De vez em quando o Espírito Santo é surpreendido por frases patéticas de suas autoridades para justificar as falhas do Estado na área de segurança pública. No passado, tínhamos um secretário de Segurança Pública – que também foi comandante geral da Polícia Militar – que, quando cobrado sobre os altos índices de criminalidade, dizia: “A violência no Estado está sob controle”. Estava mesmo. Viu-se, depois, que o controle era dos bandidos.
Em 2001, quando ainda era prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas tentou explicar em uma reunião do Parlamento Latino (Parlatino), em São Paulo, os motivos que colocavam a capital capixaba como a mais violenta do País – com maior índice de assassinatos por cada grupo de 100 mil habitantes. Disse ele, na época, “que a cultura do capixaba era de violência, ainda mais porque 63% da população do Espírito Santo são de descendentes de italianos.”
Pouco tempo depois, na era do ProPas, o então secretário de Estado da Segurança Pública José Carlos Nunes – que é procurador de Justiça aposentado – tentou justificar os altos índices de homicídios do Espírito Santo também de maneira politicamente incorreta. Disse que o capixaba recebia muita influência do povo nordestino, a quem o então secretário considerava violento. Disse numa entrevista a A Gazeta que os imigrantes nordestinos traziam para o nosso Estado a cultura da violência.
Naquele período, um coronel da PM também foi infeliz. Porém, para justificar a queda do número de homicídios entre junho e julho. Em vez de enaltecer o trabalho das polícias, ele soltou a seguinte pérola: “O número de assassinatos caiu por causa do frio. Bandidos não saem de casa no frio”.
Em janeiro de 2011, logo após tomar posse como primeiro secretário da Segurança e Defesa Social do governo Renato Casagrande, Henrique Herkenhoff, disse que os capixabas têm cultura de violência. “No Espírito Santo, a ideia do homicídio é cultural, como uma forma de resolver relacionamento, briga de vizinhos e posses de terra’’, disse Herkenhoff a A Tribuna.
Agora é a vez do procurador do Estado de Pernambuco André Albuquerque Garcia, atual detentor da cadeira de secretário de Segurança Pública, justificar com a seguinte frase os altos índices de homicídios registrados no Espírito Santo no Carnaval de 2014 – foram 32 mortes, incluindo um latrocínio: “Bandido também se diverte. E quando vai se divertir, vai armado. Se ele encontra um desafeto, resolve a situação na base do conflito”, disse André Garcia à Rádio CBN. A frase foi reproduzida em reportagem do jornal A Gazeta em sua edição desta sexta-feira (07/03).
Cabe ao Estado, entretanto, tomar providências prévias para evitar que bandidos se divirtam no meio de pessoas do bem. Como? Com estratégia na área operacional, cercando e bloqueando estradas em período que antecede festas populares, como o Carnaval. Um policiamento preliminar, com as mais diversas forças, como polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal.
Com um policiamento ostensivo e preventivo, pessoas armadas ilegalmente seriam descobertas nas estradas de acesso aos balneários. Na Polinter da Polícia Civil há mais de 20 mil mandados de prisão em aberto, principalmente contra homicidas e traficantes. Este é o perfil dos bandidos que foram se divertir nos balneários.