A Justiça decretou a prisão preventiva do ex-comandante do 14º Batalhão da Polícia Militar do Espírito Santo (Ibatiba), tenente-coronel Welinton Virgínio Pereira, e de mais cinco militares – inclusive um capitão – que trabalhavam sob seu comando na unidade. Todos já se encontravam presos na carceragem do Quartel do Comando Geral da PM, em Vitória, com decretação de prisão temporária de cinco dias.
Segundo o Grupo Especial de Trabalho Investigativo (Geti) do Ministério Público Estadual, o tenente-coronel Wellington e seus subordinados são acusados de dar proteção ao empresário do ramo de café Eduardo Gomes de Matos, 54 anos, que foi preso em flagrante durante uma ação do Geti e da Polícia Civil, no dia 23 de novembro deste ano.
Na casa dele, foram apreendidas 15 armas e R$ 220 mil em dinheiro. Segundo o Geti e a Polícia Civil, Eduardo é suspeito de crimes como agiotagem e pistolagem na Região do Caparaó. Ele foi preso em Iúna, município vizinho a Ibatiba,
A pedido dos promotores de Justiça do Geti, a juíza de Iúna, Eliana Ferrari Siviero, decretou a prisão preventiva do tenente-coronel Wellington, do capitão Jorcelino Gonçalves Pereira e dos policiais militares Hamilton Mello de Souza, Vinícius Rosa de Almeida, Sandro Magueno Viana e Hudson Ramos da Cunha. Também foi decretada a prisão preventiva do ex-PM Souza, irmão de Hamilton. Souza foi expulso da PM pela acusação de estuprar uma menina de 12 anos. Já cumpriu pena e estava solto.
No dia 15 de dezembro, atendendo pedido do próprio Ministério Público, a juíza Eliana Sibiero já havia determinado a soltura de outros dois PMs presos juntamente como tenente-coronel Wellinton, em 30 de novembro: o sargento Omar Grypp de Souza e o soldado José Carlos Mendes Rodrigues.
O Geti concluiu que não havia motivo para a manutenção da prisão dos dois militares. A prisão deles teria sido ilegal, segundo seus advogados. Fato que teria sido reconhecido pelo Geti.
A prisão do tenente-coronel Wellington, que atuava há pelo menos 23 anos na Região do Caparaó, e de seus subordinados provocou uma série de protestos dentro da Polícia Militar.
Seu comandante geral, coronel Ronalt Willian, chegou a escrever uma carta ao governador Renato Casagrande, à Procuradoria Geral do Estado, à Procuradoria Geral de Justiça é à Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social pedindo esclarecimentos sobre os motivos da prisão e ponderando que, por força de lei, somente integrantes da Corregedoria Geral da PM podem efetuar a prisão de oficiais.
A prisão do grupo em Iúna, no dia 30 de novembro, foi feita por delegados da Polícia Civil, em conjunto com promotores de Justiça. O corregedor geral da PM, coronel Carlos Alberto Liberato, acompanhou a operação.
O comandante Willian, entretanto, ainda não recebeu qualquer resposta do governo. O Ministério Público, porém, já prestou seus esclarecimentos. Há duas semanas, um promotor de Justiça do Geti foi ao QCG, onde, por várias horas, se reuniu com o comandante Willian, coronéis do Alto Comando e vários tenentes-coronéis, que são comandantes de Batalhões.
O promotor de Justiça deu todas as explicações sobre as denúncias que pairam sobre o tenente-coronel Wellington e seus subordinados e teria reconhecido que houve falhas de procedimentos na operação, mas nada que prejudique as investigações.
Alguns oficiais que ouviram as explicações do promotor de Justiça teriam saído da reunião convencidos de que as investigações contra os militares que se encontram presos estão no caminho certo. Outros oficiais, entretanto, deixaram a reunião sem o mesmo convencimento:
“Apesar da fala importante do promotor de Justiça, ele não apresentou qualquer prova concreta contra o coronel Wellinton. Foi tudo na base do discurso. Por isso, continuo afirmando que a prisão do coronel Wellinton é injusta, prematura, ilegal e sem qualquer fundamentação jurídica”, rebateu um outro coronel que participou da reunião.
Os oficiais tomaram conhecimento que houve vazamento na operação. A partir das 19 horas do dia 29 de novembro – véspera da operação que culminou na prisão do tenente-coronel Wellington e seus subordinados –, os telefones dos policiais alvo da prisão já estavam todos mudos. O Ministério Público, por ordem da Justiça, já havia grampeado os telefones dos acusados meses antes da operação.
O Ministério Público, por meio do Geti, apura indícios sobre o vazamento. Caso fiquem constatadas irregularidades, serão tomadas as medidas legais cabíveis.