ingressar no consultório odontológico, dando a impressão de que se encontrava em total liberdade.”, escreveu o juiz.
Fontes da Polícia Civil garantiram ainda há pouco que Hilário não chegou a ir ao INSS. Hilário Frasson sempre teve mesmo privilégios na Polícia Civil mesmo antes de ser preso. Ele, que tomou posse em janeiro deste ano, já chegou “sentando na janela”. Foi designado para trabalhar no Gabinete do chefe de Polícia Civil, delegado Guilherme Daré, como “Assessor Jurídico”.
Hilário era membro da Maçonaria e por mais de 10 anos trabalhou no Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo como assessor jurídico de desembargadores.
Leia aqui mais detalhes sobre o assassinato da médica Milena.