Em artigo enviado ao Blog do Elimar Côrtes, o presidente da Associação dos Oficiais Militares do Estado do Espírito Santo (Assomes/Clube dos Oficiais), tenente-coronel Rogério Fernandes Lima, conclama a sociedade brasileira a reagir a ataques feitos por marginais a policiais. O oficial ressalta que o Observatório Internacional de Direitos Humanos Human Rights Wacht publicou relatório apresentando dados do aumento da violência contra os policiais no Brasil.
“Na maioria das vezes, no Brasil, a ação policial contra infratores é questionada e criticada pela imprensa…Todavia, vemos um tratamento diferente dado pela imprensa em outros países, principalmente quando um policial é vitimado”, escreve o tenente-coronel Rogério.
Segundo ele, a “agressão a um policial não é apenas a agressão a uma pessoa, mas sim uma ofensa a toda sociedade e, por isso, é importante reagir…Nesse cenário, deve-se despertar o debate público, pois a carreira policial, como carreira típica de Estado, deve ser defendida, porque se existem Estados sem Exércitos, não existem Estados sem seu aparato policial”.
A íntegra do artigo
O Observatório Internacional de Direitos Humanos Human Rights Wacht publicou neste ano de 2017 relatório apresentando dados do aumento da violência contra os policiais no Brasil. No relatório são apresentados dados que mostram o aumento de mortes de policiais em serviço.
O relatório anual da Human Rights Watch Brasil reconhece o risco da atividade policial no País, bem como informa que as mortes de infratores em confronto com a polícia são, em sua maioria, legítimas. Nos estudos apresentados pelo 10º Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBPS) foi identificado que no Brasil o índice de policiais vitimados em ação é 113% maior do que nos Estados Unidos da América, e que a quantidade de policiais brasileiros mortos em um único ano é a mesma que ocorreu na Inglaterra em 98 anos.
Parece-nos que no País ser policial é carregar uma sentença da pena capital, haja vista que são vários os casos em que o policial, ao ser reconhecido por um criminoso, tem a sua vida colocada em risco e os exemplos são muitos. Fica claro que ser policial não é apenas quando se está de serviço, mas ser policial implica uma dedicação nas 24 horas do dia.
Observa-se que, coincidentemente, após o movimento das mulheres, amigos e familiares de policiais militares no Espírito Santo, houve um aumento dos confrontos entre policiais militares e bandidos, onde a última vítima foi o soldado PM Elvis – o soldado Elvis Santos Silva estava em uma moto, quando foi abordado por dois bandidos, na principal avenida do bairro Vila Nova de Colares, na Serra. Elvis, que estava de folga e sem farda, tirou o capacete e os bandidos efetuaram os disparos após o reconhecerem como policial. Os criminosos levaram a pistola e o capacete do PM.
Outra questão importante é que, na maioria das vezes, a ação policial contra infratores é questionada e criticada pela imprensa (e aqui não se é contra a fiscalização exercida pelos órgãos de controle interno e externo, e menos ainda aquela realizada pelo controle social). Todavia, vemos um tratamento diferente dado pela imprensa em outros países, principalmente quando um policial é vitimado. É só vermos como foram tratados os casos onde policiais foram assassinados nos Estados Unidos e mais recentemente na França.
Na atualidade não é mais cabível discurso retrógado carregado de rancor (discursos que pararam no tempo, período que nos remete aos governos militares; falas que, ou colocam o policial como um cidadão de segunda classe, ou o colocam como opressor da sociedade).
Não é possível imaginar (além dessas doutrinas) o policial como o capitão do mato ou o algoz da sociedade, porque, na verdade, o policial não serve a governos; ele é, sim, um servidor do Estado que é a representação da própria sociedade. Agressão a um policial não é apenas a agressão a uma pessoa, mas sim uma ofensa a toda sociedade e, por isso, é importante reagir.
Nesse cenário, deve-se despertar o debate público, pois a carreira policial, como carreira típica de Estado, deve ser defendida, porque se existem Estados sem Exércitos, não existem Estados sem seu aparato policial.
A Polícia e os policiais são atores importantes na mediação de conflitos. As ações policiais são, em grande parte, assistenciais ou de socorro. Logo, além de servir e proteger, os policiais militares trazem consigo o dever de defender a sociedade mesmo com o sacrifício da própria vida.