Ao participar na manhã desta segunda-feira (08/09) dos funerais do soldado Dayclom Nascimento Feu, de 28 anos, assassinado por traficantes com um tiro na cabeça, dentro de uma viatura do Batalhão de Missões Especiais (BME) da Polícia Militar, enquanto fazia patrulhamento pelas ruas do bairro Padre Gabriel, em Cariacica, o governador Renato Casagrande (PSB) defendeu mudanças urgentes nos Códigos Penal e Processual Brasileiros. Para Casagrande, quem comete assassinatos não deveria mais ser beneficiado com a progressão de pena e quem mata um policial em serviço, deveria ser punido com muito mais rigor:
“A morte desse jovem soldado é uma perda muito grande para toda a sociedade. O que fizeram (assassinato do soldado Feu) foi um ataque ao Estado, um ataque à Polícia Militar. O que nos resta, diante da situação, é pedir para que a Justiça tome uma decisão correta e sábia contra quem cometeu um crime contra o Estado do Espírito Santo. O soldado Feu estava representando o Estado; estava representando toda a população capixaba quando foi morto. A Justiça tem que ser exemplar e visível neste momento para intimidar qualquer outra tentativa de criminosos que pensam em, de novo, desafiar o Estado do Espírito Santo”, comentou o governador Casagrande, na entrada do Cemitério de Santo Antônio, ainda visivelmente emocionado e abalado com a morte do policial Feu.
Casagrande disse ainda que a legislação brasileira “não pode ser tão frouxa em favor de quem mata um policial em serviço”. Ele defende que, quem mata um agente público em serviço, deveria receber uma pena maior. Da mesma forma, o governador Casagrande é contra a progressão de pena para quem pratica crime contra a vida:
“Qualquer pessoa que comete crime contra vida consumado (homicídio) não pode ter direito à progressão de pena. Se o sujeito é condenado a 20 anos por matar outra pessoa, tem que ficar 20 anos na prisão. A progressão de pena para assassinos tem que acabar, porque ela (progressão de pena) acaba incentivando a impunidade e a criminalidade”, disse Renato Casagrande.
Muito emocionado, o coronel Juarez Monteiro, fundador da Companhia de Choque, que deu origem ao Batalhão de Missões Especiais, lembrou, durante o enterro do soldado Feu, que o BME completou na semana passada 28 anos de existência. “Servi à unidade por mais de 15 anos e esta é a primeira vez que um militar do BME é enterrado por ter sido vítima de criminosos. Nunca um de nossos soldados morreu em combate”, frisou o coronel Monteiro, que hoje está na reserva.
O oficial é da mesma linha do governador Renato Casagrande: defende punição mais rigorosa para quem mata policial em serviço: “A punição tinha que ser exemplar. A partir do momento que o bandido deixa de respeitar a força legal, como vai viver a sociedade? A Justiça tem que agir com mais energia. A força legal não pode ser desestabilizada nunca. Além da continuidade da energia, tem que se responsabilizar os criminosos”, pediu o coronel Monteiro.
“BME estará sempre pronto para defender a sociedade”, diz sargento que comanda Pelotão do soldado Feu
O sargento Paulo Cezar, comandante do Pelotão de uma das Companhias do Choque do BME em que Feu estava lotado, fez um breve discurso. Leu o Salmo 23 da Bíblica e no final fez a oração ao “Pai Nosso”. Dirigindo-se ao governador Renato Casagrande, o sargento garantiu que a PM estará sempre pronta para defender à sociedade:
“O Batalhão de Missões Especiais, senhor governador, estará sempre à disposição do senhor e do senhor comandante geral para defender a população capixaba. Vamos continuar trabalhando em cima da legalidade. Vimos o soldado Feu lutar pela vida, enquanto era conduzido para o hospital. O médico tentou salvá-lo, mas não teve jeito. O médico comentou que nós, policiais, devemos estar sempre unidos, porque somos os defensores da sociedade. Por isso, neste momento em que enterramos um bravo soldado que foi morto por criminosos, pedimos o apoio da sociedade, para que, unida a nós, nos ajude a combater o mal. Vamos estar unidos cada vez mais, para que a morte do soldado Feu não seja em vão”, disse o sargento Paulo Cezar.
“Um pedacinho de nós vai embora”, diz comandante geral da PM
Emocionado, o comandante geral da Polícia Militar, coronel Edmilson dos Santos, disse diante do caixão, que “um pedacinho de nós está indo embora”. “Perdemos não só um policial, mas um irmão, um filho, um companheiro. Peço a Deus que dê conforto à família do soldado Feu e a nós, policiais militares. Este é o momento de reconhecermos o trabalho do soldado Feu, que morreu defendendo a sociedade capixaba”, disse o comandante Edmilson.
O cortejo com o corpo do soldado Feu saiu do quartel do BME, no bairro Santa Marta, em Vitória, às 9 horas. Foi acompanhado por viaturas do Batalhão de Missões Especiais e o corpo transportado em cima de um carro do Corpo de Bombeiros.
Uma grande multidão acompanhou o cortejo com o corpo do soldado Feu. Policiais, familiares e amigos acompanharam as homenagens, que contaram com chuva de pétalas, dispensadas pelo helicóptero da Polícia Militar.
(Foto: Gazeta Online)