O novo comandante do Batalhão de Missões Especiais (BME), da Polícia Militar, tenente-coronel Jocarly Martins de Aguiar Júnior, assumiu o posto no dia 28 de julho e está cheio de ideias. Na verdade, ressalta o oficial, sua administração seguirá o Plano de Comando que já existe na unidade, alinhado com o Comando Geral da PMES. Aguiar substitui o tenente-coronel Alexandre Ofranti Ramalho, que é o novo comandante do 1º Batalhão (Vitória).
Uma das metas do tenente-coronel Aguiar é levar para dentro do quartel do BME, que fica na rodovia Serafim Derenzi, 11.240, no bairro Santa Marta, em Vitória, quase que anexo ao Quartel do Comando Geral, um rancho para atender os 321 policiais militares – entre praças e oficiais – lotados na unidade. Aguiar quer ainda instalar uma seção de saúde no BME, com enfermeiros e dentistas.
Outra ideia é realizar um estudo sobre o emprego operacional do Batalhão, visando aumentar o apoio a outras unidades da PM, principalmente nas áreas dos aglomerados do Estado Presente.
O prédio administrativo do BME começa a sofrer reforma. Oficiais e praças lotados nos setores administrativos do BME passarão a trabalhar em um prédio próximo à Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no bairro Barro Vermelho, enquanto durarem as obras. As Companhias permanecem no quartel.
O restante da tropa continuará no quartel do bairro Santa Marta. O prédio administrativo será totalmente destruído e em seu lugar erguido um novo. O prédio onde fica a tropa aquartelada é bem mais moderna: conta com alojamentos, sedes das Companhias do BME, academia e área de televisão, que vai ser reformada para receber nova mobília e pintura, disse o comandante.
O tenente-coronel Jocarly Aguiar pretende dar uma atenção especial à saúde dos policiais do BME. Por se tratar de uma tropa aquartelada e de elite, seus integrantes estão sempre em treinamento e realizando cursos de especialização. Para o novo comandante, é essencial que todos tenham um acompanhamento regular, principalmente, de profissionais da área de Psicologia:
“Nossos policiais, homens e mulheres, participam de ocorrências complexas, como motins e rebeliões em presídios – quando convocados –, ocorrências com reféns, distúrbios civis e outras ações. Por isso, é importante que tenham acompanhamento psicológico quase que constante”, pondera o tenente-coronel Aguiar.
Segundo ele, atualmente uma aluna do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) já está realizando um trabalho voluntário no BME, em função da defesa de um trabalho de graduação: “Vamos aproveitar a voluntariedade dela (psicóloga) para se tornar uma rotina em nossa unidade”, disse Aguiar.
Para o novo comandante do Batalhão de Missões Especiais, é importante aumentar na unidade o que ele chama de espírito de família: “O rancho, que pretendemos instalar, vai servir para integrar todos os policiais, dos praças aos oficiais. Vai otimizar nosso trabalho. Quando nossos policiais, que trabalham em escala de 24 horas, saem do quartel para almoçar próximo a unidade, às vezes acontece de parar de comer para vim correndo para a unidade por ter surgido uma missão inesperada. Almoçando, lanchando e jantando dentro do próprio quartel, vamos agregar o pessoal e otimizar nosso trabalho”, disse o tenente-coronel Aguiar.
O tenente-coronel Aguiar já havia atuado no Batalhão de Missões Especiais por 10 anos. Ele foi declarado aspirante oficial em 1994, após ter concluído o Curso de Formação de Oficiais, no Centro de Formação e Aperfeiçoamento da Polícia Militar do Estado do Espirito Santo, em Cariacica.
Em sua trajetória dentro da PMES, Aguiar teve primeiro contato com a tropa de elite da corporação em 1997, quando foi comandante de Pelotão da antiga Companhia de Polícia de Choque (Tropa de Choque), ocasião em que participou de inúmeras ocorrências em estabelecimentos prisionais e em situações de crise envolvendo reféns.
De outubro de 98 a fevereiro de 99 foi subcomandante da Tropa de Choque, que naquele ano já fazia parte do recém criado Batalhão de Missões Especiais. A primeira passagem pelo BME se encerrou em 2000, quando chefiava o Serviço de Inteligência (P/2) do Batalhão.
