“O flagrante da ação realizada pela PMES (Polícia Militar do Espírito Santo) chama a atenção para uma questão…menores…Cada vez mais, temos menores envolvidos na criminalidade. Todos os dias, em quase todas as ocorrências, muitas delas de crimes violentos, a questão assume contornos cada vez mais preocupantes. A despeito da evidente fraqueza do marco legal em vigor (Estatuto da Criança e do Adolescente), todo esforço está sendo feito para aumentar nossa disponibilidade de recursos operacionais para o policiamento ostensivo. Vejam, amigos, a foto abaixo. Um flagrante de nosso assessor de comunicação que estava comigo na oportunidade. Abordagem policial de veículo suspeito. Pelo menos dois dos indivíduos abordados, menores de idade, foram reconhecidos e confessaram a participação no trágico latrocínio do jovem Celso Carlos Tomazini Fagundes ocorrido ontem (sábado) na Praia do Canto. Nada vai trazer de volta Celso para o convívio de seus amigos e da família, entretanto, fica aí mais um exemplo, dentre vários, da resposta dada pela polícia do ES.”
A mensagem acima é do secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo, André Garcia, postada em sua página no facebook na segunda-feira (10/06), dois dias depois que bandidos armados invadiram uma farmácia em um dos bairros mais nobres e chiques do Estado (Praia do Canto, em Vitória), assaltaram e ainda mataram um balconista.
Dois dos bandidos, conforme informa o próprio secretário, foram presos pela Polícia Militar, durante abordagem a carro suspeito. O secretário se insurge (e justamente) contra o Estatuto da Criança e do Adolescente, que, segundo ele e a maioria do povo brasileiro, estimula menores no crime.
Para que a prisão de dois dos bandidos que mataram o balconista acontecesse foi preciso que eles praticassem outro crime e que uma ligação telefônica fosse feita ao Centro Integrado Operacional de Defesa Social (Ciodes), que, por sua vez, acionou a PM, que foi para a rua e abordou o veículo suspeito de praticar o tal segundo delito.
Pelo visto, os menores não só se sentem estimulados pela legislação brasileira – que é uma mãe para os criminosos. Ele acham que nunca serão descobertos e presos. Destaca-se, neste ponto, a importância das abordagens que a Polícia Militar deveria fazer sempre nas ruas.
O mais prudente neste momento em que o crime de latrocínio cresce e assusta a população seria que a Chefia de Polícia Civil ou o secretário de Segurança Pública determinasse a volta do plantão na Divisão de Crimes contra o Patrimônio. Seus delegados e investigadores têm experiência e competência para iniciar logo uma investigação de latrocínio e, quem sabe, na mesma hora ir atrás dos criminosos. Eles têm álbuns de fotografias de suspeitos que agem em todo o Estado e hoje a tecnologia ajuda na investigação – todo comércio praticamente tem circuito interno de TV.
Um entrave, que provoca a lentidão de agir da Polícia Civil, é que o procedimento para instauração de um inquérito – no caso da morte do balconista Celso – somente chegaria à Divisão de Patrimônio na segunda-feira à tarde. Passaria por tantos setores dentro da Polícia Civil que, quando chegasse às mãos do delegado, os bandidos – caso a PM não tivesse agido – poderiam ter feito novas vítimas.
Sabiamente, o governador Renato Casagrande já
detectou um grave problema na área da segurança pública. Na reunião do Estado
Presente na segunda-feira – horas antes da prisão dos assassinos da Praia do
Canto –, ele puxou a orelha da cúpula da Polícia Civil.
Disse diretamente para o chefe de Polícia
Civil, delegado Joel Lyrio Júnior, que é preciso agir com mais rapidez na
apuração de crimes. Lembrou os investimentos humanos – contratação de mais de
500 investigadores, mais de 100 delegados, além de centenas de escrivães e
peritos – e tecnológicos que o governo fez na instituição nos últimos dois anos
e meio e cobrou resultados mais atraentes, sobretudo no que diz respeito à
elucidação de homicídios.
Casagrande quer agilidade da Polícia
Judiciária. A prisão dos menores que mataram o balconista da farmácia ocorreu
de forma nada convencional – outra importante prisão de um latrocida aconteceu
também pelas mãos da Polícia Militar e durante abordagem. Foi o caso do
assassinato do professor Guilherme de Almeida Filho, morto a tiros na porta de
uma escola em Nova Rosa da Penha, Cariacica.
Foi assassinado no dia 8 de maio; seu
assassino, Wanderley Martins Zoeger, 20, foi preso oito dias depois, em Mucuri,
no mesmo município, após praticar mais um assalto. Em uma semana, a Polícia Judiciária
foi incapaz de chegar até o criminoso, mas ele estava livre e solto e agindo
contra a sociedade, até que foi abordado pela PM e entregue às autoridades.