Jucelio Nascimento Porto, 39 anos de idade. Profissão: Cabo da Polícia Militar do Espírito Santo. Nome de guerra: Porto. Data da incorporação: 19 de agosto de 1996. Lotado no 6º Batalhão da PMES (Serra), desde que vestiu a farda da “briosa” pela primeira vez. Foi lá que fez o Curso de Formação de Soldados (CFSd).
São informações que passariam “batidas” não fosse um detalhe: Cabo Porto é um dos maiores recordistas de elogios operacionais na história da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo, que em abril deste ano fez 180 anos – sendo a mais antiga e mais confiável instituição do povo capixaba. Cabo Porto já recebeu mais de 390 elogios em sua carreira e pelo menos 40 prêmios de ‘Destaque Operacional” no âmbito do 6º BPM. No entanto, ele mantém a humildade e a simplicidade, adjetivos que o tornam admirado pela tropa:
“Recordista de elogios? Não me considero (recordista), pois seria uma forma de individualidade, coisa que no meu serviço jamais pode existir. Cada elogio, cada ocorrência, cada prêmio ou cada ‘Destaque Operacional’, divido com amigos que também doam suas vidas comigo. São policiais honrados que passam até mesmo horas sem beber um simples copo d´água para proteger a sociedade. Divido também com minha família e a de cada parceiro de serviço. Somos um corpo, um time que se completa”, diz cabo Porto.
“Eu diria que cabo Porto, além de sério, correto, humilde e grande amigo, é uma máquina de trabalhar. É uma máquina de tirar criminosos das ruas, de ajudar a sociedade capixaba. Eu sinto orgulho de tê-lo como colega de farda e amigo pessoal”, diz o vice-presidente da Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Bombeiro Militar do Estado do Espírito Santo (ACS/ES), cabo PM Júlio Maria.
“Agradeço muito o elogio, porque sei que a ACS/ES possui diretores e profissionais dignos de exemplo e dedicação. A ACS/ES está sempre valorizando e incentivando os policiais e bombeiros militares. Confio muito no trabalho que foi feito pela atual diretoria e que ainda virá ainda na entidade”, completa cabo Porto, nesta entrevista ao Blog do Elimar Côrtes.
Blog do Elimar Côrtes – Quando entrou na Polícia Militar e por quais unidades já passou?
Cabo Porto – Entrei para o serviço público em 1996, formado no 6º Batalhão, onde estou desde então.
– Quantos elogios já recebeu?
– Hoje, com orgulho e muita dedicação, possuo mais de 390 elogios operacionais. Deste total, vários foram por ‘Destaque Operacional’ de toda a unidade e também de toda a corporação, quando o elogio é dado pelo Comando Geral da PM e pelo governador do Estado. Também ganhei elogios da Câmara de Vereadores da Serra, Assembleia Legislativa e da Justiça, por meio de magistrados da Comarca da Serra. Ainda possou vários agradecimentos e elogios dados por toda a comunidade serrana, principalmente na área da Grande Jacaraípe.
– Em que circunstâncias o policial recebe elogio na ficha?
– Recebem elogios, sendo neste caso, elogios operacionais, policiais que se destacam em diversos tipos de ocorrências, como grande apreensão de drogas, detenção de pessoa de altíssima periculosidade, dentre outras de grande repercussão.
– O que significa para o senhor cada elogio recebido?
– Cada elogio recebido significa uma grande repercussão positiva na ficha individual de cada militar, além, é claro, de uma grande satisfação pessoal. Mas, o maior elogio que um policial possa ganhar, é um simples sorriso daquela pessoa que tanto confiou e dependeu de você.
– Como se sente sendo o recordista de elogios na Polícia Militar?
– Recordista de elogios? Não me considero, pois seria uma forma de individualidade, coisa que no meu serviço jamais pode existir. Cada elogio, cada ocorrência, cada prêmio ou cada ‘Destaque Operacional’, divido com amigos que também doam suas vidas comigo. São policiais honrados que passam até mesmo horas sem beber um simples copo d´água para proteger a sociedade. Divido também com minha família e a de cada parceiro de serviço. Somos um corpo, um time que se completa.
– Quantos prêmios de ‘Destaque Operacional’ o senhor já recebeu?