Após passar por outras funções de comando dentro da PM, em 2002 voltou ao BME como comandante da Companhia de Polícia de Choque por um período de quase seis anos, em um momento de muita fragilidade no sistema prisional do Estado. Na ocasião, o efetivo da Tropa de Choque, que estava sob seu comando, tinha que atuar com frequência em ações para acabar com rebeliões nas cadeias e fazer revistas em presos, que estavam constantemente armados e de posse de drogas nos presídios.
“Além da vivência operacional, foram tempos de muito aprendizado, com destaque para os anos de 2003 a 2005 quando tive a oportunidade de ser coordenador do Curso de Controle de Distúrbios Civis, categoria cabos e soldados, e categoria Oficiais Subalternos e Sargentos”, relembra o agora tenente-coronel Aguiar.
Por motivos administrativos, em 2008 assumiu o cargo de subcomandante do 8º Batalhão, em Colatina. Com toda experiência adquirida nos anos em serviu no BME, Aguiar assumiu no período de junho de 2009 a setembro de 2010 o cargo de diretor do Centro de Detenção Provisória de Guarapari e logo em seguida assumiu a Gerência da Segurança do Iases (Instituto de Atendimento Sócio Educativo do Espírito Santo), de outubro de 2010 a maio de 2012.
O tenente-coronel Aguiar participou de vários cursos na área policial, destacando-se o Curso de Invasão Tática, ministrado pelo Batalhão de Missões Especiais da PMES, em 1999; Curso de Police Special Operations, ministrado pela verdadeira SWAT, na Flórida (EUA), em 1999; Curso de Controle de Distúrbios Civis, realizado no 3º Batalhão de Polícia de Choque da PM de São Paulo, em 2000; Curso de Técnicas de Transporte, Armazenamento, Manuseio e Operações Com Munições Não-Letais, ministrado pela Condor Tecnologia Não-Letais, em 2005; Curso de Gerenciamento de Crises e Negociação de Reféns, realizado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública e Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública de São Paulo, em 2004.
Ultimamente, Aguiar estava trabalhando no QCG. “Voltar ao Batalhão de Missões Especiais e como seu comandante é algo muito especial, gratificante e que dá orgulho a qualquer oficial. Servi na unidade por 10 anos como tenente e capitão. Aprendi muito”, comentou o tenente-coronel Aguiar.
O oficial faz também uma avaliação da tropa que está comandando: “É uma tropa especial, no sentido literal da palavra. É bem preparada técnica e fisicamente. São homens e mulheres que muitas vezes renunciam o convívio familiar para assistir a sociedade capixaba”.
Aguiar é filho de militar do Exército. Seu pai, Jocarly Martins de Aguiar, hoje está aposentado como tenente. Sua mãe, Sara Drumond de Aguiar, é professora aposentada. “Passei 15 anos morando dentro de quartéis do Exército, como Niterói (Rio), Cachoeiro de Itapemirim, Castelo e Vila Velha. Antes de entrar no Curso de Formação de Oficiais da PM, fiz NPOR no Exército”, ressalta o tenente-coronel Aguiar, que chegou a frequentar por dois anos o curso de Engenharia Mecânica da Ufes.
Como surgiu o Batalhão de Missões Especiais
O Batalhão de Missões Especiais surgiu em 1986, fruto da necessidade de se criar uma tropa que apresentasse um nível de treinamento diferenciado, pronta para emprego em missões para as quais as tropas regulares não dispunham de meios técnicos ou operacionais.
Naquela época, o comando da Polícia Militar do Espírito Santo percebeu um aumento no volume de ocorrências complexas que exigiam o emprego de um efetivo treinado para atendê-las com qualidade e eficiência.
No dia 3 de setembro de 1986 foi então criada a Companhia de Polícia de Choque, ainda vinculada ao 1º Batalhão da PM (Vitória), tornando-se independente somente em 1988.
Com o passar do tempo, o Espírito Santo apresentou um significativo aumento populacional, acompanhado não somente de desenvolvimento, mas também de um crescente aumento do índice criminal, em que novas modalidades delituosas apresentavam-se cada vez mais dinâmicas. Desde então, o tema “Segurança Pública” ganhou destaque midiático e social, direcionando o governo do Estado a elaborar políticas públicas que pudessem fazer frente aos novos desafios que estavam surgindo.
Foi nesse contexto que surgiu a necessidade de ampliação da tropa especializada. Em 28 de agosto de 1998 nasceu o Batalhão de Missões Especiais, composto agora por duas Companhias de Operações de Choque, Companhia de Operações com Cães e Companhia de Operações Especiais.
Fonte da história do Batalhão de Missões Especiais e Fotos: Link do BME dentro do site da PMES.