Faltou, no mínimo, um pouco mais de zelo por parte dos responsáveis pela divulgação dos nomes dos candidatos classificados no processo seletivo simplificado para designação temporária de agentes penitenciários da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). A lista com os classificados no concurso traz até o nome do homem que confessou ter matado o juiz Alexandre Martins de Castro Filho, Odessi Martins da Silva Júnior, o Lombrigão, que está preso.
Na lista dos classificados no processo seletivo simplificado, divulgada nesta terça-feira (29/11), traz outros absurdos, como o candidato classificado em 3º lugar, que é o próprio o nome do secretário de Justiça do Estado, Ângelo Roncalli. Em 9º vem Ricardo Cruz Macedo, que foi preso em 2008 após aplicar vários golpes no Estado; e, em 16º lugar, surge Lombrigão. Mais de 15 mil pessoas se inscreveram no processo seletivo.
Em entrevista ao programa Balanço Geral, da TV Vitória, Ângelo Roncalli – ele garantiu que não vai cancelar o processo seletivo – disse que houve um crime cometido por golpistas que conseguiram ter acesso ao CPF dele e de outras pessoas.
Detalhe: até o nome do apresentador do Balanço Geral, (José) Amaro Neto, aparece na lista como um dos classificados. Ele ocupava a 19ª colocação. A listagem, postada na manhã desta terça-feira (29/11) no site da Sejus, já foi retirada do ar.
“Na realidade, ocorreu um crime. Vamos pedir para a Polícia Civil fazer uma investigação rigorosa para alcançar o autor dessa brincadeira. Eu não fiz nenhuma inscrição e o processo seletivo é feito pela internet. O método é muito seguro. Nele, todas as pessoas se inscrevem e, depois, dentro do número de vagas, são chamados para comprovar a documentação em função da informação que deram. No meu caso existem inclusive informações erradas. Não houve a minha inscrição e nem a de outras pessoas citadas. Se os criminosos forem alcançados, responderão criminalmente. Isso já aconteceu em outros processos seletivos, mas não vamos mudar o método porque ele é bastante seguro. O fato de alguém brincar durante a inscrição não altera porque essa pessoa terá que comprovar isso depois”, explicou o secretário.
Uma pergunta: será que na Sejus não tem um servidor para revisar a lista com os nomes dos classificados antes de sua divulgação? Será que ninguém viu, antes de postar a lista no site da Sejus, que o nome do secretário Ângelo Roncali era logo o terceiro? E se alguém quisesse escrever um palavrão entre os nomes das pessoas classificadas?
Repetindo: no mínimo, faltou zelo da Sejus com seu próprio concurso.
No início da noite desta terça-feira., a Sejus divugou nota oficial sobre o episódio, reafirmando que nenhum dos mais de 15 mil candidatos ao procsso seletivo será prejudicado e que a Polícia Civil vai investigar a fraude.
Nota de Esclarecimento
“A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) esclarece que o Processo Seletivo Simplificado para Contratação Temporária de Agentes Penitenciários, regido pelo edital nº 04/2011, teve o procedimento de inscrição e qualificação de candidatos de forma eletrônica e impessoal e estava aberto a todos os interessados conforme determina a Constituição Federal.
De forma criminosa, foram realizadas inscrições fraudulentas como o nome de pessoas públicas e também de detentos, com o objetivo de tumultuar o processo.
Nenhum prejuízo será causado aos candidatos, pois, após a fase de inscrição e qualificação os classificados dentro do limite de vagas serão convocados para a apresentação da documentação comprobatória dos dados informados na inscrição eletrônica.
Além da etapa de convocação de dados e documentos, os classificados passarão pelo processo de investigação social, como previsto no edital.
Somente após as duas fases citadas os aprovados serão convocados para a assinatura de contratos. Para que não haja dúvidas, a Secretaria manterá a listagem já divulgada em seu site.
Por último, a Sejus informa que já solicitou à Polícia Civil a abertura de inquérito policial para apurar o fato e identificar os responsáveis pela fraude.
Vitória-ES, 29 de novembro de 2011
Ângelo Roncalli de Ramos Barros
Secretário de Estado da Justiça”