Esposas e filhos de policiais militares do Espírito Santo iniciaram na manhã desta sexta-feira (03/02) uma manifestação em frente à sede da 2ª Companhia do 6º Batalhão (Serra), no bairro Feu Rosa. Elas impedem a saída das viaturas, num protesto contra os baixos salários pagos pelo governo do Estado aos militares capixabas, que estão há três anos sem sequer receber a recomposição da inflação. O soldado da PM do Espírito Santo recebe hoje o pior salário do País, dentre os 26 estados e o Distrito Federal: a remuneração é de apenas R$ 2.646,112.
“Estamos aqui reivindicando pacificamente reajuste salarial para os militares estaduais. O governador (Paulo Hartung) desconhece os problemas que enfrentamos em casa, como a falta de alimentos, sem dinheiro para comprar remédios e outros gastos com nossos filhos”, disse a esposa de um policial militar.
Ao mesmo tempo, as associações representativas de classe da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar (Assomes, Asses, Aspomires, ACS e ABMES) se reuniram e decidiram enviar ofício ao governador do Estado em que reivindicam uma reunião com Paulo Hartung até o fim da primeira quinzena de fevereiro.
No ofício, os dirigentes de classe explicam que pretendem discutir com o governador Paulo Hartung “questões salariais dos Oficiais e Praças das corporações”. “A reunião se faz necessária em face dos policiais e bombeiros militares em relação às perdas salariais dos últimos anos, resultando na indesejada pior colocação no cenário nacional.”
Assinam o ofício os presidentes do Clube dos Oficiais/Assomes, major Rogério Fernandes Lima; da Asses, capitão Paulo Araújo de Oliveira; da ACS, sargento Renato Martins Conceição; da ABMES, sargento Sérgio de Assis Lima; e da Aspomires, capitão RR José Raimundo de Jesus.
Recentemente, as associações de classe e o Comando Geral da PM receberam um estudo elaborado para apurar os salários das PM’s do Brasil, desconsiderando aumentos futuros já previstos em legislações e considerando eventuais vantagens já revogadas, porém que alcançaram os militares da ativa em agosto/2016, comparando tais salários aos praticados na PMES.
O estudo constatou que o soldado da Polícia Militar do Espírito Santo, atualmente, é o mais mal-remunerado do País, ou seja, ocupa a 27ª colocação, estando com remuneração 33% abaixo da média nacional. Já o cabo ocupa a 24 ª colocação estando com remuneração 24% abaixo da média nacional. A situação dramática em que se encontram os cabos e soldados que representam mais de 70% do efetivo da PMES é preocupante, visto que a parca remuneração é um enorme fator de desmotivação para os servidores que atuam na atividade fim da PMES.
De acordo com os estudos, “as remunerações da PMES se encontram abaixo da média salarial em todos os postos e graduações, sendo que, o último aumento recebido pela categoria foi no ano de 2014. Junta-se a esse cenário uma falta de perspectiva de ascensão profissional, através de promoções, nos vários postos e graduações.”
Segundo os estudos, os “baixos salários são, naturalmente, um convite à atividade extra-remunerada, o conhecido bico, em que o policial de folga se coloca de forma irregular à disposição do particular oferecendo-lhe segurança particular ou então da tendência de o policial abrir novas frentes de negócio, dedicando boa parte de seu tempo e das suas energias na nova atividade, fazendo da PMES o seu bico.”
“Solicitamos uma audiência com o governador Paulo Hartung haja vista que a questão salarial de nossos militares estaduais é caótica. Temos vários relatos de policiais militares e bombeiros militares que têm pedido ajuda as associações de classe, as ajudas são desde cesta básica, medicamentos, planos de saúde e outros. O quadro é muito grave, nossos policiais têm cortado tudo que podem e estamos no limite, muitos já cortaram escola dos filhos, planos de saúde e está difícil manter as contas em dia. Os policiais estão com alugueis atrasados, contas de energia e água cortadas, taxas de condomínios atrasadas. Enfim, enfrentamos um cenário que há muito tempo não se via na PMES”, disse o presidente do Clube dos Oficiais, major Rogério, que acrescentou:
“São três anos sem o mínimo que é a revisão geral anual. O nosso soldado hoje tem o pior salário do País. E preciso que o governo estadual atende para esta categoria que se dedica a proteger a sociedade capixaba, proporcionando, junto com os demais atores, a maior redução nos índices de homicídios do País”.