Indiciado pela Polícia Civil e denunciado pelo Ministério Público Estadual pela acusação de matar a tiros o empresário Leandro Bergamin Fardin, 34 anos, o soldado da Polícia Militar Fábio Thompson de Mendonça está tendo regalias dentro do Quartel do 9º Batalhão da PM (Cachoeiro), para onde foi transferido recentemente por ordem judicial. Ao final desta postagem, a resposta do soldado a esta reportagem.
O soldado Fábio estava preso desde o dia 6 de fevereiro deste na carceragem do Quartel do Comando Geral, em Vitória, mas conseguiu com o Juízo de Cachoeiro transferência para sua cidade natal. No Batalhão de Cachoeiro, Fábio deveria ficar preso, só que lá não existe carceragem – portanto, não há cela. Sem o que fazer, o soldado Fábio conseguiu uma diversão: criou uma página no facebook, que ele utiliza para enviar mensagens para amigos, familiares e colegas de farda. Mesmo na condição de presidiário, o soldado estaria usando a estrutura da própria unidade militar para se comunicar com o mundo externo. Sãos as benesses das redes sociais.
O policial militar Fábio Thompson é acusado de ter assassinado o empresário do setor de rochas Leandro Bergamin, durante discussão sobre uma dívida que Fábio tinha com o empresário, no dia 4 de fevereiro deste ano. O soldado teria dado quatro tiros no rapaz, com uma pistola ponto 40. O crime aconteceu em Cachoeiro.
No dia 18 de março, o juiz Roney Guerra Duque, da 1ª Vara Criminal de Cachoeiro (Privativa do Tribunal do Júri daquela Comarca), acolheu denúncia do Ministério Público e abriu processo contra o soldado Fábio: “Em análise aos autos, verifico que a denúncia preenche os requisitos do art. 41 do CPP. A justa causa (indícios mínimos de autoria e materialidade) encontram-se demonstradas pela decisão de fls. 22 dos autos 0001545-88.2014.8.08.0011 (anexo) proferida quando da decretação da prisão dos réus. Sob tais argumentos, RECEBO a denúncia”, afirma o magistrado na decisão.
A última postagem feita pelo soldado Fábio aconteceu às 17 horas de domingo (25/05), em que ele colocou a foto de um amigo, que é sargento, ao lado de um helicóptero, e comenta: “Saudades do combate”. Logo, ele recebe comentários de membros de sua família e colegas de farda. Um deles comenta: “Saudades de trabalhar ao seu lado irmão, o homem que me ensinou 80% do que sei hj da área de segurança. Tamu junto sempre PANCINHA!!!!!!!!!!!!”.
Em nota, soldado Fábio diz que está em prisão domiciliar e que fica no quartel para facilitar escolta para tratamento médico
Em nota enviada a este blog, por meio de sua esposa, Mônica Thompson, o soldado Fábio, de maneira muito cordial e elegante, disse que seu regime de prisão é domiciliar e que está na sede do 9º Batalhão para facilitar a escolta policial que o leva para fazer tratamento médico. O policial foi vítima de acidente automobilístico no ano passado. Por estar em prisão domiciliar, ele pode ter acesso a tudo que é lícito, incluindo as redes sociais:
“Bom dia, meu amigo. De antemão quero dizer que sou um admirador do seu trabalho, que sempre vejo suas publicações com muita isenção e responsabilidade. Venho nesta oportunidade informar que estou em regime de prisão domiciliar com o endereço no 9º BPM. Que nesse regime posso todas as coisas consideradas lícitas em uma casa de família. Caso queira maiores informações faça contato com a 1ª Vara Criminal de Cachoeiro de Itapemirim. Com muito respeito ao Sr. e todos os outros profissionais de jornalismo deste Estado. Estou no 9º BPM para facilitar a escolta para tratamento médico relativo ao acidente que sofri em serviço em 17 de outubro de 2013, onde tive fratura de c6 e c7, que graças a Deus não fiquei tetraplégico.”
A nota foi feita pelo soldado Fábio e entregue à esposa no início da tarde desta segunda-feira (26/05), quando ela foi ao Batalhão levar almoço para o marido.