Depois de ocupar os bairros que compõem o Aglomerado do Bairro da Penha – São Benedito, Alto Itararé e Bonfim –, em Vitória, a Polícia Militar do Espírito Santo prepara o segundo plano para conquistar de vez a região: a implantação da Polícia Interativa. A informação foi dada ao Blog do Elimar Côrtes pelo o comandante geral da PM, coronel Ronalt Willian.
Nesta entrevista, o coronel Willian fala, pela primeira vez, da satisfação sentida por toda a tropa com o elogio público direcionado aos policiais militares que atuam no Aglomerado do Bairro da Penha feito pelos próprios moradores da região.
Recentemente, um grupo de moradores dos bairros ocupados entregou à Polícia Militar um abaixo-assinado elogiando a ação da corporação na região. O documento, assinado por 254 moradores, também destaca a atuação de um militar, chamado pela comunidade de “Anjo da Guarda”.
“Ele (policial) e sua equipe agem de forma espetacular: respeitam moradores de bem e sabem ouvir, trazendo com sua presença a total segurança dos moradores que sofrem com o crescente tráfico de drogas na região. Parabenizamos a Rotam por ter homens e mulheres extremamente profissionais”, diz o documento.
Pela primeira vez, o comandante geral da PM fala sobre o elogio, o que, segundo ele, é motivo de orgulho:
“É (elogio) um dos maiores prêmios que um Comando pode receber: o reconhecimento público de um serviço exaustivo que na maioria das vezes não é percebido e nem reconhecido”, diz o coronel Ronalt Willian.
No dia 23 de março deste ano, o secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Henrique Herkenhoff, determinou a ocupação do Aglomerado do Bairro da Penha, depois de uma guerra entre traficantes da região. Os bairros foram ocupados por policiais da Ronda Ostensiva Tática Motorizada (Rotam), Batalhão de Missões Especiais e do 1º Batalhão (Vitória).
A PM, entretanto, não foi sozinha para a região. Delegados e investigadores da Polícia Civil também participaram da ocupação e de intensas investigações, que possibilitaram, até o dia 21 de setembro, a prisão de pelo menos 210 pessoas.
Em seis meses, o trabalho da polícia capixaba foi excelente. Pelo menos 200 mandados de busca e apreensão foram cumpridos; R$ 100 mil em espécie foram apreendidos em poder de traficantes; 89 armas (entre metralhadoras, pistolas, fuzis) e 30 quilos de drogas foram retirados de circulação.
Blog do Elimar Côrtes – Como o senhor avalia o desempenho de seus oficias e praças no Aglomerado do Bairro da Penha?
Comandante Ronalt Willian – O melhor possível. Somos formados para atuarmos em diversas áreas e situações. Este é um exemplo claro do que a Polícia Militar é capaz. Infelizmente os resultados não são melhores em virtude da complexidade da temática segurança pública, ou seja, não podemos tudo o que queremos.
– Como foi para o Comando Geral da PMES ver seus policiais sendo elogiados publicamente pelos moradores? – É um dos maiores prêmios que um Comando pode receber: o reconhecimento público de um serviço exaustivo que na maioria das vezes não é percebido e nem reconhecido.
– Quais os próximos passos para esse trabalho?– Continuidade. O Estado tem que se fazer presente para que esse espaço não seja tomado por forças alheias à incolumidade da ordem pública.
– O Comando Geral pretende implantar a Polícia Interativa no Aglomerado do Bairro da Penha? Se pretende, como será essa implantação?
– É (implantação) uma realidade. Só que para acontecer, etapas têm que serem atingidas. A implantação da Polícia Interativa requer um planejamento meticuloso que passa desde o treinamento de policiais até a estruturação logística para o atingirmos as metas. A PMES segue metodologia específica para levar o Policiamento Comunitário à região. O que foge a esta metodologia é meramente ocupação policial e não é isso que a PMES pretende.
– Moradores reivindicam a instalação de uma Companhia ou Pelotão no Aglomerado do Bairro da Penha. A PM tem condições de instalar uma unidade física e bem estruturada na região?– Hoje, o Aglomerado do Bairro da Penha, já considerado o 21º do Programa de Governo “Estado Presente”, dentro da Região Metropolitana da Grande Vitória, é uma nuance da nossa realidade no contexto da segurança pública capixaba, que deve e está sendo tratada diferentemente. O que não podemos é associar a instalação de uma unidade física da PM como única alternativa para a resolução da segurança de uma localidade.
A PMES estuda, sim, viabilizar essa instalação, mas dentro do processo metodológico de implantação do Policiamento Comunitário na região.
– É sabido que a PM sozinha não poderá satisfazer aos anseios dos moradores da região, que sofre com vários problemas: casas abandonadas que servem de esconderijos para traficantes; iluminação precária nas ruas, becos e escadarias; e praças abandonadas. A PM vai pedir apoio à Prefeitura de Vitória para que a Guarda Municipal também atue na região para tornar o ambiente mais seguro?– Sem sombra de dúvidas. É um objetivo difícil de ser alcançado se não obtivermos todo o poder público engajado num único propósito: o de restabelecer a paz e a tranquilidade pública à maioria absoluta dos moradores de bem daquela região.