Muito importante a decisão do comandante geral da Polícia Militar, coronel Edmilson dos Santos, de colocar mais de 600 policiais para realizar blitz nas ruas da Grande Vitória nesta quarta-feira (29/01). Espera-se que, de fato, tenha sido uma resposta aos altos índices de assassinatos já registrados no Estado neste início de ano. O número de pessoas detidas – 14 – é o menos importante; o que importa neste tipo de ação é a presença da polícia nas ruas.
A operação desta quarta-feira aconteceu em toda a Grande Vitória: Bairro da Penha, Itararé e Andorinhas em Vitória; São Torquato, Alecrim e Barramares em Vila Velha; Oriente, Santa Bárbara e Padre Gabriel em Cariacica; e Vila Nova de Colares na Serra.
A ação teve a participação de mais de 600 policiais, além do apoio do Batalhão de Missões Especiais (BME), da Ronda Ostensiva Tática Motorizada (ROTAM), do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran) e do Regimento de Polícia Montada (RPMont).
“Essas operações serão realizadas de forma rotineira com o objetivo de inibir a criminalidade e possibilitar ao cidadão uma maior sensação de segurança. Nossa intenção é mostrar ao cidadão capixaba que a PM está totalmente comprometida com a segurança do cidadão de bem, e, nesse contexto, a instituição não medirá esforços para atingir seu objetivo principal, qual seja, a segurança da população”, afirmou o comandante geral da PM< coronel Edmilson dos Santos.
Segundo o comando da PM, a operação abordou 74 táxis, 927 motos, 48 ônibus, 449 veículos de passeio, 1.986 pessoas, 199 autos de infração confeccionados e seis veículos recuperados. Também foram apreendidas 13 Carteiras Nacional de Habilitação, seis armas, nove papelotes de cocaína, 40 buchas de maconha e três cigarros da mesma droga. Durante a operação 14 pessoas foram detidas.
Na prática, é fundamental daqui para frente a manutenção da polícia nas ruas. Ensinam os manuais modernos de segurança pública que blitz é algo ultrapassado. Colocar homens e mulheres fardados e armados até os dentes para revistar cidadãos não é mais tão eficiente quanto no passado. Ajuda, mas não resolve o nosso problema de violência. Há outros fatores mais importantes, inclusive os que dependem de outros atores, que não sejam somente os órgãos de segurança pública.
Conheço um taxista que me contou que, há cerca de um mês, levava três pessoas – dois homens e uma mulher – que ele considerou suspeitas assim que entraram em seu carro. Quando passava pela avenida Beira Mar, na altura do Colégio Salesiano, havia uma blitz da PM. O taxista relatou que já saiu assustado do Centro. Rezou, em silêncio, para que fosse parado pelos policiais. Não foi. Teve que seguir com os três até o alto do Bairro Jesus de Nazareth.
O taxista voltou pelo mesmo local e, para sua surpresa, foi parado na mesma blitz. Ele, então, reagiu: “Saltei do carro e disse aos policiais: ‘Passei agorinha por aqui, com três suspeitos no carro, e vocês me ignoraram, apesar de ter piscado os faróis. Eu estava com três suspeitos, que ficaram numa boca de fumo no Bairro Jesus de Nazareth. Agora que estou sozinho, vocês me param?” Nada foi respondido pelos policiais. O táxi desse nosso personagem não tem vidro fumê.
Como bem definiu o governador Renato Casagrande ainda no início de seu governo, a polícia precisa agir com inteligência. As operações policiais precisam ser planejadas com pesquisa, estratégia e devem contar com o apoio dos setores de Inteligência dos organismos policiais.
Desde o início de seu governo, Casagrande tem ensinado a lição: “Precisamos melhorar nossas prisões”. Ao falar de melhorar as “nossas prisões” o governador se referia à qualidade das operações policiais, para mandar para a cadeia os verdadeiros bandidos. Não basta prender apenas o usuário de drogas; é preciso acabar é com o traficante – acabar no sentido de prender.
Quando os manuais modernos trazem crítica às blitzen da forma que conhecemos, quer dizer que elas deixariam de ser necessárias se, realmente, a polícia ostensiva estivesse sempre nas ruas; estivesse permanentemente nos bairros de maior incidência de homicídios e tráfico; de maior registro de crimes contra o patrimônio.
Normalmente, a polícia vai depois que o fato acontece – talvez por conta do ainda reduzido efetivo, embora todos os anos o governo do Estado promova concurso para o Curso de Formação de Soldados. Exemplo claro são os morros que fazem parte da Grande Santo Antônio. Existe uma guerra entre traficantes dos Morros do Cabral, do Quadro, Chapada e Bela Vista. Tiroteios entre os bandidos são comuns.
Recentemente, traficantes da Chapada invadiram um barraco no Morro do Cabral, em plena manhã de sábado, mataram um rival e balearam a namorada dele. Logo após o tiroteio, a Polícia Militar ocupou o Morro do Cabral, com apoio de dois helicópteros, e prendeu dois acusados do crime.
A operação nos morros foi até bonita; com helicópteros fazendo voos cinematográficos. Nada disso, porém, teria necessidade se a PM se mantivesse permanentemente na região. Não basta ficar apenas um, dois ou três dias; tem que ser TODOS OS DIAS.
No Rio de Janeiro, as famosas blitze policiais tiveram um descanso. Raramente a imprensa noticia operações cinematográficas para prender traficantes. Esse tipo de ação reduziu drasticamente na capital carioca com a criação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), que é a verdadeira presença do Estado nos locais de risco social.