A especulação lançada pelo jornal eletrônico Século Diário de que estaria para acontecer um ‘acordão’ entre o atual governador Paulo Hartung (PSDB) e seu antecessor, Renato Casagrande (PSB), para 2018, causou perplexidade na sociedade. A verdade é que não existe nenhuma possibilidade desse acordo acontecer. Nem pelo lado de PH, muito menos pelo lado de Casagrande.
Em suas reuniões com lideranças empresariais, políticas, sociais e comunitárias, Renato Casagrande deixa claro que pensa em ser candidato a governador em 2018. Segundo algumas fontes ouvidas pelo Blog do Elimar Côrtes, Casagrande tem dito que deixou um legado muito importante para todo o Espírito Santo e que estaria sendo destruído desde janeiro de 2015, quando Hartung assumiu, pela terceira vez, o governo do Estado.
Nessas reuniões, que ocorrem tanto na Grande Vitória quanto no interior, Casagrande expõe a situação do Estado e fala da retomada do desenvolvimento econômico e social.
Quanto saiu do governo, Renato Casagrande deixou implantadas políticas sociais voltadas à defesa das populações mais necessitadas. Criou o CNH Social, por meio do qual pessoas carentes e ou desempregadas conseguiam, sem ônus, tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) profissional junto ao Detran. O programa foi extinto a partir de 2015.
Quando perguntado, nas reuniões que participa Espírito Santo afora se será candidato no próximo ano, Casagrande responde que está avaliando. Entretanto, diz que seu nome não está descartado. Tem sido comum a participação de Renato Casagrande em eventos sociais e políticos em todo o Estado. É sempre convidado para reuniões políticas e sociais. E, nesses encontros, ele fala do futuro, sobretudo, do Espírito Santo e dos capixabas.
Uma coisa é certa: com ou sem Casagrande, o grupo político dele terá candidato próprio ao governo do Estado em 2018, numa clara manifestação de que faz oposição ao atual “regime” que vigora no Estado. Logo, o suposto acordão “plantado” pelo Século Diário não vai prosperar. Tem o objetivo de confundir os eleitores, porque hoje, no Espírito Santo, há uma forte oposição ao atual governo.
Pessoas mais próximas a Casagrande acreditam que esse tipo de notícia seja fruto de estratégia do próprio Palácio Anchieta, numa tentativa de enfraquecer o ex-governador e confundir a população.
Existem diversos argumentos, além de diferenças de pensamento, de agir, de administrar e de pensar o Estado, entre Casagrande Paulo Hartung. Muitas delas tornaram-se públicas. Antes mesmo da eletrizante campanha eleitoral de 2014, o hoje governador Paulo Hartung e aliados iniciaram pela mídia tentativa de desqualificar o governo Casagrande. Diziam, por meio de artigos escritos em jornais, que o Estado “estava quebrado”.
Durante a campanha, Hartung criticou uma das mais importantes ações da gestão Casagrande, que foi o Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal, conhecido como Fundo Cidades, gerenciado pela Secretaria de Estado de Economia e Planejamento (SEP). O Fundo representava um mecanismo de apoio financeiro prestado pelo Estado por meio de repasse de verbas aos municípios, contemplando investimentos nas áreas de infraestrutura urbana e rural, educação, esporte, turismo, cultura, saúde, segurança, proteção social, agricultura, meio ambiente e sustentabilidade. Diga-se de passagem, o Estado poderia usar, inclusive, recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) no Fundo Cidades, que, simplesmente, foi extinto pelo atual governo.
Hartung criticou duramente também o uso do dinheiro dos royalties do petróleo no socorro aos municípios. Suspendeu a ajuda, mas acabou recuando e se rendendo a uma política adotada por seu antecessor diante da necessidade demonstrada pelos atuais prefeitos.
A leitura que se faz da notícia do Século Diário é a tentativa de neutralizar o nome de Renato Casagrande, que, nas suas andanças pelo interior e Grande Vitória, tem dito claramente que, se for candidato e sair vitorioso, voltará a deixar para os capixabas o legado do crescimento social e econômico; da redução nos índices de violência; do restabelecimento da humildade; do diálogo.
Desse bloco, fazem parte importantes figuras do cenário político capixaba: a senadora Rose de Freiras (PMDB), os prefeitos da Serra e de Vitória, respectivamente, Audifax Barcelos (Rede) e Luciano Rezende (PPS); parte da Assembleia Legislativa; e centenas de outras lideranças políticas, sociais, religiosas e comunitárias.
Pelo lado do atual governador Paulo Hartung, com certeza, ele também não quer nem ouvir falar de seu antecessor. Fontes ligadas ao Palácio Anchieta afirmam que Hartung jamais pensou no tal “acordo” sugerido pelo Século Diário. A campanha de 2014 deixou cicatrizes que feriram Hartung e sua família, disseram dois aliados do governador ao Blog do Elimar Côrtes.
Outra evidência de que tal acordo é impossível é a disposição do governador Paulo Hartung. Ele é um intrépido. Mesmo se recuperando de procedimentos cirúrgicos para tratamento de um câncer na bexiga, Hartung não fica quieto e tem percorrido todo o Estado. Costuma fazer visitas-surpresas aos municípios do interior, numa demonstração de que não deseja deixar espaço para adversários.
Enfim, o Espírito Santo parece sentir o gosto de ter oposição política. Tomara que seja desse jeito. Fazer oposição é saudável numa democracia. O Espírito Santo não precisa e nem quer voltar aos tempos da unanimidade. Como dizia o saudoso Nélson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”.