Na última quinta-feira (05/12) o Ministério da Justiça divulgou resultado da Pesquisa Nacional de Vitimização que retratou, dentre outras cosias, o grau de confiança da população brasileira nas polícias Militar e Civil. Conforme este blog informou em primeira mão, a pesquisa aponta que pelo menos 50% dos capixabas entendem que policiais militares do Espírito Santo abusam do uso da força e de sua autoridade. Índice bastante negativo para uma polícia que se diz cidadã e criadora do Policiamento Comunitário, que serviu de exemplos País afora.
Pelo exemplo dado por gente da tropa, esse tipo de informação – resultado de uma pesquisa nacional – não chega aos quartéis. No sábado (07/12) de manhã, um professor universitário foi detido por policiais militares após ter informado a um deles que não poderia fazer a prova armado. Fardado e armado, o policial entrou na sala de aula e quis fazer a prova na marra, com a arma na cintura, na presença de dezenas de outros alunos (o que é, no mínimo, uma falta de educação). Diante da recusa do professor – que, se diga de passagem, é a autoridade máxima numa sala de aula, caso não esteja ocorrendo um crime – o PM alegou desacato e deu voz de prisão ao mestre.
O policial ligou para o Ciodes, que mandou para o local uma viatura cheia de outros militares – com tantos bandidos à solta no Estado, o Ciodes vai se preocupar em atender uma ocorrência envolvendo um policial abusado. Eles, então,conduziram o professor para o Departamento de Polícia Judiciária (DPJ) de Vitória. Sensato, o escrivão do Plantão do DPJ liberou o professor, por entender q ue quem estava errado eram os policiais militares.
O professor, que coordenava a aplicação da avaliação de um curso superior a distância, contou que cumpriu orientações da instituição, que tem sede em Santa Catarina, e vai registrar um Boletim de Ocorrência, além de uma Ação Cível e uma representação na Corregedoria Geral da Polícia Militar por excesso. O mesmo PM, afirmou o professor, já vinha tendo problemas na sala de aula, com práticas de abusos.
“Eu fiquei a manhã toda detido no DPJ, tirei fotos sem camisa e fiquei em uma sala com outras pessoas detidas, foi complicado, ainda bem que eu sou muito tranquilo”, disse oprofessor. “Depois que falei com o policial, ele saiu tranquilamente, mas voltou com mais dois homens fardados, que me levaram para o DPJ. Eles me deram cinco minutos para organizar minhas coisas e passar a coordenadoria da prova para outro professor”.
A Corregedoria da Polícia Militar informou, por meio de nota, que abrirá procedimento administrativo para apurar o fato. Caso alguém tenha se sentido constrangido, deve procurar a Corregedoria. Contato: 3636-8791.
Vai uma sugestão para o comandante geral da PM, coronel Edmilson dos Santos: tire cópias da Pesquisa Nacional de Vitimização e mande distribuir a todos os policiais militares – do aluno soldado aos coronéis. É importante que a corporação saiba, de forma oficial, o que a população pensa de seus membros. Sugestão que vale também para os comandantes de todas as Polícias Militares Estaduais e Polícia Civil.
É por conta de postura arrogante e abusiva, como a do policial militar que prendeu o professor porque queria ficar armado numa sala de aula, que a imagem das Polícias Militares em todo o Brasil anda abalada, segundo a pesquisa recém divulgada pelo Ministério da Justiça.
Aliás, tentar entrar num ambiente público armado, mesmo numa festa, não é desejo apenas de policiais militares e civis. No início dos anos de 2000, o Espírito Santo teve um superintendente regional da Polícia Federal que tentou entrar armado numa boate em Camburi.
Foi impedido, é claro, mesmo se identificando como autoridade policial federal. No entanto, uma hora depois voltou com um comboio de agentes e delegados federais e fechou a boate, alegando que a casa estaria irregular no quesito “segurança”.