Quando o poder público e a sociedade querem, eles podem contribuir de forma decisiva para a redução da criminalidade. Exemplo positivo vem do município de Marilândia, localizado na região Noroeste do Espírito Santo e que fica a 171 quilômetros de Vitória. No ano que se encerrou, Marilândia registrou zero de homicídio – aliás, conforme este Blog informou com exclusividade, outros sete municípios capixabas também não registraram nenhum homicídio em 2013.
Marilândia, em 2012, teve três assassinatos, contra um em 2011 e outros três em 2010. O feito positivo se deve a união do Município (Prefeitura), população e polícias Civil e Militar. O delegado titular de Marilândia, Landulpho Lintz Lintz, explicou que existe uma lei municipal de 2009, de autoria do vereador Silvano Dondoni (PSB), que especifica que os produtores rurais deverão manter um cadastro das pessoas que vão trabalhar em lavouras de café ou outras atividades laborais em Marilândia.
“Todavia, até então não havia uma ação efetiva de funcionamento de referida lei. Em 2010, juntamente com a Secretaria Municipal de Agricultura (Seag), elaboramos um modelo de cadastro que passou a ser seguido. Passamos a receber os referidos cadastros da Seag municipal e fazer as consultar nos sistemas Infoseg, Polinter e Tribunal de Justiça das pessoas que vinham para cá trabalhar nas lavouras e em outros setores. A medida não tem o caráter impeditivo de contratar ninguém, porém nos alerta para eventuais pessoas com registros criminais”, disse o delegado Landulpho Lintz.
Segundo ele, a ação conseguiu, inclusive, detectar e prender algumas pessoas com mandados de prisões de outros estados que iam trabalhar no município. Paralelamente, as polícias Civil e Militar não se descuidaram do dever de casa. Intensificaram o combate, principalmente, ao tráfico de drogas desde que a Delegacia de Marilândia foi instalada fisicamente na sede do município, em 2010 – distrito policial funcionava dentro do Departamento de Polícia Judiciária de Colatina, a 26 quilômetros.
“As ações de busca e apreensões em residências de suspeitos de tráfico de drogas na cidade também foram incisivas no combate aos crimes de homicídios. Por ser uma cidade pequena, nos permite mapear as movimentações de pessoas e, junto com a PM, o trabalho diário de abordar pessoas estranhas nos permitia proceder pesquisas das mesmas e efetuar prisões, vez que haviam mandados de prisões em aberto”, prosseguiu o delegado, que destaca também o engajamento dos moradores de Marilândia na ajuda às forças policiais no combate à criminalidade:
“A sociedade local é bastante atenta às movimentações de pessoas estranhas na cidade, o que permite fazer contato com a Polícia Civil e PM para as averiguações e até mesmo de abordagem. Mantivemos um canal aberto na Delegacia com a sociedade e setores púbicos que facilitaram a acessibilidades dos moradores. Fator esse que democratiza nossas ações.”
Segundo o delegado, desde que a polícia passou a checar o cadastro das pessoas que chegavam para trabalhar em Marilândia na época da colheitas de produtos agrícolas, pelo menos seis foragidos da Justiça de outros estados foram presos. “De posse dos nomes, checávamos o cadastro na Polinter e na Justiça e constatamos mandados de prisão em aberto”, disse Landulpho Lintz.
Nesse período, segundo o delegado, seis pessoas que chegaram a Marilândia, foram presas porque eram foragidas da Justiça de outros estados. Mais de 600 pessoas já foram cadastradas no sistema criado pela Prefeitura de Marilândia.
O delegado Landulpho Lintz faz questão de registrar a integração das polícias Militar e Civil, Ministério Público, Judiciário, Município e população como fator primordial para o sucesso do combate à criminalidade na região:
“O trabalho integrado das polícias, como bem determinou o governador Renato Casagrande, é importante para o combate a violência, assim como a participação da sociedade. Aqui em Marilândia a população denuncia quando sente que há pessoas suspeitas rondando a cidade”.
Graças à integração e à vigília constante no município, a polícia prendeu 18 acusados de tráfico em 2013.
“A abordagem de rua efetuada pela Polícia Militar é muito bem feita. Hoje, a PM aqui em Marilândia é comandada pela sargento Marluce. Há pouco meses, estava sob o comando do sargento Jailson Roberto. O DPM (Destacamento Policial Militar) é subordinado ao 8º Batalhão, com sede em Colatina”, completou Landulpho Lintz.
Como dizia Maquiavel, o povo conspira com quem o protege. Lamentavelmente, boa parte das forças policiais brasileiras (e capixaba também) esqueceu tal ensinamento. Ou sequer aprendeu a lição.