Estão de parabéns as equipes de investigadores da 2ª Delegacia Regional da Polícia Civil (Vila Velha) e do 20º Distrito Policial (Centro de Vila Velha), comandadas, respectivamente, pelo delegado Marcelo Nolasco e pela delegada Ana Cecília Mangaravite. As equipes prenderam mais um suspeito de assaltar o Convento da Penha e agredir covardemente o Frei Pedro Engel, de 80 anos: trata-se de José Luiz Lemos, que é irmão de Francisco Honorato Júnior e amigo de José Rodrigo Lopes (ex-funcionário do Convento da Penha), que já tinham sido presos na última segunda-feira (06/03).
Os três suspeitos já estão com Mandados de Prisão Preventiva decretada pelo juiz da 7ª Vara Criminal de Vila Velha, José Augusto Farias de Souza. José Rodrigo e Francisco Honorato Júnior tiveram suas prisões temporárias convertidas em preventivas na tarde de quinta-feira (09/03).
José Lemos foi preso em sua casa, no bairro Ilha da Conceição, em Vila Velha, no mesmo local onde reside também seu irmão Francisco. A prisão de José Lemos, que disse trabalhar como pedreiro, foi feita pessoalmente pelo delegado Marcelo Nolasco e equipe. De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), investigações da Polícia Civil apontam que, até o dia do assalto ao Convento da Penha – 13 de fevereiro –, José Luiz não tinha dinheiro sequer para pagar passagem de ônibus. Estava devendo vários meses de pensão alimentícia aos seus filhos, pois é divorciado da mulher.
Entretanto, no dia 14 de fevereiro – um dia após o assalto –, ele quitou a dívida com a família, entregando R$ 1.500,00 em espécie à ex-esposa. Não solicitou recibo, como costumava fazer, e ainda disse para ex-mulher que, se ela precisasse de mais dinheiro, poderia contar com ele.
“Minha vida mudou. Daqui pra frente, não fico mais duro”, teria dito José Luiz para a ex-esposa. Ele não tem emprego fixo, diz apenas que é “autônomo” e que trabalha como “pedreiro”.
A Polícia Civil não apreendeu nenhuma quantia com José Luiz, mas apurou que ele gastou dinheiro no dia posterior ao crime e no Carnaval. O suspeito alegou que tinha dinheiro guardado em casa para poder ter feito os gastos descobertos pelas investigações. A Polícia Civil descobriu que José Luiz foi levado de moto de sua casa até o Convento na garupa de seu irmão, Francisco. Numa segunda moto, foram o executor do roubo (como piloto) e José Rodrigo Lopes (este já está preso), de carona.
Esse quarto homem (que pilotava a moto que conduziu Rodrigo) ainda não teve identidade conhecida, mas a Polícia Civil já tem certeza que foi ele quem rendeu o frei, pois foi reconhecido pela vítima, além de ter tido sua imagem gravada pelo circuito de TV do Convento. Indagado sobre quem seria esse homem, José Luiz teria dito, de maneira debochada: “Esse cara é alguém que milagrosamente apareceu em minha casa e me levou para rezar no Convento”. José Luiz afirmou em depoimento que tinha o hábito de ir ao Convento “rezar”.
Esse quarto homem é o sujeito que entrou no escritório do Frei Pedro Engel, o amarrou e o espancou, além ter recolhido o dinheiro que estava no cofre – o valor total não foi informado para não atrapalhar as investigações. Existe a possibilidade ainda de ter a participação de um quinto homem no assalto, cujo rosto não foi visto pelo Frei Pedro. As equipes da 2ª Regional e do 20º Distrito Policial trabalham também para chegar a um quinto assaltante. A presidência do Inquérito Policial está sob a responsabilidade da delegada Ana Cecília Mangaravite.
O assalto ao Convento da Penha ocorreu no dia 13 de fevereiro deste ano, em plena crise da segurança pública provocada pelo aquartelamento dos policiais militares. Aborrecido com a crise e os altos índices de violência por conta da falta de policiamento nas ruas – o Estado sofreu uma onda de ataques e incêndios a ônibus, arrastões ao comércio e mais de 200 homicídios em apenas 22 dias de motim dos militares –, o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, André Garcia, acabou declarando para a imprensa, um dia após o roubo ao Convento, que estava investigando a possibilidade de a ação ter sido realizada por policiais militares.
A fala do secretário provocou revolta na tropa. E, como se vê, pelo menos até agora nenhum dos bandidos presos tem qualquer ligação com a Polícia Militar.