O soldado da Polícia Militar Eduardo Silva Júnior, 21 anos, que foi seqüestrado, torturado e assassinado com tiros na cabeça, pode ter sido vítima de crime passional praticado a mando de um traficante da região Sul do Espírito Santo. O traficante suspeitou que o jovem militar estaria tendo um relacionamento amoroso com uma de suas ex-namoradas. Por isso, contratou seus “soldados” para praticar o crime e simular um assalto. Uma mulher pode ter sido usada como isca para levar o policial onde os bandidos o encontrariam.
O corpo de Eduardo foi encontrado na manhã desta quarta-feira (11/03), em um canavial no interior de Itapemirim. Eduardo estava desaparecido desde a noite de terça-feira após ter sido vítima de um suposto sequestro relâmpago em Itapemirim. O carro do PM, um Corolla, foi encontrado incendiado no município de Vargem Alta, na madrugada desta quarta-feira.
As primeiras informações indicaram que três criminosos pediram a um taxista, que atua na praça Jerônimo Monteiro, em Cachoeiro de Itapemirim, uma corrida até o bairro União. Logo em seguida, mais dois criminosos entraram no táxi e anunciaram o assalto. Eles disseram ao taxista que pretendiam roubar outro carro, um Toyota Corolla ou Honda Civic.
Foram para Marataízes, onde os bandidos abordaram o soldado Eduardo, que estava em um Corolla e à paisana (sem farda), junto com uma mulher. Os bandidos colocaram o policial dentro de um carro e mais tarde abandonaram o taxista, que, por volta das 22h40 ligou para a polícia informando o crime. Alegou que havia sido abandonado no bairro Garrafão, em Itapemirim, e que os bandidos estavam com um refém em um Corolla.
Tão logo o corpo de Eduardo foi localizado, a Polícia Civil deu início às investigações e de imediato descartou a hipótese de latrocínio (roubo com morte). Alguns motivos contribuíram para as convicções dos investigadores: se queriam roubar um Corolla, porque os bandidos o destruíram? Outra convicção foram as marcas de tortura no corpo do policial, o que demonstra algum tipo de vingança. O soldado levou, ao todo, 13 tiros. Sete disparos atingiram o rosto. Um dos tiros foi no olho direito, mais uma das marcas de vingança dos traficantes. Antes de ser baleado, o militar foi “impiedosamente torturado”, conforme descrição de um dos peritos que estiveram no local do crime.
Na tarde desta quarta-feira, o secretário de Defesa Social e Segurança Patrimonial de Marataízes, o coronel da reserva da PM Marcos Gazzani, deu entrevista em que disse acreditar que o sequestro seguido de assassinato do policial militar Eduardo “pode ter sido por crime passional, um envolvimento amoroso.”
Segundo o coronel Gazzani, “levando em conta a maneira como o crime aconteceu, é estranho pensar na possibilidade contada pelo taxista”, já que, segundo ele, os bandidos incendiaram o carro Corolla, que pertencia ao militar, que inicialmente tinham intenção de roubar.
“A versão inicial era que os criminosos saíram de Cachoeiro para roubar um Corolla ou um Honda Civic, em Marataízes. Eduardo estava disponível para eles conseguirem o que queriam. Não tinha necessidade de o amarrarem, darem tiro na cabeça dele e incendiarem o veículo”, comentou o crime, Gazzani.
A Polícia Civil mantém o taxista sob vigilância, pois acredita que ele possa estar envolvido na trama da morte do soldado Eduardo. Para os investigadores de Itapemirim, Marataízes e Cachoeiro – ouvidos pelo Blog do Elimar Côrtes durante o dia –, que ajudam nas investigações, o taxista pode estar mentindo para dar cobertura ao traficante que ordenou a morte do policial. O traficante que ordenou o sequestro, tortura e assassinato do policial é conhecido como Maicão (foto).
“Acreditamos que o taxista tenha levado os bandidos ao lugar exato onde sabia que encontrariam o policial Eduardo. Acreditamos também que a mulher que estava com o policial fosse a isca para levá-lo até os bandidos”, disse um investigador. Agentes do Sistema de Inteligência da Polícia Militar (Sipom) e do Serviço Reservado dos Batalhões da PM na Região Sul ajudam nas investigações e na tentativa de prender os assassinos do soldado Eduardo. A caçada aos criminosos é ininterrupta. Dois dos suspeitos já foram presos.
Os investigadores têm certeza ainda da participação de mais criminosos, que estariam em um terceiro veículo para dar fuga aos bandidos que levaram o Corolla do policial Eduardo para ser incendiado em Vargem Alta. “Após queimar o carro, como eles desceram a Serra de Soturno, em Vargem Alta, até Cachoeiro? São 20 quilômetros de distância e eles não iriam a pé”, responde um dos policiais envolvidos nas investigações.
Este blog já obteve fotos moça que serviu de isca para levar o policial Eduardo aos assassinos, mas somente vai divulgar depois que ela se tornar oficialmente uma das suspeita do crime. Maicão, por sua vez, e outros criminosos já foram identificados oficialmente como suspeitos.
Colegas de farda oferecem recompensa para quem denunciar criminosos
A Associação de Cabos e Soldados da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros (ACS/ES) oferece recompensa de R$ 5 mil para a denúncia que aponte os acusados do assassinato. O diretor da Regional Sul da ACS, cabo PM Clayton Siqueira (foto), ressaltou que as informações devem ser feitas pelo telefone do Disque denúncia 181, da Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social.
Um misto de revolta e indignação tomou conta dos policiais militares lotados nos Batalhões e Companhias Independentes do Sul do Estado depois de confirmada a morte do policial militar Eduardo Silva Júnior. O corpo do soldado foi encontrado por volta das 10h40, em um canavial na localidade de Brejo Grande do Sul, no interior do município de Itapemirim. Trata-se de uma execução. O policial estava amarrado e com várias marcas de tiro no rosto.
Desde cedo, quando a notícia do sequestro de Eduardo ganhou destaque na imprensa e nas redes sociais, formou-se verdadeira comoção. Às 11h, já com a confirmação do assassinato, mensagens de indignação, pesar e revolta, inundaram páginas do facebook e grupos do whatsapp.
Em entrevista à TV Cachoeiro, o cabo Clayton Siqueira, representante da ACS no Sul, afirmou: “Mexeu com um, mexeu com dez mil”, disse, referindo-se ao efetivo da PM. Na mesma entrevistam, ele anunciou que a entidade está oferecendo uma recompensa de R$ 5 mil para quem der informações que permitam identificar e capturar os criminosos.
Em Vitória, o secretário de Estado da Segurança Pública, André Garcia, informou que o taxista envolvido no caso estava sendo ouvido na tarde desta quarta-feira e garantiu que a polícia está empenhada em tentar descobrir os culpados.
(Fotos: Gazeta Online e Folha do Espírito Santo)