Em meio a maior crise instalada na segurança pública do Estado, deflagrada no dia 3 deste mês com o movimento das esposas e familiares de policiais militares – que promoveram uma greve na corporação –, o governo iniciou mudanças no Alto Comando da Polícia Militar. Diante das críticas feitas pelo secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, André Garcia, à falta de informações mais concretas que pudessem levar o governo a antecipar o movimento das mulheres, foi trocado o Diretor de Inteligência da PM (Dint). No lugar do coronel Cassio Clay Basseti entrou o coronel Douglas Caus, um dos oficiais com larga experiência no setor.
Douglas Caus era o diretor de Saúde da PM e já assumiu a direção da Dint. Já o coronel Cassio Bassetti foi para a Diretoria de Tecnologia da Informação e Comunicação. Logo nos primeiros duas da crise, o governo já havia mudado o comandante-geral da PM, saindo Laércio Oliveira e entrando em seu lugar o coronel Nylton Rodrigues Ribeiro Filho.
Assim que o movimento das famílias dos militares estourou numa sexta-feira (03/02), na sede da 2ª Companhia do 6º Batalhão (Serra), no bairro Feu Rosa, a onda de protestos dos policiais e seus familiares e amigos ganhou as redes sociais. De forma instantânea e orquestrada, eles anunciaram bloqueio de todas as unidades da PM no Estado interior para o dia seguinte. O então diretor de Inteligência da PM, coronel Cassio Bassetti, repassou informes para a Sesp, mas, na avaliação do secretário André Garcia e de sua equipe, as informações não apresentavam a verdadeira dimensão do que seria o movimento nos dias seguintes.
Além disso, o então comandante-geral da PM, coronel Laércio Oliveira, se ausentou do Estado na sexta-feira (03/02), indo a Belo Horizonte assistir a cerimônia de formatura de um familiar. A ausência do comandante justamente naqueles momentos delicados irritou o secretário André Garcia e o governador em exercício, César Colgnago. Por isso, Laércio Oliveira foi substituído.
Em março deste ano, a Diretoria de Inteligência da Polícia Militar do Espírito Santo estará completando 19 anos de existência. Criada no governo de Vitor Buaiz, a Dint tem sido responsável por um grande número de investigações que culminam na prisão de verdadeiras quadrilhas que integram o crime organizado capixaba.
São bandidos que praticam o crime de corrupção, tráfico de drogas e armas, pistolagem, assaltos, seqüestros, dentre outros. A Dint atua, inclusive, contra o “pessoal da casa”. Ou seja, investiga policiais militares acusados de crimes.
Criada por força do Decreto nº 4.328-N, de 28 de agosto de 1998, que Reorganizava o Quadro de Organização da PMES, a Dint substitui a antiga PM-2 (Serviço Reservado da Polícia Militar). A Dint possui como atribuição legal ser “o órgão de direção setorial do Sistema de Inteligência da Polícia Militar do Espírito Santo (SISPES), incumbindo-lhe o planejamento, execução, controle e fiscalização das atividades de Inteligência de interesse da Corporação.”
O Sistema de Inteligência da Polícia Militar (Sipom), como componente do Sistema de Inteligência da Segurança Pública do Estado do Espírito Santo (SISPES), é compreendido pela Diretoria de Inteligência da PMES, na qualidade de Agência Central, e demais Agências de Inteligência da Polícia Militar, estruturado e dotado de pessoal técnico-especializado em obter, processar e difundir dados e/ou conhecimentos.
A Dint, alçada ao status de órgão setorial de direção em 28 de agosto de 1998, possui suas raízes que perpassam pela antiga PM-2, que pertencia ao EMG até então. A PM-2 era reconhecida e prestigiada em todo o Estado, muito em razão da excelência e produtividade apresentada, especialmente no campo operacional. Os agentes de Inteligência da PMES prestam um relevante e inconteste serviço à sociedade capixaba. São verdadeiros heróis anônimos, pois, devido à função que desenvolvem, não podem ser identificados.
Hoje o governo reconhece a importância da Dint. No entanto, nos outros dois mandatos do governo Paulo Hartung, o setor passou por momentos de desorganização e desestruturação, culpa de uma política de ingerência do então secretário da Segurança Pública, Rodney Miranda, que desaparelhou o órgão. O governador Renato Casagrande, entretanto, voltou a investir na Dint, entre 2011 e 2014, dotando o setor de infraestrutura técnica e científica, além de dar liberdade e autonomia para seus agentes (oficiais e praças) agirem de acordo com o que determina a lei brasileira.
O agora novo diretor da Dint, coronel Douglas Caus, foi, aliás, um dos oficiais responsáveis pela estruturação da Inteligência da PM. De volta à casa, Caus tem tudo para fazer mais uma vez um excelente trabalho.