Depois que o ex-titular da Delegacia de Delitos de Trânsito, delegado Fabiano Contarato, se ofereceu para compor a equipe de governo de Paulo Hartung, começam a surgir nomes para integrar o alto escalão da segurança pública do futuro governador do Espírito Santo. Os nomes cotados são o do ex-desembargador federal e agora advogado Henrique Herkenhoff para ser de novo secretário de Estado da Segurança Pública; do delegado Júlio César de Oliveira para assumir, novamente, a chefia de Polícia Civil; e do tenente-coronel Laércio Oliveira para ser, depois de promovido, futuro comandante-geral da Polícia Militar.
De antemão, fontes próximas a Hartung afirmaram ao Blog do Elimar Côrtes que o delegado Fabiano Contarato estaria descartado para compor a cúpula da Segurança, mas poderá ganhar um cargo no Detran. As declarações de Contarato ao jornal A Tribuna, na edição desta quinta-feira (09/10), dizendo ter sido convidado por Hartung para ocupar um cargo de projeção no futuro governo, chegam a ser patéticas.
Fabiano Contarato ficou cerca de um mês de licença médica da Polícia Civil por causa de problemas de saúde, alegados por ele. No entanto, participou ativamente da campanha de Hartung nas ruas. Voltou ao batente nesta quinta-feira, quatro dias após as eleições, e a qualquer momento o atual chefe de Polícia Civil, delegado Joel Lyrio Júnior, publica portaria transferindo Contararo para uma das unidades da Corregedoria Geral de Polícia Civil. Ele queria ser superintendente.
Contarato é considerado uma pessoa instável emocionalmente, perfil que não combina com secretário de Segurança e nem com o de chefe de Polícia Civil. O fato dele ter, inicialmente, dito que não seria candidato nas eleições de outubro; depois decidiu se candidatar ao Senado pelo PR, do senador Magno Malta; mais à frente desistiu da candidatura; continuou dando apoio ao governador Renato Casagrande em sua campanha à reeleição; e, por fim, abandou Casagrande e foi para o barco vitorioso de Paulo Hartung, chamaram a atenção do futuro governador.
Hartung viu nessas idas e vindas de Fabiano Contarato uma atitude que não combina com a de um bom gestor. E tudo que Hartung prega é formar uma equipe de excelentes gestores. Se bobear, nem a direção do Detran – outro sonho de consumo do delegado –, Contarato pegaria. Poderia assumir, no máximo, uma superintendência da Polícia Civil, por conta da força que deu à campanha de Hartung. Mas seria por pouco tempo.
Desta vez, segundo fontes políticas, Paulo Hartung não pensa em inventar um nome para a Secretária de Estado da Segurança Pública, como fizera no passado quando assumiu o governo pela primeira vez e trouxe o delegado federal Rodney Miranda. Desta vez, ele pode ressuscitar o agora advogado Henrique Herkenhoff, que foi o primeiro secretário de Segurança de Renato Casagrande.
Herkenhoff foi procurador da República e depois promovido a desembargador federal. Deixou o cargo, que é vitalício, para retornar ao Espírito Santo como secretário de Segurança Pública, em 2011. Deixou o cargo em março do ano passado depois de divergências dentro do governo por causa da Operação Derrama, realizada pelo Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nuroc) e que prendeu diversos políticos, inclusive a candidata derrotada à Câmara Federal, Norma Ayub, esposa do presidente da Assembleia Legislativa, Theodorico Ferraço (DEM).
Henrique Herkenhoff atuou como advogado da coligação formada pelos partidos que deram apoio a Paulo Hartung nas eleições deste ano. Como secretário de Segurança, teve aspectos positivos e negativos. Pode ter acertado mais do que errou. Um de seus acertos foi ter dado moral aos delegados e investigadores que trabalharam no Nuroc durante sua gestão. Era um secretário explosivo, mas que se dava bem, principalmente, com oficiais da Polícia Militar, com quem sempre se reunia. Foi graças a ele que a PM abriu o quadro de oficiais, criando mais de 40 vagas de tenentes-coronéis.
Na PM, o governador eleito Paulo Hartung ainda não bateu martelo, mas um nome bastante comentado na corporação é o do tenente-coronel Laércio Oliveira, atual subcomandante do Policiamento Ostensivo Metropolitano. Se optar mesmo pelo oficial, Hartung terá o pedir ao atual governador Casagrande para agregar (mandar para a reserva) outros coronéis, para que Laércio seja promovido. Neste caso, estaria tornando comandante um coronel mais novo, o que causa certo constrangimento no Alto Escalão.
É um direito do governador escolher qualquer coronel para comandar a Polícia Militar. Tanto que o primeiro comandante geral de Renato Casagrande foi Anselmo Lima, que acabara de ser promovido. Com Anselmo não houve constrangimento porque ele é tido como “um sujeito gente boa”. Pela tradição, o comandante geral de uma instituição militar é sempre escolhido entre os coronéis mais antigos.
Nomes também surgem para dirigir a Polícia Civil. Um deles seria o do delegado Júlio César de Oliveira, atual chefe da 2ª Delegacia Regional (Vila Velha). O próprio Júlio César, em conversa reservada com amigos e outros delegados, confirma que teria sido sondado para voltar a ocupar o cargo.
Júlio César de Oliveira tem bastante ligação com o ex-secretário Rodney Miranda, atual prefeito de Vila Velha, como o colocou para ser o chefe de Polícia em 2009. Ficou dois anos no cargo, até o final da gestão de Paulo Hartung.
Nada disso – a confirmação de Henrique Herkenhoff para secretário de Segurança; tenente-coronel Laércio Oliveira para comandante-geral da PM; o delegado Júlio César de Oliveira para a chefia de Polícia Civil; e o delegado Fabiano Contarato na direção do Detran ou de uma superintendência –, porém, poderá se concretizar. Mais uma vez, Hartung pode surpreender. Tomara.