O governador Renato Casagrande (PSB) vai anunciar no decorrer desta semana mudanças no Alto Escalão da Polícia Militar do Espírito Santo. A principal e mais importante delas é a saída do atual comandante geral da PM, coronel Ronalt Willian. O nome do sucessor de Ronalt Willian já foi, praticamente, escolhido. Mas Renato Casagrande tem deixado o anonimato até mesmo para seus assessores mais próximos.
Os últimos acontecimentos aborreceram o governador e provocaram as mudanças. O aumento da criminalidade nas ruas, como o registro de latrocínios (roubo seguido de morte) em plena luz do dia, numa comprovação da ausência de policiais militares nas ruas, é um dos motivos de irritação no Palácio Anchieta.
Na última quarta-feira (08/05) pela manhã, o professor Guilherme de Almeida Filho foi morto por assaltantes quando chegava para trabalhar na Escola Municipal de Ensino Fundamental Rosa da Penha, em Cariacica. Foi assassinado com um tiro no peito, no horário de entrada dos estudantes.
Um carro do professor havia sido roubado na porta da escola há menos de 30 dias no mesmo local. Como viram que na região o policiamento é fraco – ou quase escasso –, os bandidos voltaram à escola, roubaram outro veículo do professor e ainda o mataram.
Oficialmente, Renato Casagrande poderá alegar que quer dar uma “oxigenada” na Polícia Militar para justificar a troca do comandante geral da PM. No entanto, políticos e outros secretários ligados ao gabinete do governador relatam que Casagrande ficou também irritado com o desfecho da doença acometida em cavalos do Regimento de Polícia Montada da PMES.
O governo descobriu que, em vez de duas éguas, são agora seis animais contaminados com doença “Mormo” – doença letal para o cavalo e para os seres humanos. À medida que a própria PM e o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf) foram realizando exames e fazendo a contraprova dos exames, foi descoberta a presença da doença em mais animais.
Pior, o governador Casagrande tomou conhecimento de que os cavalos doentes são, na verdade, animais comprados pelo Comando Geral da PM para a prática de hipismo e não para servir à população, com Policiamento Montado nas ruas.
“O governador soube que os animais doentes – que já foram sacrificados – foram comprados de um lote de 30 animais que vieram do Nordeste, ao custo de R$ 6 mil cada. A Polícia Militar deixou de comprar cavalos mais adequados para o policiamento nas ruas no Rio Grande do Sul, pelo custo de R$ 2.500,00 a R$ 3 mil. Ou seja, pagou mais caro por animais doentes e adequados somente para a prática de hipismo”, comentou uma fonte ligada ao gabinete de Renato Casagrande.
A descoberta da doença provocou a interdição da Vigilância Sanitária no Regimento de Polícia Montado, que está de quarentena desde o dia 24 de abril, conforme este blog informou em primeira mão.