O Pronto Atendimento Militar (PA), localizado dentro do Hospital da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo, em Bento Ferreira, em Vitória, está fechado. Depois de passar décadas à espera de investimentos do governo do Estado, desde às 19 horas desta segunda-feira (19/10) o PA Militar deixa de atender os policiais militares, seus familiares e a população em geral.
O fechamento foi oficialmente comunicado pela chefe do Pronto Atendimento, a major-médica Silvana Duarte, em documento encaminhado na manhã desta segunda-feira ao diretor do HPM, o coronel-médico Carlos Agostinho Kunsch. O Blog do Elimar Côrtes teve, com exclusividade, acesso ao ofício da chefe do PA Militar
“É com imensa tristeza que vos informo que a partir das 19 horas do dia 19/10/2015 o Pronto Atendimento terá suas portas fechadas para atendimento ao público em decorrência da NÃO possibilidade de manter-se a Escala de Médicos de forma ininterrupta, visto que na última semana, após 2 contratos de 40 horas semanais referentes às doutoras Mareschi (há 3 anos prestando serviços no PA) e Suellen (há 1 ano prestando serviços no PA) terem sido por mim assinados, foram, conforme relato verbal das doutoras, recusados pela SESA (Secretaria de Estado da Saúde)”, diz o primeiro parágrafo do ofício assinado pela major-médica Silvana Duarte.
O chefe do PA Militar conclui, dizendo ao diretor do HPM, coronel Agostinho, que aguarda instruções e pede que sejam adotadas “medidas cabíveis e necessárias para diminuir riscos e perdas tanto para todos os profissionais de saúde aqui alocados quanto para a família policial militar que utiliza-se deste Serviço”.
Procurada pelo Blog do Elimar Côrtes, a major-médica Silvana Duarte disse que não pode comentar o fechamento da unidade hospitalar da qual é a chefe, alegando que, por ser militar, deve satisfação aos “meus superiores”. Outros dirigentes do HPM foram procurados, mas não foram localizados.
Há décadas, oficiais e praças da PM vêm denunciando o descaso do governo do Estado na gestão do Hospital da Polícia Militar. Em setembro deste ano, o coronel-médico da Reserva Remunerada da PM Antonio Francisco Louzada Gomes,em artigo publicado no Blog do Elimar Côrtes, relatou a atual situação do HPM, que completou 23 anos no mês de setembro – foi fundado há 23 anos.
“A sociedade capixaba precisa saber que este hospital está sendo desativado lentamente pelo Governo do Espírito Santo…Já temos leitos sendo desativados; faltam médicos para realização de procedimentos, por ausência de concurso público há mais de 20 anos; serviços antes realizados estão sendo suspensos. Não dá para entender o porquê de tanta negligência do Governo com a saúde dos militares. Será que o que se quer é entregar esta estrutura, construída em parte com dinheiro dos militares e também com verba federal, para a Secretaria de Saúde ou alguma organização social civil? Caso o HPM venha a ser extinto, a responsabilidade será de vários órgãos públicos que não se manifestam no sentido de preservar este Hospital, inclusive, alguns Comandantes Militares também deverão ser responsabilizados pelos militares e suas famílias que, sem planos de saúde, restarão obrigados a enfrentar as dificuldades dos Hospitais da Secretaria de Saúde do Estado do Espírito Santo (SESA), e talvez jogados em macas ou nos chãos, dividindo espaços até com criminosos”, denunciou o coronel-médico Louzada.