Criada em 3 de setembro de 2010, a Delegacia de Atendimento e Proteção às Pessoas Idosas (DAPPI) da Polícia Civil do Espírito Santo tem novo titular. É o delegado Fábio Almeida Pedroto, que chega com a finalidade de contribuir para melhorar a vida de idosos em situação vulnerável. Antes, o atendimento à pessoa idosa era feito pelo Núcleo de Proteção e Atendimento à Terceira Idade (NUPATI), que foi extinto.
A criação da delegacia especializada foi um avanço para a Polícia Civil, pois permitiu dar um tratamento melhor ao assunto, com novos recursos humanos e materiais, dando à pessoa idosa um tratamento mais digno e condizente com a importância deste grupo vulnerável.
A delegacia foi criada na gestão do delegado Júlio César Oliveira Silva como chefe de Polícia, e de André Garcia como secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, no último ano do segundo mandato do governador Paulo Hartung.
Existe na Grande Vitória (exceto Guarapari) uma população aproximada de 1.750.000 pessoas e dentro deste grupo há cerca de 200 mil idosos, com base nos últimos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A Delegacia do Idoso atende aos municípios de Vitória, Cariacica, Vila Velha, Serra e Viana, sendo a responsável por apurar crimes praticados contra o idoso, ou seja, pessoa de idade igual ou superior a 60 anos. Apuram-se os delitos elencados no Estatuto do Idoso, no Código Penal e na Lei de Contravenções Penais, entre outros).
Segundo o novo titular da unidade, delegado Fábio Pedroto, a Delegacia do Idoso é muito importante dentro da estrutura da Polícia Civil:
“É uma especializada que atua diretamente com um público muito vulnerável, que é vitimado, na maioria das vezes, por familiares muito próximos, como filhos, irmãos e netos. Acredito que seja uma das delegacias mais importantes dentro de nossa estrutura, pois investiga em um ambiente desfavorável, em que os autores se aproveitam de muitas fragilidades da vítima, como seus lapsos de memória e dificuldades de locomoção, que muitas das vezes impede que o idoso vitimado consiga levar ao conhecimento da polícia os fatos”.
Fábio Pedroto disse ainda que nos 90% das ocorrências os autores são familiares, em sua maioria filhos. Os principais crimes apurados são maus-tratos contra o idoso e apropriação de proventos.
“Infelizmente cada vez mais há um distanciamento entre pais e filhos, e com o advento da internet isso piorou muito, pois em geral não há mais a proximidade física nas relações, o carinho, a conversa frente a frente. Em nossa rotina ficamos impressionados com algumas condutas de filhos contra seus pais idosos, algo absolutamente impensável há 10 ou 15 anos”, lamenta o delegado Fábio Pedroto.
Para ele, o ideal seria que o atendimento ao idoso vitimado fosse regionalizado, com polos em cada município da Grande Vitória, permitindo um acesso melhor para as vítimas – já que grande parte tem muitas dificuldades de realizar deslocamentos –, atuando, assim, em obediência a princípios consagrados da Dignidade da Pessoa Humana e da Proteção Integral à Pessoa Idosa.
Seria importante também fortalecer as redes de apoio, com serviços disponibilizados com a finalidade de dar suporte às necessidades da pessoa idosa, conforme prevê o estatuto. Um exemplo seria fomentar nos municípios as “Casas-Lar” – residências participativas destinadas a idosos que estão sós ou afastados do convívio familiar e com renda insuficiente para sua sobrevivência.
Para o delegado Fábio Pedroto, “trata-se de alternativa de atendimento que proporciona uma melhor convivência do idoso com a comunidade, contribuindo para sua maior participação, interação e autonomia. Importante também é o trabalho dos profissionais especializados, como assistentes sociais e psicólogos, fundamentais para auxiliar no resgate da vida social da vítima.”
Fábio Pedroto diz que “o idoso tem direito a cultura, esportes, educação, lazer e saúde, e devemos sempre buscar um tratamento digno para eles, e não podemos nos esquecer de que um dia todo nós chegaremos lá”.
Segundo o IBGE, a população total da Grande Vitória (2014) está assim distribuída: Vitória ( 352.104 pessoas); Serra (476.428); Vila Velha (465.690); Cariacica (378.915); e Viana (73.318), totalizando 1.746.455:
“Se considerarmos que a a população da Grande Vitória (âmbito circunscricional desta especializada) gira em torno de quase dois milhões de pessoas, e que o IBGE estima que deste total 11,34 % são pessoas idosas (com 60 anos ou mais), chegamos à seguinte conclusão: a Delegacia de Atendimento e Proteção à Pessoa Idosa tem como público estimado/latente aproximadamente 198.000 pessoas idosas para atendimento”, explica o delegado Fábio Pedroto.
Desta forma, vale destacar a necessidade de se valorizar o trabalho desenvolvido pela delegacia especializada, cada vez mais importante para o desenvolvimento do bem-estar da pessoa idosa. Estimativas do IBGE são de que, em 2060, a população idosa seja de 39% da população total.
“Portanto, temos uma perspectiva de crescimento populacional acentuado, o que só tende a aumentar a demanda da DAPPI da Polícia Civil do Espírito Santo com o passar dos anos”, sintetiza o delegado Fábio Pedroto.