O delegado Danilo Bahiense passou os três últimos anos à frente da Superintendência de Polícia do Interior (SPI). Somente em 2012, foi responsável pela prisão de mais de 2 mil suspeitos de crimes no interior do Espírito Santo. No ano passado ajudou a elaborar projeto que reestruturou a instituição. Teve a garantia do chefe de Polícia Civil, delegado Joel Lyrio Júnior, que iria, agora em 2014, ser transferido para a Superintendência de Polícia Prisional (SPP), para onde foi deslocado o recém criado Grupo de Busca e Captura de criminosos.
Danilo Bahiense estava tão confiante de que neste ano iria poder aumentar sua contribuição no combate à violência que já havia conversado com a Presidência do Tribunal de Justiça sobre a elaboração de um projeto que iria colocar em liberdade assistida pessoas condenadas por furto e estelionato. O Judiciário iria encontrar um modo legal de transformar a pena restritiva de liberdade em serviços prestados à comunidade. Assim, haveria um esvaziamento dos presídios.
No lugar de quem comete furtos e estelionatos, a polícia iria colocar homicidas e traficantes. Para isso, começaria a cumprir parte dos mais de 20 mil mandados de prisão que se encontram em aberto na Polinter, que passou para a alçada da SPP.
Caberia, então, ao recém criado Grupo de Busca e Captura iniciar uma série de operações policiais, sob o comando do delegado Danilo Bahiense, para mandar para a prisão assassinos e traficantes.
Entretanto – em se tratando de segurança pública no Espírito Santo sempre há um “entretanto” – a disposição de Danilo Bahiense foi interrompida. O delegado é mais uma vítima da ingerência política na Polícia Civil. Novamente, o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, André de Albuquerque Garcia, assinou uma Portaria – a 052-S, publicada no Diário Oficial do Estado no dia 16 deste mês – em que remaneja Danilo Bahiense para a novata Superintendência da Tecnologia da Informação e Comunicação – um setor que sequer tem espaço normal para funcionar.
Para a SPP, o secretário André Garcia – que já está pagando caro por ter exonerado o delegado Rodolfo Laterza do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosas e à Corrupção (Nuroc) – mandou o delegado João Batista Calmon, que atuava na Delegacia da Praia do Canto.
Outros superintendentes não entenderam a mudança de rumos. Segundo eles, com Danilo Bahiense à frente de um grupo de busca e captura pela primeira vez a Polícia Civil poderia impor um rimo de trabalho com objetivo de reduzir a impunidade e, consequentemente, diminuir a violência que é crescente neste início de ano.
“A maioria dos mais de 20 mil mandados de prisão parados na Politer é relativa a homicidas e traficantes. Qualquer operador de segurança pública sabe que assassino ou traficante solto continua a agir e, o que é pior, a recrutar mais gente para seu bando. Se a Polícia Civil conseguisse retirar das ruas assassinos e traficantes que têm prisão decretada pela Justiça, com certeza daríamos uma sensação de impunidade à sociedade e reduziríamos a criminalidade”, disse um superintendente da Polícia Civil.
Oficialmente, não vai haver explicação convincente pelo não aproveitamento do delegado Danilo Bahiense no novo formato da SPP. No entanto, sabe-se que ele tem dito que quer ser candidato a deputado estadual nas eleições de outubro. Já se filiou ao Partido Republicano (PR), do deputado estadual Gilsinho Lopes, que também é delegado de Polícia Civil, e do senador Magno Malta.
Se Danilo Bahiense for mesmo candidato, ele vai atrapalhar políticos de outros partidos, principalmente os aliados do governador Renato Casagrande. Na SPP, Danilo Bahiense teria visibilidade. Teria mídia espontânea porque, certamente, em um mês iria provocar uma revolução no sistema prisional capixaba. Bahiense gosta de trabalhar e é eficiente no que faz.
Portanto, qualquer bobo sabe de onde partiu a ordem para Danilo Bahiense deixa de ir para o grupo que iria colocar bandidos na cadeia.