– São vários. Tenho um arquivo muito bom, com vários certificados, tanto no âmbito do 6º Batalhão, que são mais de 40, como também em nível de toda a corporação. Em 2005, por exemplo, conquistei o prêmio de ‘Destaque Operacional’ de toda a Polícia Militar do Espírito Santo.
– Quantas prisões o senhor já efetuou em toda carreira?
– Sinceramente, não tem como responder. Para se ter uma ideia, a minha equipe faz, em média, dois flagrantes por dia; às vezes, até com mais de um preso por ocorrência. Imagina, então, que são quase 19 anos somente de serviço operacional.
– Por ter se tornado numa máquina de trabalhar, o senhor já se deparou com situações arriscadas nas ruas?
– Em 2004, fizemos uma mega operação na antiga invasão de Lagoinha, na Grande Jacaraípe, onde prendemos vários traficantes e apreendemos mais de 10 quilos de drogas. Um dos bandidos se chamava Sherek. Sete meses depois da operação, fui com meu filho, então com dois anos de idade, a um supermercado em Jacaraípe. Eu estava com o menino no colo, quando uma pessoa deu um tapa em minhas costas. Quando virei para ver quem era, fiquei surpreso e, ao mesmo tempo, temeroso, porque, afinal, estava com um bebê no colo. O cidadão era o Sherek, que ficou na cadeia apenas sete meses. Ele virou-se para mim e disse: “E aí, tô na pista de novo”. Ele saiu e foi embora e eu voltei para casa com meu filho. Graças a Deus, não aconteceu nada.
– Existem histórias marcantes por trás das premiações recebidas pelo senhor?
– Existem muitas. Uma delas aconteceu em 2005. Eu estava indo para a Assembleia Legislativa receber o prêmio de ‘Destaque Operacional’ de toda a Polícia Militar, numa cerimônia bastante concorrida e importante. Estava fardado e em uma viatura quando, nas proximidades do Vitória Apart Hospital, em Carapina, vislumbrei, com meus parceiros, dois homens em uma mota em atitude suspeita.
Eles perceberam que eu encarava para eles e saíram em disparada. Iniciamos a perseguição, passando pelo Aeroporto, Jabour e Goiabeiras. Perto de Maria Ortiz, conseguimos abordar os dois homens. Dentro da mochila deles, havia mil bolas de haxixe.
Eu já tinha perdido a cerimônia do Destaque Operacional, mas, mesmo assim, conduzimos os suspeitos ao DPJ (Departamento de Polícia Judiciária) de Vitória, na Reta da Penha. Descobrimos que os criminosos compraram a droga em um bairro da Serra e iam distribuir as mil bolas de haxixe em Guarapari. Mas eu não perdi o prêmio. Num gesto grandioso, o meu então comandante, capitão Aleixo (Sebastião Aleixo, que hoje é tenente-coronel), que comandava a 2ª Companhia do 6º Batalhão, foi ao DPJ e me entregou a premiação. Foi muito bonito e emocionante.
– Há mais fato a se destacar?
– Em abril do ano passado, eu estava de folga e estava indo ao Fórum da Serra, na Serra/Sede, prestar depoimento em um processo como testemunha de uma ocorrência da qual ajudei a prender os criminosos. Eu chegava em meu carro particular, na rua de trás do Fórum, quando vi dois homens entrando no posto do Banesfácil com o gerente do estabelecimento.
Visualizei o segurança do Banesfácil sendo rendido, com uma arma apontada para sua cabeça. Os bandidos entraram na loja e fizeram clientes e funcionários de reféns. Nisso, liguei para colegas que estavam em outras viaturas. Vi os dois assaltantes saindo da loja carregando um malote e entrando em um veículo, onde eram aguardados por um terceiro elemento. Eles saíram em alta velocidade e eu passei a persegui-los. Passamos por vários bairros, ao mesmo tempo em que eu ia telefonando para outros colegas indicando a posição dos ladrões, que acabaram sendo interceptados e presos no viaduto de Campinho da Serra.
– O senhor é casado e tem filhos?
– Sou casado e tenho dois lindos filhos, e acrescento que família é a base de tudo, sendo a minha esposa, minha maior conselheira.
– Quem foi a pessoa que mais incentivou sua carreira policial?
– A que mais me incentivou e orientou foi minha eterna mestre em tudo: minha mãe, que, onde quer que esteja, sempre terá orgulho do filho.