O governador em exercício César Colgnago (PSDB) cogitou pedir ao Exército Brasileiro a indicação do nome de um coronel daquela Força para comandar a Polícia Militar do Espírito Santo. A cogitação foi feita entre a noite de domingo e madrugada de segunda-feira (06/02), quando Colgnago e o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, André Garcia, convenceram o coronel Nylton Rodrigues Ribeiro Filho a assumir a vaga do coronel Laércio Oliveira, que já havia sido exonerado informalmente pelo governo.
Desde segunda-feira, tropas do Exército já patrulham as ruas da Grande Vitória devido à falta de policiamento. Os policiais alegam que estão impedidos de sair com suas viaturas dos quartéis porque seus familiares e amigos bloquearam as entradas das unidades policiais desde sexta-feira (03/02).
De acordo com informações colhidas junto a outros coronéis da PM, o coronel Laércio, que ficou apenas 21 dias no cargo, foi exonerado porque teria se recusado a cumprir ordens do governo, que teria exigido que o Comando-Geral da PM retirasse à força os familiares dos policiais militares das entradas dos batalhões e das demais unidades da PM.
Já na segunda-feira de manhã, tão logo tomou conhecimento oficial de sua exoneração, o próprio coronel Laércio fez questão de ir ao Quartel do Comando Geral da PM, em Maruípe, para se despedir do Alto Comando. Ele comentou com alguns coronéis que “a falta de progresso nas negociações com as esposas dos militares” para sair da entrada das unidades foi a causa de sua queda. Nessas conversas com colegas de farda, o coronel Laércio comentou alguns detalhes dos bastidores de sua exoneração. Ele quis deixar claro para os oficiais que na cometeu nenhum ato de covardia e nem de fragilidade.
No domingo (05/02), o Palácio Anchieta fez uma série de reuniões junto com a Sesp e o Comando da PM para encontrar uma saída para a crise iniciada com o bloqueio dos quartéis e a falta de policiamento nas ruas. Porém, ao terminarem uma reunião por volta das 23 horas de domingo, o secretário André Garcia e o governador em exercício César Colgnago – o governador Paulo Hartung encontra-se internado em São Paulo – não haviam acertado ainda a saída de Laércio.
Durante a madrugada de segunda-feira, por volta da 1 hora, o coronel Laércio recebeu uma ligação de André Garcia. Nesse contato telefônico, o secretário da Segurança Pública disse para Laércio que sua permanência no Comando-Geral da PM “era insustentável”.
Nessa conversa, o próprio André Garcia propôs que o coronel Laércio pedisse exoneração, por entender que seria “mais elegante”. O secretário, entretanto, não exonerou o comandante-geral pelo telefone. Acertaram que a exoneração ocorreria na segunda-feira de manhã, após uma reunião com o Alto Comando.
Ainda na madrugada de segunda-feira, o agora comandante-geral da PM, coronel Nylton Rodrigues, recebeu uma ligação do governador em exercício, César Colnago. Na conversa, Colgnago fez o convite a Nylton, afirmando que o coronel Laércio já perdera o comando e o único nome que eles (Colgnago e André Garcia) aprovavam era o dele (Nylton Rodrigues).
Nylton Rodrigues pediu alguns minutos para dar a resposta. Como bom oficial e respeitador da ordem, disciplina e hierarquia que caracterizam um militar, o coronel Nylton alegou que, primeiramente, teria que comunicar o fato ao seu comandante, o coronel Laércio.
Nessa conversa, também por telefone, com seu colega de farda Laércio Oliveira, o coronel Nylton Rodrigues falou do convite, lamentou a situação de Laércio e informou que o vice-governador César Colgnago disse que se ele (Nylton) não aceitasse o convite, o Comando-Geral da Polícia Militar seria dado a um coronel do Exército.
Laércio Oliveira, então, falou sobre o pedido de exoneração e disse para Nylton Rodrigues se sentir à vontade para aceitar que apresentaria seu pedido pela manhã. Não foi preciso, porque o coronel Laércio recebeu a informação de sua exoneração por meio do programa “Bom Dia ES”, da TV Gazeta, que transmitia ao vivo uma entrevista coletiva do secretário André Garcia. O anúncio da exoneração foi feito por Garcia nessa coletiva de imprensa.
Outro detalhe: a exoneração do coronel Laércio e a nomeação de seu sucessor ainda não foram publicadas no Diário Oficial do Estado.