O governador Paulo Hartung acaba de perder um forte aliado e um excelente estrategista dentro do governo. O coronel da reserva remunerada José Nivaldo Campos Vieira pediu demissão do cargo de secretário-Chefe da Casa Militar. O ato da exoneração, a pedido, está publicado no Diário Oficial do Estado desta terça-feira (03/11).
Ao mesmo tempo, o governador nomeou o tenente-coronel PM Daltro Antônio Ferrari Júnior para a vaga do coronel Nivaldo. Ferrari era subsecretário da Casa Militar desde o governo passado, de Renato Casagrande.
De acordo com fontes do Palácio Anchieta, o coronel Nivaldo pediu para deixar a Pasta para se dedicar mais as suas empresas de segurança. Nivaldo é um dos donos do Grupo SEI – Segurança e Inteligência.
O curioso nessa mudança é o fato de um oficial – que se tornou gramas a sua competência e empreendedorismo, num empresário bem sucedido, que é coronel Nivaldo – ficar no cargo por apenas 10 meses. Paulo Hartung, ao colocar um tenente-coronel para comandar a uma secretaria super estratégica, que é a Casa Militar, quebra mais uma vez uma velha tradição nos meios militares: o cargo normalmente é ocupado por um coronel.
Um secretário de Estado tem mais autoridade, dentro de uma hierarquia administrativa, do que um Comandante Geral da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. O governador Hartung pode, assim, estar instalando uma crise institucional, pois, em tese, o tenente-coronel Ferrari passa a mandar mais do que os atuais comandantes-gerais da PM e do Corpo de Bombeiros, respectivamente, os coronéis Marcos Antonio Souza do Nascimento, e Carlos Marcelo D’Isep Costa.
Pode ser que no dia-a-dia a nomeação de um tenente-coronel para o cargo de secretário-chefe da Casa Militar possa parecer um fato banal, corriqueiro. No entanto, nas reuniões de secretariado – como os encontros que avaliam o desempenham da segurança pública e analisam os números da redução ou aumento da violência –, em que os comandantes-gerais da PM e do Corpo de Bombeiros se fazem presentes, os coronéis Marcos do Nascimento e Carlos D’Isep ficarão numa posição de desconforto. Ou, provocarão desconforto ao tenente-coronel Ferrari.
Nessas reuniões, os dois comandantes terão, pela primeira vez, um oficial menos graduado na composição da mesa, ao lado do governador do Estado e de outros secretários, e se posicionarão em outros assentos. Uma verdadeira quebra de hierarquia.
Apesar de seus outros oito anos como governador, parece que Paulo Hartung – por melhores que sejam suas intenções –, não aprende.
(Texto atualizado às 16h32 do dia 03/11/2015)