Em assembleia geral realizada na tarde desta quinta-feira (23/01) no auditório da Chefatura de Polícia Civil, na Reta da Penha, em Vitória, os delegados de Polícia deram mais um passo no sentido de tentar sensibilizar o governo do Estado a melhorar o salário da categoria, que é o segundo pior do País.
Para não prejudicar a população capixaba, os delegados decidiram não fazer greve neste primeiro momento. No entanto, resolveram que vão permanecer em assembleia geral permanente; farão um dia de mobilização na próxima quarta-feira (29/01); e, caso o governo não atenda o pleito da categoria, os delegados vão suspender as operações policiais para o cumprimento de mandados de prisão, de busca e apreensão e interceptações telefônicas, a partir do próximo mês.
O dia de mobilização acontecerá das 9 às 17 horas, na porta da Divisão de Homicídios e Proteção è Pessoa (DHPP), no bairro Barro Branco, em Vitória. Além disso, o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Espírito Santo (Sindelpo) vai confeccionar faixas que serão colocadas nas portas das Delegacias Regionais (antigas sedes dos Departamentos de Polícia Judiciária), Delegacias Especializadas e Divisões, como a DHPP e a Combate a Crimes contra o Patrimônio.
A faixa tem a seguinte frase: “Delegados unidos contra a corrupção, mesmo como 2º pior salário do País”. O “combate à corrupção” é uma referência à insatisfação da categoria com o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, André Garcia, que há uma semana exonerou, sem fundamentar o ato, o delegado Rodolfo Laterza – que é o presidente do Sindelpo – do Núcleo de Repressão às Organizações Criminosos e à Corrupção (Nuroc).
Laterza foi exonerado no meio às novas investigações de denúncias de suposta corrupção no sistema prisional do Estado. André Garcia ainda não deu justificativa convincente para a exoneração do delegado. Os delegados presentes à assembleia desta quinta-feira assinaram manifesto de repúdio ao ato do secretário de Segurança.
Das quatro decisões tomadas à unanimidade na assembleia, a que causará mais impacto na sociedade e no sistema de Justiça é a que suspenderá o cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão. O fato vai acontecer a partir do dia 7 de fevereiro, caso até lá o governo não acene com a possibilidade de atender à categoria. O presidente do Sindelpo, delegado Rodolfo Laterza, explicou que não se trata de uma medida tão simples:
“Na verdade, nós, delegados, vamos parar de pedir e de cumprir mandados de prisão, de busca e apreensão, pedidos de prisão preventiva ou temporária de suspeitos de crimes. Deixaremos de pedir e de cumprir interceptações telefônicas. A suspensão se dará, conforme decisão soberana da assembleia geral dos delegados, em todas as unidades da Polícia Civil. Nosso principal objetivo com todas as medidas é sensibilizar o governador Renato Casagrande, que é um homem bom, sério, honesto e competente, a entender que os delegados de Polícia merecem um tratamento mais digno. Queremos sair dessa posição vexatória, que é a de ter o segundo pior salário do País”, frisou Rodolto Laterza.
Um dos líderes da categoria, o chefe da Delegacia Anti-Sequestro (DAS), delegado Celso Felipe Ferrari, destacou que “os governantes esquecem que, de todos os profissionais de carreira Jurídica, os delegados são os únicos que trabalham 24 horas por dia. Recebemos o segundo pior salário do País, mas, quando surgem as cobranças da sociedade e do governo, somos cobrados como se fôssemos a Scotland Yard, a Polícia Britânica”.