Se o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva assumir o Ministério da Casa Civil, como a presidente Dilma Rousseff (PT) pretende, ele vai ter o poder de nomear sete diretores para o Departamento Geral de Polícia Federal, a mesma polícia que o investiga pela suspeita de receber propina de empreiteiras beneficiadas com desvio de bilhões de reais da Petrobras. A Presidência da República nomeia tão somente o diretor-geral da instituição.
Outro exemplo da bagunça administrativa criada para prejudicar o bom funcionamento da Polícia Federal: ao Ministro da Justiça, cabe a nomeação de coordenadores, chefes de Divisão, superintendentes e corregedores regionais. Ao diretor-geral da PF, cabe a missão de nomear os chefes de Delegacias e setores do mesmo nível.
Por enquanto, a posse de Lula como chefe da Casa Civil está travada no Supremo Tribunal Federal. Ele já havia sido nomeado pela presidente Dilma e chegou a tomar posse, numa solenidade tumultuada, em Brasília, por conta de protesto de manifestantes em favor do impeachment da Presidente. Por entender que Lula se tornara ministro apenas para ganhar foro privilegiado nas investigações da Lava Jato, o STF suspendeu a sua posse.
Entretanto, se o STF, ao julgar o caso, decidir que ele pode assumir o cargo, o ministro Lula vai ter o direito de nomear delegados de sua preferência para os seguintes cargos na estrutura da Polícia Federal: Diretoria Executiva (Direx), Diretoria de Combate ao Crime Organizado (Dicor), Corregedoria-Geral de Polícia Federal (Coger), Diretoria de Inteligência Policial (DIP), Diretoria Técnico-Científica (Ditec), Diretoria de Gestão de Pessoal (DGP) e Diretor de Administração e Logística Policial (DLOG).
A essas diretorias, estão subordinadas diversas coordenadorias, cujas nomeações de dirigentes já passam para a esfera do Ministério da Justiça. É para acabar com essa balbúrdia que a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal lutam em favor da autonomia administrativa da PF.