A decisão do procurador de Justiça Fábio Vello Corrêa de ir, pessoalmente, ao ex-governador Paulo Hartung (PMDB) apresentar sua candidatura à chefia da Procuradoria Geral de Justiça do Espírito Santo está causando mal estar no Ministério Público Estadual, no Palácio Anchieta e nos órgãos de segurança pública capixabas.
Dizem especialistas que, no mínimo, faltou sensibilidade ao procurador Fábio Vello, que em muito contribuiu para o combate ao crime organizado no Estado. Causou mal estar porque, o que mais se comenta nos bastidores do Ministério Público e nos órgãos de segurança pública do Estado é que, desta vez, a Procuradoria Geral de Justiça poderá ter como chefe um profissional que não tenha, obrigatoriamente, que pedir bênção ao chefe do Palácio Anchieta.
Todos os últimos nomes que passaram pelo comando do Ministério Público Estadual ao longo dos últimos oitos anos tiveram que bater continência para Paulo Hartung.
O novo governador, Renato Casagrande, que acena ser muito mais democrático, tem, em sua proposta, deixar as instituições agirem de acordo com o que determinam as leis. Sendo assim, Casagrande jamais influenciaria na eleição de um membro do Tribunal de Justiça e do Ministério Público, embora, no caso deste último, seja ele quem terá de escolher, numa lista tríplice, quem vai suceder o atual chefe, Fernando Zardini, um hartunguista de primeira linha.
Faltou habilidade de FábioVello porque foi até Paulo Hartung justamente no momento em que o verdadeiro governador do Estado, Renato Casagrande, tirou uns dias para descansar. Faltou sensibilidade política a Fábio Vello, dizem especialistas em eleição no MP, porque normalmente os candidatos deixam para visitar justamente o governador de fato somente depois que a lista tríplice é conhecida.
Faltou humildade a Fábio Vello porque, agora, o governador do Estado é Renato Casagrande e não Paulo Hartung, que, sem mandato, não pode mais influenciar na eleição do Ministério Público.
Até agora, os nomes que se inscreveram para disputar a eleição são os procuradores de Justiça Fábio Vello e José Cláudio Rodrigues Pimenta e os promotores de Justiça Jean Claude Gomes de Oliveira, Dilton Depes Tallon Netto, Jefferson Valente Muniz e Emmanuel Arcanjo de Souza Gagno.
E mais: um dia a História vai revelar quem de fato combateu o crime organizado no Estado. Uma coisa é acabar com seus adversários políticos; outra, é combater o verdadeiro crime organizado.