O presidente da Associação Nacional de Delegados de Polícia Federal, Carlos Eduardo Miguel Sobral, disse em nota divulgada ainda há pouco que a categoria recebeu com extrema preocupação a notícia da iminente saída do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em razões de pressões políticas para que controle os trabalhos da Polícia Federal.
Segundo ele, os delegados federais reiteram que defenderão a independência funcional para a livre condução da investigação criminal e adotarão todas as medidas para preservar a pouca, mas importante, autonomia que a instituição Polícia Federal conquistou.
“Nesse cenário de grandes incertezas, se torna urgente a inserção da autonomia funcional e financeira da PF no texto constitucional. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal permanece compromissada em fortalecer a Polícia Federal como uma polícia de Estado, técnica e autônoma, livre de pressões externas ou de orientações político-partidárias. Contamos com o apoio do povo brasileiro para defender a Polícia Federal”, destacou o dirigente Carlos Eduardo Cabral.
Segundo a Folha de São Paulo, o ministro José Eduardo Cardozo deve oficializar ainda nesta segunda-feira sua saída do cargo. Ele participa logo mais da reunião da coordenação política com a presidente Dilma Rousseff, com quem já conversou no fim de semana sobre sua situação no governo.
Cardozo vem sendo muito cobrado pelo seu partido (PT) e pelo ex-presidente Lula por não controlar a Polícia Federal e acabar permitindo investigações que afetam o PT especialmente o ex-presidente. Der acordo com O Globo, a reunião do Diretório Nacional do PT, no último fim de semana no Rio, teria sido a gota d´água para a decisão de Cardozo, na qual foi muito criticado e aumentou o seu desejo de deixar o Ministério da Justiça.
Em outubro do ano passado, a operação de busca e apreensão feita pela Polícia Federal no escritório da LFT Marketing Esportivo, de Luis Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, fez crescer no PT a insatisfação com o ministro Cardozo. Também há reclamações sobre supostos excessos na Operação Lava-Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras, e de vazamentos considerados seletivos. Lula tenta derrubar Cardozo desde o final do ano passado, mas, nesse período, Dilma já fez duas reformas ministeriais e não mexeu na pasta da Justiça.